Posição do PT em relação ao relatório da comissão depende de negociações com Serraglio, afirma Ideli



O deputado Maurício Rands (PT-PE) é o representante destacado pelo PT para negociar com o relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), modificações no texto final do relatório sobre as investigações realizadas pela comissão. Em entrevista coletiva, a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), informou que os dois estavam reunidos na manhã desta segunda-feira (3) e salientou que os resultados desses entendimentos vão orientar as novas decisões do partido, que desaprova aspectos fundamentais do relatório.

Ideli reafirmou que o partido continua decidido em relação à necessidade de se retirarem do texto todos os pedidos de indiciamento que estejam baseados em provas consideradas insuficientes ou não-conclusivas pelos parlamentares do PT. No relatório, Serraglio propõe o indiciamento de mais de 100 pessoas, entre as quais o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, pelo crime de corrupção ativa.

- Indiciamento, só com prova colhida e contundente - resumiu Ideli.

A líder petista negou na entrevista que seu partido já tenha tomado a decisão de apresentar um relatório paralelo ao de Serraglio. Ela disse acreditar que as alterações ainda podem ser feitas de comum acordo com o relator. Além disso, observou que há como encaminhar as mudanças por meio de voto em separado, reunindo apoio para garantir a aprovação dessas modificações. A votação do relatório está prevista para esta terça-feira (4).

Outro ponto também questionado pelo PT é a caracterização, no texto, da figura do "mensalão" - o pagamento de parlamentares para votar com o governo em matérias de seu interesse ou trocar de legenda a fim de aumentar a base governista.Para Ideli, não há prova de que tal prática tenha ocorrido.

- Houve, sim, pagamentos ilegais, indevidos e ilícitos, mas não há prova de que tenha sido para a compra de votos e para troca de partidos - refutou.

O PT criou uma comissão, que se reuniu, também na manhã de hoje, para analisar o que seriam as "inconsistências" no relatório. Segundo Ideli, foram confrontados os resultados das votações em períodos em que o Congresso analisou matérias de interesse do governo com um período muito maior. Essa análise, segundo ela, mostrou que não existiram variações importantes que sustentem a tese do mensalão, ou seja, não houve variação nos votos dos parlamentares nos períodos em que houve o repasse de verbas.Com relação à troca de partidos, a parlamentar ressaltou que as migrações foram, inclusive, mais intensas durante o primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Ideli falou à imprensa no gabinete da liderança do PT no Senado, ao lado de outros parlamentares que se ocuparam do exame do relatório. Em vários momentos, ela reafirmou a defesa do ponto de vista de que todos os aspectos do texto que se refiram a fatos sem investigação exaustiva e prova contundente devem apenas ser encaminhados para exame aprofundado dos órgãos competentes.



03/04/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Serraglio diz que é inflexível em relação ao mensalão

Votação de MPs que trancam pauta ainda depende de negociações

Renan diz que liberação da pauta depende de negociações políticas

Heráclito critica ressalvas do PT ao relatório Serraglio

Relatório de Serraglio é aprovado em reunião tumultuada

Agripino diz que relatório de Serraglio "fala a verdade"