Praça das Bandeiras, parada obrigatória no Senado
Um beijo na bandeira de Alagoas e o sorriso para a foto. O civismo de Fernanda Oliveira é de alguém que morre de saudade das praias, das areias e do sol de Maceió. Morando na Bélgica e em visita a Brasília, a alagoana se derrete ao falar da terra natal.
– Dou um beijo na bandeira pela saudade de tudo em Alagoas, da minha família e amigos, do meu povo, da praia. Apesar de ser um estado pequeno, é emocionante ver que faz parte de um Brasil imenso, com tantas outras bandeiras e outros lugares.
Pequeno também é o Sergipe da aposentada Aparecida Gama de Sousa, cuja bandeira ela estica com orgulho para a foto feita por celular.
- Sergipe fica em pé de igualdade com outros estados maiores, porque as bandeiras ficam juntas e iguais. O que deixa a gente feliz é saber que tanto meu estado quanto São Paulo, por exemplo, têm três senadores cada um.
A cena da foto com a mão na bandeira do estado se repete na Praça das Bandeiras do Senado todos os dias, a cada meia hora. Nas visitas guiadas, há brasileiros de toda parte do país, e os olhos passam rapidamente pelas 27 bandeiras à procura daquela que representa a casa de cada um.
Os visitantes ficam um pouco acanhados de exibir tamanho civismo. Mas o gelo é quebrado assim que o primeiro toca sua bandeira. Começa, assim, a disputa pela melhor imagem de recordação do Senado.
– A de Minas Gerais é inconfundível – diz a administradora Francielle Monteiro, de Barbacena.
O triângulo vermelho cercado com a frase em latim Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade, ainda que tardia), carrega a história da Inconfidência Mineira, episódio no qual um grupo liderado pelo alferes e dentista Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, revoltou-se contra a alta cobrança de impostos da Coroa Portuguesa e planejou, sem sucesso, a independência do Brasil, em 1789.
Também carregada de significado histórico é a bandeira da Paraíba, que tem a palavra “Nego” escrita num fundo vermelho com borda preta. Os guias turísticos informam que a pergunta sobre o significado da inscrição é recorrente. Eles respondem: o vermelho representa o sangue e o preto, o luto pela morte do governador João Pessoa. “Nego”, do verbo negar, representa a objeção de Pessoa ao sucessor do presidente Washington Luiz e à alternância de São Paulo e Minas no poder conhecida como "política café-com-leite". O assassinato de João Pessoa, em 1930, gerou uma crise que colocou fim à República Velha.
Estágio
Idosos têm em geral grande interesse nas aulas de história dadas na Praça das Bandeiras e no 'túnel do tempo' a cada meia hora. As crianças também estão entre os mais atentos, mas às vezes se perdem na hora de encontrar a bandeira do estado de onde vêm. Por isso, são instruídas a olhar para a base dos mastros e saciar sua curiosidade.
No período da tarde, os guias Nathalia, Camila, Vinícius, Heitor, Victor, Natalia Rodrigues e Matheus – todos estagiários das faculdades de História e Turismo – gostam de receber grupos grandes de alunos de escolas fundamentais.
– Muitos perguntam se a presidente Dilma ou o ministro Joaquim Barbosa vêm trabalhar no Congresso – conta Camila Picelli.
Perguntas assim dão aos guias a oportunidade de explicar que o Brasil tem três poderes independentes entre si: o Legislativo, representado pelo Congresso, o Executivo e o Judiciário.
Portas abertas
Na opinião de Aguirre Estorílio, coordenador de Visitação Institucional do Senado, manter as portas abertas para a população é obrigação do parlamento.
- Seria muito bom que cada brasileiro pudesse vir, pelo menos uma vez na vida, ao Congresso Nacional.
E, claro, tirar uma foto com a sua bandeira. As mais procuradas e tocadas, segundo ele, são as de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, Paraná, Bahia e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. O constante manuseio acaba sujando um pouco os tecidos, mas nada que não possa ser remediado: a cada seis meses, as bandeiras são retiradas, lavadas e recolocadas em tempo recorde.
- E tem de colocar certo, porque certa vez colocamos uma na posição errada e num dos primeiros grupos o equívoco foi notado por um cidadão atento. Aí foi uma correria para recolocá-la no lugar – relembra Aguirre.
Visitas
O programa de visitas ao Palácio do Congresso funciona todos os dias, inclusive aos feriados, das 9h30 às 17h, com saídas de grupos a cada 30 minutos, a partir do Salão Negro. O agendamento, entretanto, é apenas para visitas de segunda a sexta.
No Senado, a visita ampla é realizada aos fins de semana, segundas e sextas-feiras. Na quinta-feira, a visita é limitada a alguns locais apenas. Às terças e quartas, apenas grupos agendados podem fazer a visita.
Estrangeiros que falam inglês, francês ou espanhol podem ser assistidos na visita guiada em sua língua nativa. Além disso, o Senado tem estrutura para receber pessoas com necessidades especiais de locomoção.
Para agendar visita: http://www2.congressonacional.leg.br/visite/agendamento
E para quem não pode vir a Brasília, é possível fazer a visitação virtual.
14/03/2014
Agência Senado
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