PRATICAR OS DIREITOS HUMANOS É SEGUIR OS PASSOS DE DOM PAULO ARNS, DIZ SIMON



Os direitos da pessoa humana ainda são um sonho, "quase uma prece", mas o fato de estarem definidos numa Declaração permite que se lute por eles, seguindo os passos de Dom Paulo Evaristo Arns, cuja prática diária é a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos. Foi o que afirmou nesta quinta-feira (dia 10) o senador Pedro Simon (PMDB-RS).Para Simon, o Senado teve a honra de também poder comemorar os 50 anos da Declaração "na presença viva de um ser humano que nos inspira a prática de todos os preceitos formulados pela ONU", referindo-se à missa de confraternização de Natal do Senado celebrada por Dom Paulo no Salão Negro do Congresso Nacional.Desde 1948, a humanidade assistiu a profundas transformações tecnológicas, mas "o mundo das viagens espaciais, da fibra ótica e da Internet é o mesmo mundo da Bósnia, de Angola e de Kosovo", lamentou Simon. Em contraponto à Declaração, acrescentou, o mundo dos negócios prepara um Acordo Multilateral de Investimentos para garantir os lucros dos especuladores às custas de maiores índices de analfabetismo, sofrimento e miséria.- Homenagear a Declaração Universal dos Direitos Humanos e se omitir quanto aos termos do Acordo Multilateral de Investimentos são atitudes incompatíveis - afirmou.À Declaração e aos direitos à liberdade, à igualdade, à educação e ao trabalho, sem qualquer discriminação de raça, sexo, cor, língua, religião ou opinião, o mundo de hoje contrapõe 18 milhões de refugiados, dos quais 12 milhões deixaram seus países de origem e 6 milhões são os chamados "deslocados internos", cidadãos que se escondem por motivos étnicos, religiosos ou políticos, observou o senador. Além disso, continuou Simon, "as mulheres representam 70% de todos os miseráveis do planeta, as cadeias mais se parecem guetos de maioria negra, as populações indígenas são confinadas, sujeitas a todo tipo de epidemias e a todos os tipos de discriminação". Até o ano 2000, acrescentou o senador, 24 milhões de crianças morrerão antes dos cinco anos de idade, mais da metade por problemas decorrentes da desnutrição, e boa parte das sobreviventes não terão acesso à educação.Frente à essa realidade, na opinião do senador, é preciso, como Dom Paulo Evaristo Arns, não se refugiar no discurso solene. Ao contrário, cabe a cada um fazer "de sua vida um discurso e uma prática que incomodam, sempre instigantes de possibilidades novas".

10/12/1998

Agência Senado


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