Prefeitos preocupados com a origem dos recursos para a Uergs
Apesar da garantia dada pelo Governo do Estado de que o Vale dos Sinos será uma das regiões beneficiadas pela Universidade Estadual (Uergs), os prefeitos presentes a audiência pública do Fórum Democrático, realizada na manhã desta quinta-feira, em Novo Hamburgo, manifestaram suas preocupações quanto a origem dos recursos para o funcionamento da nova universidade e os reflexos que ela trará ao ensino básico. O encontro realizado no auditório da Fevale reuniu mais de 600 pessoas, na sua imensa maioria ligadas à comunidade escolar.
Dizendo-se favorável a criação de Uergs o prefeito de Novo Hamburgo, José Airton dos Santos , entretanto, reclamou da falta de investimentos em educação para o Vale dos Sinos, “uma região que gera muito imposto e que não vem recebendo investimentos na mesma proporção”. Segundo ele, é inadmissível que quase no final do primeiro semestre ainda faltem professores em algumas escolas de 1º e 2º grau.
O prefeito de Igrejinha e presidente da Associação dos Municípios do Vale dos Sinos, Emir Girardi, por sua vez, reclamou da necessidade de solução do impasse envolvendo o transporte escolar. Para ele, os recursos da ordem de R$ 16 milhões, retirados do orçamento estadual para a realização dos estudos de implantação da Uergs, poderiam ser utilizados no transporte dos estudantes. “Hoje, quem está pagando são os municípios e que está sendo penalizado são os alunos que não podem contar com este benefício”.
O ex-reitor da Unijuí, Telmo Frantz, que realizou palestra crítica sobre o projeto de lei encaminhado pelo Governo estadual à Assembléia Legislativa, reivindicou uma maior participação da sociedade gaúcha na comissão técnica que irá estabelecer os estatutos da Uergs. “Não pode ser como está ocorrendo com a comissão de implantação da universidade, onde os seus integrantes representam apenas o Governo do Estado”.
O representante do Executivo estadual no encontro, José Clóvis de Azevedo, responsável pela coordenação da comissão de implantação da Uergs, em resposta ao que ouviu, considerou normal as críticas uma vez que, o projeto da universidade é realmente inovador. “Quando pensamos na universidade estadual estamos pensando também na educação básica”, afirmou, justificando que é nela que serão formados os recursos humanos utilizados no ensino fundamental e médio. E concluiu: “não estamos criando a Uergs para acabar com os excedentes e nem para resolver problemas de bolsas e Procred”.
Segundo Azevedo, a Uergs vem para dinamizar a pesquisa e tem como preocupação a seletividade social inexistente nas atuais instituições de ensino superior. “Estamos aceitando contribuições que tornem o projeto o mais conseqüente e com a maior profundidade possível, desde que isto não descaracterize o objetivo maior da proposta”.
Quanto a destinação de recursos ele disse que a Uergs não poderá estar engessa pelos limites orçamentários, devendo ser buscada novas fontes de investimentos. José Clóvis de Azevedo enfatizou que o projeto da Uergs, pela sua importância, não pode ser confundido com situações imediatas, “seja de que ordem for, mesmo se tratando do transporte escolar, crédito educativo, ou outra qualquer”.
Finalizando sua manifestação, Azevedo anunciou que uma das principais reivindicações das audiências do Fórum Democrático já foi aceita pela comissão que preside. Trata-se da escolha do reitor da Uergs mediante eleição direta. Da mesma forma disse da disposição do Governo de partilhar a busca de uma solução que permita dar uma seletividade ao ingresso dos estudantes carentes à Uergs, onde seja considerada não somente a competência intelectual do candidato, mas também sua condição sócio-econômica.
Participaram da décima terceira audiência do Fórum Democrático os deputados Onyx Lorenzoni (PFL), Maria do Rosário (PT), Jair Foscarini (PMDB), João Fischer (PPB), Edson Portilho (PT), Iara Wortmann (PMDB), Ronaldo Zulke (PT), Paulo Azeredo (PDT), Bernardo de Souza (PPS), Jussara Cony (PCdoB), Jorge Gobbi (PSDB).
05/10/2001
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