Presidente da Fiesp diz que Brasil não pode ser subalterno nas negociações para implantação da Alca



Durante audiência pública promovida na noite desta quarta-feira (17) pelas comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, opinou que o Brasil deve ser ativo e não subalterno nas discussões para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Lafer Piva disse que o poder de barganha do Brasil precisa ser melhor usado e que o país não pode se comportar de maneira ingênua. "Quem já negociou com os Estados Unidos sabe o tamanho do nosso desafio", afirmou. Ele lembrou que o Produto Interno Bruto (PIB) americano é 15 vezes maior que o brasileiro, e que o faturamento das três maiores empresas dos EUA supera em 20% o PIB brasileiro.

No entendimento do presidente da Fiesp, o governo brasileiro vem mantendo, nos últimos anos, uma visão excessivamente financeira. Ele entende que o país deve se preocupar mais com o lado comercial e definir uma política que permita às empresas nacionais aumentar seu poder de competitividade. "A questão financeira é um meio, e não o fim", explicou.

CUT
Também participando da audiência pública da CRE e da CAE, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, revelou que a principal preocupação da classe trabalhadora com a implantação da Alca é o aumento do desemprego no Brasil. Ele explicou que, com a queda das tarifas alfandegárias, existe o risco de multinacionais americanas deixarem de produzir em território brasileiro para passar a exportar seus produtos fabricados nos próprios Estados Unidos.

João Felício defendeu a necessidade do Brasil desenvolver seu parque industrial antes de entrar na Alca. Ele explicou que a CUT defende uma reforma tributária para desonerar a produção, sobretudo das pequenas e médias empresas. Para o sindicalista, o ingresso do país na Área de Livre Comércio sem uma preparação antecipada seria uma disputa desleal, "de quem já entra no ringue para perder".

Além de sugerir um maior envolvimento do Congresso Nacional nos debates para a implantação da Alca, João Felício propôs uma consulta à população sobre o assunto. "Os países europeus, antes de optar pelo Euro, fizeram um grande debate e consultaram a população para saber se ela queria ou não optar pela moeda única", lembrou.

CAE
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realiza, nesta quinta-feira (18), às 9h, outra audiência pública para debater a política de exportações brasileira. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, debate com os senadores a política brasileira de incentivo às importações.

17/10/2001

Agência Senado


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