CAE vai acompanhar negociações da ALCA
O encontro, proposto pelos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Jefferson Péres (PDT-AM) e Paulo Hartung (PPS-ES), deve reunir empresários, trabalhadores, acadêmicos e o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, além de outros representantes do Itamaraty. Segundo Hartung, que foi relator da proposta de Alcântara, o debate deve abordar as vantagens e desvantagens da adesão do Brasil à Alca, analisando os setores da economia que podem ter melhor acesso aos mercados da região e aqueles que poderiam ser prejudicados.
- Essa análise precisa ser feita: vamos acessar novos mercados ou simplesmente suprimir barreiras alfandegárias? Precisamos colocar todos os fatores numa balança para ver se há vantagens, mas essa questão não pode ser tratada com preconceito. A cautela e a defesa da soberania nacional devem dirigir a discussão - afirma Hartung, acreditando que o debate vai explicitar a necessidade de revisão do sistema tributário, das políticas industrial e de comércio exterior nacionais para se criar uma agenda que pense o futuro do Brasil.
Segundo Alcântara, a negociação sobre a ALCA não pode ficar restrita ao governo ou ao Itamaraty e, por isso, busca trazer a discussão para dentro do Congresso, sinalizando para o Ministério das Relações Exteriores os limites que essa negociação deve seguir (veja quadro). O presidente da CAE acredita que a ampliação do mercado norte-americano para produtos brasileiros é uma pré-condição para que o país participe da ALCA.
Alcântara lembrou que, em recente visita ao Canadá, o presidente Fernando Henrique destacou que, sem mudanças do gênero, fica difícil para o Brasil entrar na ALCA, porque significaria apenas a abertura do mercado brasileiro aos produtos americanos, sem que haja uma contrapartida.
- O Brasil não pode virar as costas para a ALCA, pois corre o risco de ficar isolado, mas precisa pressionar por mudanças. O Brasil precisa preparar-se para o processo de negociação, que talvez seja o de maior importância desde a consolidação de suas fronteiras, devido aos impactos que essa mudança produzirá na nossa estrutura produtiva interna e em face da grande assimetria dos países - observou.
10/08/2001
Agência Senado
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