PRESIDENTE DA PETROBRAS DIZ QUE VENDA DE AÇÕES NÃO AMEAÇAM CONTROLE DA EMPRESA



O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, negou, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos, que a venda de ações ordinárias da empresa represente risco de perda do controle acionário da Petrobras. Ele explicou que o governo vai disponibilizar apenas as ações consideradas excedentes ao percentual que a União precisa deter para manter o controle empresa.
Reichstul disse ainda que o momento é oportuno para a venda das ações pois a Petrobrás alcançou, recentemente, uma significativa valorização - a empresa valia RS$ 10 bilhões há dois anos e hoje está avaliada em R$ 45 bilhões. O presidente da Petrobras acrescentou que a venda irá aumentar a base de acionistas e também as possibilidades de financiamentos futuros para a empresa.
Os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR), Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e José Eduardo Dutra (PT-SE), presentes à reunião, discordaram das argumentações de Reichstul. Os três foram unânimes em afirmar que a medida poderá criar um precedente ou uma justificativa para o governo realizar a privatização da Petrobras em um momento posterior.
- Nós temos indícios de que o governo poderá, a partir dessa venda, argumentar no futuro que a privatização da empresa é inevitável em função das regras do sistema - observou Dutra.
Álvaro Dias disse que a informação do presidente sobre a empresa haver apresentado excelentes resultados é motivo suficiente para não vender nenhuma parte dela. Dias foi o autor de um dos requerimentos solicitando a presença de Reichstul à CAE e é também o autor de projeto que estabelece a proibição de venda das ações da empresa e ainda da privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. A reunião serviu para instruir os senadores sobre a matéria que entrará na pauta da comissão na semana que vem.
Já os senadores Romero Jucá (PSDB-RR), José Alencar (PMDB-MG) e Pedro Piva (PSDB-SP) manifestaram-se favoráveis à venda das ações. Jucá lembrou que os recursos provenientes da negociação (cerca de R$ 8 bilhões) serão aplicados em ações nas áreas sociais. José Alencar sugeriu que a venda seja feita sob o formato de ações preferenciais e Piva opinou pela utilização dos recursos em investimentos na própria empresa como forma de capitalizá-la.

10/05/2000

Agência Senado


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