Prévias é que vão definir candidato do PT gaúcho







Prévias é que vão definir candidato do PT gaúcho
Embora lideranças locais do partido admitam que “a idéia de consenso ainda existe, a realização das prévias é inevitável

O sonho do governador Olívio Dutra de ser o candidato de consenso do PT para disputar a eleição ao governo do Estado, em outubro, começa a ficar mais distante, com a decisão da Executiva Estadual do PT de realizar as prévias, "se houver candidaturas inscritas".

O secretário-geral do partido, Francisco Vicente, afirma que "a idéia de consenso ainda existe". Mas deixa transparecer que, após os anúncios das possíveis candidaturas de Olívio Dutra e do Prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, a disputa entre dois ou mais candidatos é praticamente inevitável.

Vicente critica o posicionamento do prefeito Tarso Genro, que vinculou sua candidatura ao Executivo gaúcho ao resultado de uma pesquisa eleitoral encomendada pelo partido. Vicente diz que "O PT nunca se pautou por pesquisas e a escolha final do candidato acontecerá por um conjunto de outros fatores”.

Tarso - Tarso Genro negou ontem que tenha desistido de concorrer às prévias do PT, em razão de o governador Olívio Dutra ter dito que pode concorrer à reeleição.

O prefeito salientou que “não declarei publicamente, até o momento, se sou ou não candidato. Apenas comentei os diversos apoios de segmentos petistas que venho recebendo para me candidatar”.

Pesquisa- O secretário-geral do PT do Rio Grande do Sul, Chico Vicente, informou que a pesquisa eleitoral encomendada ao Ibope terá seu resultado divulgado no próximo sábado, 19.

Ao todo, explica ele, 370 cidades serão pesquisadas e, dentro desse universo, mil gaúchos responderão à pergunta sobre em quem votarão para presidente da República, governador do Estado e senador. Vicente alerta que “a pesquisa é restrita ao partido e qualquer divulgação externa deverá ser respondida legalmente, conforme a Lei Eleitoral vigente para 2002”.


Cinco regiões dominam a Assembléia
Apenas cinco áreas do Estado concentram a base eleitoral de 60% dos deputados. Outros 40% estão divididos em 15 regiões

Cinco regiões do Rio Grande do Sul representam 60% da base eleitoral dos 55 deputados estaduais. Ou seja, 31 deles estão concentrados em apenas cinco regiões. Isso significa uma média de seis deputados por região.

Os outros 24 parlamentares, aproximadamente 40% do total, estão divididos em 15 regiões. Com uma média de 1,5 representante por área. As regiões Carbonífera, do Planalto Médio e dos Campos de Cima da Serra não possuem representantes no Parlamento gaúcho.

Na Assembléia Legislativa gaúcha estão representados nove partidos políticos, dos quais as maiores bancadas pertencem ao PT, PPB, PTB, PDT, PPS e PMDB. Metade dos deputados do PTB e PT tem sua base eleitoral na Grande Porto Alegre. Outros 50% estão espalhados pelo Estado, dividindo forças com o PPB e o PDT.

Mais votados - O Estado teve, na eleição de 1998 quando os atuais deputados foram eleitos, 5.823.357 votos válidos. Entre os atuais parlamentares, o que conquistou o maior número de eleitores foi o atual presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio Zambiasi, do PTB, eleito com 217.643 votos.

Dentro do quadro de representação regional, ele é uma exceção, já que sua base eleitoral espalha-se por todo o Estado. A segunda maior votação foi a da deputada Maria do Rosário, do PT, que conquistou 76.657 eleitores.

Em setembro do ano passado, o mapa partidário da Assembléia Legislativa foi alterado. Cindo deputados deixaram o PMDB e foram para o PPS, que passou a contar com seis representantes na sua bancada. Com isso, o PMDB baixou de 10 para cinco parlamentares.


Bancada do PPS de braços abertos para PDT
Para Cezar Busatto, a construção de centro-esquerda é necessária para chegar ao Piratini e dar sustentação à administração de quem for eleito.

A bancada do PPS na Assembléia Legislativa recebeu bem a notícia de uma possível coligação com o PDT. Bernardo de Souza, pré-candidato ao governo estadual pela sigla, destaca que "será algo muito bom para os dois lados e lembra que esse acerto vinha sendo trabalhado há bastante tempo e, agora, está se reconstruindo". Sobre a parceria em nível nacional, Bernardo considera fundamental o apoio pedetista à candidatura de Ciro Gomes, tanto no horário eleitoral gratuito, como nas propostas de esquerda.

O deputado Paulo Odone, que esteve reunido com o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, pouco antes de sair com um grupo de parlamentares do PMDB para o PPS, afirma que "a união vai ao encontro do objetivo do partido de ser uma alternativa de esquerda no Estado e no Brasil”. Segundo ele, “Brizola teve uma péssima experiência ao se coligar com o PT e teme novas uniões partidárias, mas o PPS mostrou que é diferente”.

O deputado estadual Berfran Rosado define essa união como “um avanço importante na política nacional”. Afirma que, “quando dois partidos coligam, não precisam ser iguais, mas estarem interligados por objetivos comuns, como o PPS e o PDT estão”. O seu colega de bancada Cezar Busatto diz que “isso significa a construção de uma união de centro-esquerda no País”.

Acrescenta que o partido sempre teve a preferência de alianças com o PTB e o PDT. “É algo necessário para ganharmos o governo e dar sustentação na sua administração”, comentou.

Mario Bernd espera que a união aconteça e sublinha que “é uma tríplice aliança entre o PPS, PDT e PTB”. Fechado o acordo, garante: “Esse casamento é excelente para todos nós”.

Entretanto, apesar de ter reiniciado seus contatos com Ciro Gomes, Leonel Brizola ainda continua fiel à candidatura de Itamar Franco (PMDB) à presidência da República. O pedetista afirmou que pretende procurar o governador de Minas Gerais, a quem quer consultar sobre disputa eleitoral.



Agora é para valer: Serra sai candidato amanhã
Tucanos confirmam lançamento oficial do candidato governista sem o presidente Fernando Henrique. Estratégia?

O lançamento oficial da pré-candidatura do ministro da Saúde, José Serra, à presidência da República será amanhã, em Brasília, e terá a presença do alto tucanato. A garantia é do presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP), que informou ainda ter mandado convite a toda a Executiva do partido e telefonado ontem para o governador do Ceará, Tasso Jereissati, para insistir na necessidade da presença dele no lançamento da candidatura. Mesmo assim, dentro do PSDB não há grande expectativa da vinda do governador. Outra ausência será a do presidente Fernando Henrique Cardoso, que está em viagem oficial ao Leste Europeu.

Equipe - Antes mesmo de formalizar a candidatura à presidência da República, o ministro José Serra já cuida da montagem do comitê de campanha. A coordenação, apostam dirigentes do PSDB, ficará por conta de um colegiado, que acomodará tucanos serristas e não-serristas. Com essa fórmula, Serra pretende consolidar a paz no PSDB - incluído aí o grupo de Tasso Jereissati. A pedido de Serra, o PSDB adiou para quinta-feira a solenidade de lançamento da candidatura, no Espaço Cultural da Câmara dos Deputados. O ex-senador José Richa (PR), um dos fundadores do partido e remanescente do núcleo Mário Covas, já foi convidado para fazer parte da coordenação.

O ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, que até pouco tempo trabalhava pela candidatura Tasso, também foi sondado. Diz que topa, se o convite for feito. O ministro da Educação e ex-presidenciável Paulo Renato Souza será convidado a colaborar no programa de governo. Em 1994, Paulo Renato coordenou essa área na campanha de FH. O presidente de Itaipu e e x-coordenador político da campanha de Fernando Henrique à reeleição, Euclides Scalco, também está entre os cotados para o colegiado. A coordenação compartilhada, observam colaboradores de Serra, objetiva acabar com o clima de desconfiança nos setores do PSDB que trabalharam contra a candidatura do ministro.

Discurso- O adiantamento por um dia da solenidade de lançamento da candidatura foi pedido pelo próprio Serra, que quer mais tempo para dirigir o discurso que fará.

Após o lançamento, o PSDB irá fazer reuniões partidárias em diversos estados. Não foi definido ainda o roteiro, mas o presidente José Aníbal acredita que o começo será no Rio, e outros estados serão escolhidos no decorrer das próximas semanas. O primeiro encontro deve ser no Rio de Janeiro e, segundo Aníbal, atende a um pedido do PSDB fluminense e coincide com a presença de Serra no estado para a inauguração da Rede de Hospitais Sara Kubitschek. O tucano pretende montar um grande comitê no Rio de Janeiro, além de um em Brasília e outro em Salvador. A Bahia é dominada pelo PFL do ex-senador ACM, que já anunciou que poderá apoiar Lula contra Serra, e acusa o ministro de não gostar do Nordeste.


Ordem é bombardear Roseana.
Na disputa pela Presidência, o alvo número um do ministro José Serra (Saúde) será mesmo Roseana Sarney (PFL). A prioridade: tentar atrair simpatizantes do PSDB que planejam votar na governadora do Maranhão. Na última pesquisa Datafolha, 34% dos eleitores tucanos mostraram intenção de votar nela para o Planalto.

O bombardeio a Roseana, porém deverá ser diferente do que tem sido feito pelos colaboradores mais próximos do ministro, que a chamam de despreparada. A avaliação é que esses ataques tornam Roseana vítima e transmitem a imagem de arrogância para o ministro, que já é famoso pelo mau gênio.

O alvo número dois do começo da campanha de Serra deverá ser o eleitorado do ex-tucano Ciro Gomes, presidenciável do PPS. O publicitário Nelson Biondi, cotado para fazer a campanha do ministro, avalia que o voto de Lula (PT) está cristalizado em 30%, e que isso deverá dar ao petista uma das vagas no segundo turno. Logo, a briga seria com Roseana e Ciro e, em menor grau, Anthony Garotinho (PSB), governador do Rio de Janeiro.


FHC acusa postos de tirar vantagem do preço novo
Para o presidente Fernando Henrique falta compreensão dos postos e dos governos estaduais para reduzir o preço do combustível e, por sua vez, os juros e a inflação.

O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem, na Rússia, a decisão de donos de postos de gasolina e de governadores estaduais de não reduzirem o preço da gasolina seguindo o percentual de 20% definido pelo governo federal. Segundo FHC, o momento é de baixar o preço da gasolina, "até porque baixando o preço, baixa a inflação; baixando a inflação, podem baixar os juros. Então é preciso que haja compreensão", afirmou.

Ele disse que a Petrobras vem entregando o produto com 25% a menos no custo e que, pelos cálculos do governo, isso permitiria baixar o preço da gasolina entre 19% e 21%. Na opinião de Fernando Henrique, alguns postos quiseram tirar vantagem da redução de preços.

Inflação - Para o economista do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Ademir Koucher a redução de 20% no preço da gasolina só traria reflexos na inflação a médio prazo. "O impacto da gasolina na inflação é pequeno. O que pode fazer diferença é o efeito cascata, ou seja, caindo o preço do combustível, cai o preço do frete e do produto lá na frente.”

No ano passado, os combustíveis aumentaram 4,49% no Brasil, enquanto a inflação foi de 7,76%. Segundo Koucher, o impacto do preço da gasolina na inflação do mês de dezembro medida pelo IBGE foi de 4,43%.

O economista não acreditou que os postos venham a baixar a gasolina em 20%. “As quedas de preço serão apenas conforme a concorrência”, afirma.

Infeliz- O ex-diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), David Zylbersztajn, também não aposta na redução. Para ele, o anúncio na redução no preço da gasolina foi de mau assessoramento. “Algum burocrata infeliz e irresponsável deu essa notícia para ele (Fernando Henrique), que entrou de boa-fé, porque não é um técnico”, comentou Zylbrsztajn.

Segundo ele, os reflexos da abertura no mercado de combustíveis são de média e longa maturação. “Quem mantiver uma margem exagerada de lucro simplesmente não vai vender. O mercado se encarregará de regular. Caberá aos órgãos do governo responsáveis pela ordem econômica garantir o mercado concorrencial”, diz ele.


Editorial

MONOPÓLIO E FLEXIBILIZAÇÃO

Durante décadas, ouviu-se o discurso de que a flexibilização do monopólio estatal significaria o fim da Petrobras. Pois o presidente Fernando Henrique Cardoso ousou promover a abertura da companhia de petróleo e o resultado vem surpreendendo os críticos.

Ela nunca produziu tanto e nem obteve tanto lucro como nos dois últimos anos. Os investimentos foram multiplicados, e a até pouco tempo utópica auto-suficiência já tem data marcada - 2005 -, o que significa também que o País ficará menos vulnerável às crises internacionais.

A última etapa das mudanças começou com a liberação total dos preços dos combustíveis no mercado interno. Nesse aspecto a sociedade está frustrada. Ela esperava que os preços caíssem 20%, como o governo federal anunciara, mas a redução foi, em média, de 9% no País. Os gaúchos tiveram a menor baixa no preço - 6,4%. Ainda não chegou ao bolso do consumidor a redução de 8% na base de cálculo do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) anunciada pela Secretaria da Fazenda do Estado.

Ainda é preciso considerar que a concorrência do setor está longe de ser perfeita. Em conseqüência do longo período de monopólio, boa parte da infra-estrutura de distribuição dos combustíveis depende da Petrobras. Para que efetivamente os preços internos dos derivados de petróleo sofram a concorrência dos produtos importados, os distribuidores terão investir em sua infra-estrutura.

A liberação dos preços no mercado interno é fundamental para viabilizar esses investimentos, mas o consumidor precisa ser protegido, e esse é o papel da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Se cada um fizer a sua parte, quem ganha é a sociedade.


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01/16/2002


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