Primeiro horário eleitoral dos presidenciáveis: Lula faz ato-sho
Primeiro horário eleitoral dos presidenciáveis: Lula faz ato-show e Serra exige debates
O primeiro programa eleitoral gratuito dos candidatos a presidente da República, ontem, mostrou duas formas distintas de apresentação. Lula fez um ato-show para exibir os seus novos aliados, Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS). Serra apareceu como se desse uma entrevista a um jornalista, apontando diferenças entre ele, Lula e Fernando Henrique Cardoso. O tucano exigiu que o seu oponente participe de vários debates políticos.
Lula abriu o programa eleitoral num grande auditório lotado de senadores, deputados estaduais e federais, lideranças do partido e representantes petistas gaúchos.
Ele fazia dois papéis: de candidato e apresentador do ato-show, anunciou o apoio de Anthony Garotinho (PSB), que pediu, por video-teipe, voto ao petista. A seguir, Lula chamou Ciro Gomes (PPS), que surgiu no palco de mãos dadas com o presidenciável e seu vice, José de Alencar. Ciro atacou o governo de Fernando Henrique Cardoso e também pediu votos para Lula.
Tarso e Rigotto se enfrentam no primeiro debate do segundo turno
Os dois candidatos ao Piratini, Germano Rigotto (PMDB) e Tarso Genro (PT) realizaram ontem o primeiro debate do segundo turno da eleição estadual, na Rede Bandeirantes. A apresentação de propostas, através de perguntas e respostas entre ambos, foi permeada de críticas e comparações do governo do PT (Olívio Dutra) e do PMDB (Antônio Britto).
Tarso, desde o início, traçou sua estratégia em identificar o candidato Rigotto com o ex-governador Britto e o governo federal e suas administrações. Já Rigotto preferiu contrapor dados de sua proposta de governo em relação ao que chamou de "ineficiência" da administração petista no Estado.
O Congresso Nacional: devagar, quase parando
O segundo semestre do ano legislativo ainda não começou e já está perto de acabar. O problema é que uma das prioridades dos parlamentares após o término do segundo turno terá pouco efeito para a vida da população. Os políticos estão interessados em mudar a data da posse dos eleitos, incluindo o Presidente da República, para o dia 6 de janeiro.
A única obrigação concreta do Congresso neste semestre é aprovar, até 31 de dezembro, o Orçamento Geral da União para 2003. Caso contrário, o próximo presidente assume o Planalto sem ter verbas aprovadas. "Está todo mundo esperando o resultado das eleições. Voltaremos aos trabalhos no início de novembro. Mas temos feriados em novembro, dia 2 (Finados) e 15 (Proclamação da República)", lembrou o líder do PFL na Câmara, Inocêncio de Oliveira (PE).
A eleição impediu a reunião dos parlamentares no Congresso. Desde agosto, o ritmo na Casa é lento. Imaginava-se que em outubro o trabalho pudesse ser mais ágil, mas em 13 Estados, além da disputa presidencial, haverá segundo turno para governador e a base política segue mobilizada nas campanhas.
A disputa presidencial envolve os governadores e parlamentares eleitos no dia 6 de outubro. Um exemplo é o líder do PSDB na Câmara, Jutahy júnior (BA), que, após conquistar a reeleição, assumiu o cargo de coordenador da campanha de José Serra. Dificilmente o tucano terá tempo para pensar nos projetos em andamento na Câmara dos Deputados. Os petistas José Dirceu (SP) e João Paulo (SP) continuam na campanha de Lula.
O deputado Inocêncio de Oliveira admite que será difícil a aprovação de qualquer projeto polêmico ou relevante antes do término dessa legislatura. Matérias importantes, como a proposta de emenda constitucional 192, que regulamenta o Sistema Financeiro Nacional, projetos e segurança, e outros que alteram a Contribuição sobre Domínio Econômico, estão na fila.
Além deles, quatro projetos com urgência constitucional mais de 30 medidas provisórias estão ameaçando trancar a pauta. Uma das MPs é a minirreforma tributária, que acaba com a cumulatividade do PIS/Cofins, prevista para perder a validade em 15 de dezembro. Ela foi editada porque os deputados não conseguiram aprovar em agosto, em virtude das eleições, a minirreforma tributária, cobrada pelo presidente Fernando Henrique.
Para tentar reverter o clima de marasmo parlamentar, o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), marcou, para hoje, uma reunião de líderes a fim de estabelecer a agenda de trabalho até o final do ano.
O argumento dos parlamentares é que a data 1º de janeiro impede a presença de autoridades internacionais e de parentes na posse. A nomeação concorre com as comemorações do Natal e do Ano Novo.
Além de garantir quórum para aprovar a mudança da data, os parlamentares precisam enfrentar a resistência do principal envolvido, o presidente FHC. Apesar de concordar que a data é inoportuna, ele não se sente à vontade para defender a mudança para o dia 6. “Fica parecendo que eu quero prorrogar o meu mandato. Se for para mudar, que antecipem”, sugeriu.
Novo governo terá de resolver armadilha tarifária
Será necessária muita agilidade por parte da equipe do próximo presidente da República para desarmar a armadilha tarifária do setor elétrico, que se transformou num dilema para a atual administração. Se inibe o repasse de custos das distribuidoras para as tarifas, causa um enorme problema de desequilíbrio nas contas das empresas, que já andam financeiramente abaladas, e ainda põe em risco a atração de novos investimentos. Por outro lado, se permite grandes altas nas tarifas, onera mais uma vez o consumidor, que vem pagando caro pela eletricidade que usa - desde 1997, a tarifa média residencial subiu 167%.
Mesmo elevando os juros, Banco Central não derruba o dólar
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu ontem, em reunião extraordinária, elevar a taxa básica de juros da economia brasileira (a Selic) em 3 pontos percentuais, de 18% para 21% ao ano, sem adotar qualquer tipo de viés (instrumento que permite ao BC realizar mudanças nesta taxa antes das reuniões ordinárias do Copom).
Na nota divulgada com a decisão, o Copom afirma: "O recente aumento dos preços e a piora das expectativas de inflação decorrentes principalmente da depreciação acentuada do câmbio levaram o Copom, em reunião extraordinária, a fixar a taxa Selie em 21% ao ano. A decisão foi por unanimidade."
A última vez que o Copom elevou os juros foi em junho de 2001. O último choque de juros aconteceu em março de 1999, quando a Selic passou de 25% para 45% ao ano.
Antes da reunião de ontem, o Copom já havia realizado apenas outros dois encontros extraordinários, em setembro de 1998, quando a Selic não foi alterada, e em outubro de 1997, com a taxa básica de juros passando de 20,7% para 43,4% ao ano. Esta foi a primeira reunião extra da gestão de Armínio Fraga.
A reunião ordinária do Copom está mantida, e irá acontecer nos próximos dias 22 e 23 de outubro (terça e quarta-feira da semana que vem).
A ata da reunião de ontem será divulgada na próxima semana, em data ainda a ser marcada. Os membros do Copom informaram que não deverá haver qualquer pronunciamento oficial neste primeiro momento.
Candidatos na TV
O s dois concorrentes ao cargo de governante do país aproveitaram seus programas eleitorais, no primeiro dia de horário político na televisão, para mostrar propostas de governo e garantir a vitória.
O candidato da coligação Lula Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, em meio ao grande show de apresentação dos apoios de Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS), falou muito no sentimento de mudança do povo brasileiro e teve ressonância em suas palavras nos depoimentos de Garotinho e Ciro Gomes.
Serra, na conversa com o jornalista que o entrevistou, ressaltou que “é muito importante comparar os projetos e as pessoas”, afi rmando, indiretamente, que é mais capacitado, para governar o Brasil, do que Lula. O tucano ressaltou sua atuação na área de saúde, onde disse que levou saneamento básico a “todos os lugarzinhos do país”.
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10/15/2002
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