Procon orienta consumidor sobre como sair do vermelho
A apresentação ocorre na sede do órgão, em SP, e em instituições públicas e privadas de todo o País
Pastora da Igreja Metodista no bairro de Santana, na capital, Cristina Antonia Ferreira da Silva, de 42 anos, buscava auxílio para questões imobiliárias no site da Fundação Procon-SP e se deparou com outro tópico que chamou a sua atenção: a palestra Saindo do Vermelho, ministrada pelo órgão de proteção e defesa do consumidor na sua sede, em São Paulo, e em instituições públicas e privadas em todo o Brasil. “O tema me interessou porque acho que é o problema de todo brasileiro”, observa Cristina.
O objetivo da palestra, que tem duração aproximada de 2 horas e 30 minutos, é dar subsídios e orientações ao consumidor, especialmente o endividado, para que reorganize as finanças e procure seu credor para propor meios de pagamento, esclarece Diógenes Donizete Silva, responsável pelos cursos e palestras do Procon-SP referentes a Economia Doméstica, Direito Bancário, Código de Defesa do Consumidor e outros temas, além do Saindo do Vermelho.
O técnico do Procon-SP adverte, porém, que não adianta procurar o credor sem ter meios de pagá-lo, pois não haverá acordo. Para isso, é necessária uma reserva financeira. “E só é possível obtê-la ajustando as contas, colocando na ponta do lápis quanto e para quem deve, e o montante da dívida.” Segundo ele, não é fácil nem há fórmulas mágicas para ficar livre do endividamento. “Mas é algo possível”, sustenta.
Uma das primeiras providências é a pessoa ou o casal relacionar as suas despesas, como luz, telefone, aluguel, combustível, padaria, TV a cabo e pagamento de juros. Com isso, dá para estimar os gastos mensais. Depois, é preciso conhecer as dívidas (com cheque especial, cartão de crédito, financiamentos, condomínio, lojas, entre outras). Também é importante avaliar a disponibilidade de recursos para pagamento dessas despesas e dívidas.
Cortar supérfluos – O Procon-SP recomenda que os interessados, ao buscarem reorganizar as finanças, comecem atacando as dívidas mais onerosas, e por isso mais perigosas, como o cheque especial, que cobra altos juros. Assim que possível, é indicado cancelar o cartão de crédito e o cheque especial. O órgão aconselha ainda as pessoas negociarem, o quanto antes, as dívidas.
Não é capaz de ficar sem TV a cabo e cabeleireiro? Nem abrir mão dos R$ 3,00 gastos diariamente com cerveja ou cafezinho? A sugestão é cortar supérfluos. Além disso, o ideal é reduzir em 20% o consumo de água, luz, lazer, telefone, entre outras. Os endividados devem aprender a cultivar bons hábitos, como pesquisar preços, evitar shopping centers (ou, caso seja impossível, não levar cartão de crédito) e sair de casa com o dinheiro contado.
A palestra do Procon-SP destaca ainda formas de prevenir o endividamento. Uma das dicas principais é ser crítico em relação a si mesmo e, sempre que possível, perguntar-se: “Estou comprando porque preciso ou porque quero?”. “Se a resposta é porque simplesmente deseja, isso deve ser controlado”, ensina Silva. Não gastar mais do que ganha é outra forma de não entrar no vermelho. A pessoa tem de estar atenta também para não emprestar seu nome a terceiros. “Parte dos que têm o nome na Serasa (empresa que fornece informações, por exemplo, sobre cheques sem fundo e dívidas) não comprou nada para si”, destaca.
Economia doméstica – A exposição não se limita, porém, a questões de endividamento. O participante tem, inicialmente, uma idéia do papel do Procon – órgão que atua como conciliador entre consumidor e fornecedor. A seguir, recebe breve explanação sobre direitos básicos do consumidor. Com relação a esse ponto, fica sabendo, por exemplo, sobre maneiras inadequadas (e sujeitas a autuações) de se ofertar um produto ou serviço – caso daqueles anúncios que destacam o valor da parcela, camuflando o total a ser pago. Além disso, é informado sobre práticas abusivas em relação a quem está inadimplente (ou seja, em dívida com determinada obrigação jurídica). Exemplo disso é expor publicamente o cheque da pessoa ou, no caso de estudantes, impedi-los de fazer prova.
A palestra traz ainda informações sobre como negociar as dívidas e resgatar um título, direitos do endividado e medidas que o credor pode ou não tomar. Alguns dos pontos abordados mantêm, inclusive, vínculo direto com outra palestra oferecida pelo Procon: Economia Doméstica. Segundo Silva, esse tipo de procedimento econômico é o passo inicial para a pessoa não chegar ao endividamento. “Sem orçamento doméstico, você não consegue sair do vermelho”, salienta.
A palestra gratuita é ministrada uma vez ao mês, somente na sede do Procon-SP (na Rua Barra Funda, 930 – Barra Funda – capital). As inscrições são feitas no site do órgão. Interessados em levá-la até as suas instituições podem entrar em contato pelo Procon. A palestra é cobrada para instituições privadas.
Aprendendo com os livros
A vendedora Nívea Maria Miranda, de 35 anos, atualmente afastada do trabalho por problemas de saúde, disse que sempre conviveu com endividamento. Há um ano, porém, constatou que, para reverter sua história, era preciso agir de modo diferente. “Se cheguei a uma situação de dívida ou de estar no vermelho é porque minhas atitudes estavam erradas. Então, comecei a pesquisar e ler muito sobre pessoas bem-sucedidas”, lembra. Com isso, ela afirma que passou a agir radicalmente diferente com suas contas.
Um dos autores que lhe trouxeram grandes ensinamentos sobre o tema foi T. Harv Eker. Segundo Nívea, ele propõe que a pessoa se informe e procure descobrir onde está o seu problema e, a partir daí, passe a colocar o aprendizado em prática. O curso do Procon-SP, de acordo com ela, foi um passo que deu em direção a essa prática.
Nívea, que é natural do Pará e mora na cidade de São Paulo, aponta a falta de administração financeira como o fato causador de suas dívidas. “As mentes milionárias dizem que, quando alguém tem problemas financeiros, é porque não foi ensinado, nem na escola, nem na faculdade. Fiz três anos de Letras e, em nenhum momento, tive aula de Educação ou Administração Financeira”, comenta.
Membros da igreja – Casada e com três filhos, a pastora Cristina Antonia Ferreira da Silva atribui o seu endividamento ao aumento dos custos e, por outro lado, aos salários que não os acompanham. “Se a pessoa tem salário estável, mas tudo à sua volta sobe, ela entra no vermelho para manter o mesmo padrão de vida”, argumenta.
Para Cristina, a palestra é interessante pelas dicas práticas que recebeu de como reduzir custos, administrar o orçamento, além do material que fornece. Ela fez o curso em maio, e disse que ainda não saiu do vermelho. “Mas estou mais ciente, prestando mais atenção e administrando melhor meu orçamento”, afirma. Agora, o seu objetivo é levar a palestra para membros da igreja e dos arredores.
A autônoma Rosilene Silva Carvalho Alves, também da capital, decidiu assistir à palestra para saber como lidar com orçamento doméstico e empresas de cobrança, tirando dúvidas sobre procedimentos corretos ou não. Casada e mãe de uma menina, disse que aprendeu com a exposição a cortar despesas, tentar negociar antes de ligarem cobrando e trocar uma dívida cara por outra mais barata.
SERVIÇO
Palestra Saindo do Vermelho
Inscrições para público em geral:
Site www.procon.sp.gov.br/cursos.asp
Inscrições para instituições:
Tel. (11) 3824-7108 ou pelo
E-mail [email protected]
Paulo Henrique Andrade, da Agência Imprensa Oficial
(M.C.)
08/28/2008
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