Produtores confirmam abuso econômico das indústrias e rapel dos supermercados
Segundo o produtor Daniel Monteiro, de Torres, a rede de supermercados Real exigiu certa quantidade de leite gratuito para comprar sua produção. "Não satisfeitos, eles ainda queriam nos pagar com vales", disse. Outros agricultores denunciaram que a Parmalat e Elegê praticam uma espécie de dumping inverso: elevam o preço pago ao agricultor por certo período para eliminar a concorrência das pequenas cooperativas. Depois, retornam ao antigo patamar. "Quando quis entregar leite para uma queijaria, a Parmalat chegou a me pagar R$ 0,26. Dali a algum, tempo, reduziram para R$ 0,17 de novo" revelou o produtor Oscar Bergossa, de Nova Araçá.
A CPI também colheu o depoimento do gerente-geral da Sancor do Brasil - cooperativa argentina com filiais no País - Sérgio Ranieri. Ele disse que o governo argentino não concede subsídios para a produção de leite local, e que a lei anti-dumping proíbe que o produto entre no Brasil por um preço mais baixo.
O presidente da CPI do Leite, deputado Vilson Covatti, adiantou que os deputados irão levar as denúncias dos produtores ao Fórum Nacional das CPIs do Leite, dia 10, em Belo Horizonte (MG). "O rapel e o abuso do poder econômico são questões de ordem nacional. Cabe ao Congresso e ao Cade tomarem conhecimento destas práticas e coibí-las", assinalou. O deputado acrescentou que a CPI não vem medindo esforços para encontrar os culpados pelos lucros excessivos na cadeia produtiva do leite.
12/06/2001
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