Programador disse que ficou "com muito medo" quando violação do painel foi divulgada
- Ele me telefonou e me procurou no Pátio Brasil e queria que eu entrasse no carro com ele e a mulher para conversarmos. Nessa hora eu fiquei com muito medo - narrou.
Gazola disse que só aceitou entrar no carro quando Ferreira tirou a chave da ignição e a entregou a ele. Na conversa, Regina Célia e seu marido pediram que ele mantivesse a "operação painel" sob sigilo. Gazola confirmou que foi procurado por volta de "uma ou duas horas da madrugada" do dia 28 de junho do ano passado por Hermilo Gomes da Nóbrega, funcionário do Senado que fazia contato quando o Prodasen queria alguma assistência técnica no sistema do painel. O programador trabalhara na feitura do sistema quando ele ainda estava sob responsabilidade do fabricante, a empresa gaúcha Kopp.
Gazola foi ao Prodasen e ouviu a versão de que era preciso alterar o sistema, para retirar uma lista em caso de pane durante a votação. Para ele, isso era normal, tendo em vista que o sistema costuma ter problemas durante as votações e, como se tratava de uma sessão secreta importante, entendeu a preocupação quanto à segurança. Gazola também garantiu aos senadores que a mudança que ele ajudou a fazer não permitia que alguém alterasse os votos dados pelos senadores ou que se mudasse o placar final.
Para os serviços de manutenção, inclusive o trabalho feito na madrugada do dia 28 de junho, Gazola recebeu R$ 1 mil, conforme o senador Antero de Barros (PSDB-MT). O programador confirmou e, por solicitação de Antero de Barros, disse que seu sigilo bancário estava à disposição dos senadores.
Gazola confirmou ainda que existe no programa de computador um "botão macetoso" (de macete), pelo qual o operador do sistema do painel registra a presença dos senadores - o que foi confirmado pelos peritos da Unicamp quando investigaram o painel. A senadora Marina Silva (PT-AC) protestou contra tal possibilidade, alegando que às vezes tem de viajar às pressas de Rio Branco para Brasília "só para registrar a presença e não perder o salário do dia, enquanto outros senadores têm a presença registrada, mesmo sem estar no Senado". O presidente do Conselho de Ética, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), endossou o protesto e disse que, entre outras coisas, a investigação levará à eliminação dessa alternativa.
24/04/2001
Agência Senado
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