Jader comunica ao plenário ter havido violação do painel



O presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), comunicou ao Plenário nesta terça-feira (17) que o painel eletrônico do Senado foi efetivamente violado no dia 28 de junho do ano passado, por ocasião da votação secreta que determinou a cassação do então senador Luiz Estevão. Segundo o presidente, essa foi a conclusão a que chegou a comissão de inquérito encarregada de investigar o assunto, formada por funcionários da Casa, depois de colher depoimentos e receber um laudo de especialistas da Universidade de Campinas (Unicamp).

Jader considerou "fato gravíssimo" que a apuração da violação no painel eletrônico feita por especialistas em informática tenha sido confirmada por depoimentos assinados de funcionários da Casa, como a ex-diretora do Prodasen, Regina Borges, e do operador da empresa mantenedora do painel. Eles confessaram ter confeccionado a lista de votação dos senadores. "Há senadores envolvidos também, cujos nomes não revelarei, por constrangimento", afirmou.

O presidente revelou ter sido informado na última segunda-feira (dia 16) das conclusões da comissão pelo primeiro-secretário da Casa, senador Carlos Wilson (PPS-PE), autoridade a quem está subordinada a investigação. "Imediatamente chamei o presidente da comissão, o consultor Dirceu Mattos, que me apresentou o relatório escrito dos peritos da Unicamp, comprovando a violação do painel no dia 28 de junho do ano passado, com continuidade até o dia 30", disse.

Jader Barbalho lamentou que o Senado estivesse vivenciando um episódio tão grave e garantiu que tomará todas as providências no sentido de apurar cabalmente a questão. Para ele, haverá conseqüências compatíveis com a gravidade da questão. "Estou mantendo contatos com a Advocacia da Casa para que não haja qualquer deslize regimental na condução das providências, mas vou levar a questão até o fim", declarou.

O presidente do Senado lembrou que, na ocasião da votação do pedido de cassação do então senador Luiz Estevão, ele era o líder do PMDB. "Nessa qualidade, fui procurado por ele e pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pedindo que fizesse gestões junto ao presidente da Casa, então o senador Antonio Carlos Magalhães, para que a votação secreta se desse pelo sistema tradicional (usando bolas brancas e pretas) ao invés do painel eletrônico", disse.

E prosseguiu: "Eu me recusei, por temor de que parecesse uma manobra protelatória do nosso partido, o PMDB. Na época, já havia boatos sobre a possibilidade de fraude da votação secreta, mas eu não tinha motivos para duvidar da inviolabilidade dos votos secretos registrados no painel eletrônico".

17/04/2001

Agência Senado


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