Projeto acaba com o sigilo indefinido de informações públicas
Os brasileiros poderão ter acesso a informações consideradas sigilosas, como as relativas a atos dos governos militares, caso os senadores aprovem proposta na pauta da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT). O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 41/10 reduz os prazos de sigilo de documentos e informações consideradas reservadas, secretas e ultrassecretas guardadas pelo Poder Público e estabelece procedimentos para acesso a esses dados por qualquer cidadão.
Os classificados como ultrassecretos permanecerão nessa condição por 25 anos, com a possibilidade de única prorrogação, por prazo determinado, não podendo a prorrogação exceder a 25 anos. O texto veda a prorrogação indefinida nos casos de documentos capazes de causar ameaça à soberania nacional. Os documentos secretos terão prazo de 15 anos de sigilo, e os reservados, de cinco anos.
Classificação
Uma comissão do governo se responsabilizará pela classificação dos documentos no prazo máximo de dois anos após a publicação da chamada Lei Geral de Acesso à Informação. Documentos não classificados nesse período serão automaticamente liberados.
O projeto obriga a autoridade máxima de cada órgão ou entidade a publicar na internet, anualmente, a relação de documentos classificados em cada grau de sigilo, bem como os que tenham sido desclassificados (ou seja, que tenham perdido a condição de reservados, secretos e ultrassecretos).
A cada quatro anos, uma comissão governamental deve fazer uma revisão de documentos classificados como secretos e ultrassecretos. A ausência dessa reavaliação nos prazos previstos implicará a desclassificação automática das informações neles contidas.
Direito
Em voto favorável à proposta, aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) afirma que o direito de o cidadão obter dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou coletivo deve ser regulamentado com a amplitude necessária para que tenha eficácia.
Em 23 de junho, a CCJ enviou à CCT o projeto, que deverá ser examinado também pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa. Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG) solicitaram, em requerimento a ser votado em Plenário, que a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) também se manifeste sobre a proposta.
Djalba Lima / Agência Senado
12/07/2010
Agência Senado
Artigos Relacionados
Senadores rejeitam sigilo indefinido de documentos
Senado rejeita sigilo de documentos por prazo indefinido
CRE examina regras para sigilo de informações públicas e indicações para embaixadas
CRE votará projeto sobre sigilo depois de receber informações do governo, diz Collor
Walter Pinheiro cobra aprovação de projeto que diminui sigilo de informações históricas
Projeto reduz prazos de sigilo de documentos e informações secretas do Poder Público