PROJETO CRIA SEMANA NACIONAL DE PREVENÇÃO AO CÂNCER DE PRÓSTATA



Está para ser votado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) projeto de lei da Câmara que cria a Semana Nacional de Combate e Prevenção ao Câncer de Próstata. Segundo dados de órgãos de saúde, a doença atinge um em cada 12 homens no país.O projeto é de autoria da deputada Telma de Souza (PT/SP) e tem parecer favorável do senador Lúcio Alcântara (PSDB/CE). De acordo com a proposta, a semana terá início anualmente a partir de 27 de novembro e acontecerá em todo o território nacional. A responsabilidade pela organização do evento será dos órgãos federais de saúde. Entre as atividades previstas para o evento estão campanhas institucionais nos meios de comunicação sobre formas de prevenir a doença; parcerias com secretarias estaduais e municipais de saúde e parcerias com universidades e sociedades civis. Se for aprovado pela CCJ, o projeto será examinado pela Comissão de Educação.Segundo o senador, a proposta visa chamar a atenção sobre uma doença que cada vez mais ataca os homens devido à pouca informação que existe sobre o assunto. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde, o câncer de próstata representa um sério problema de saúde pública no país, em função das altas taxas de incidência e mortalidade. A doença é a terceira mais comum em homens.Só no ano de 97, o Inca registrou a ocorrência de mais de 4 mil mortes por esse tipo de câncer. Para Lúcio Alcântara, o preconceito e o descaso ainda são os maiores obstáculos no combate ao câncer de próstata, retardando o diagnóstico e o tratamento. - Dei parecer favorável porque o projeto tem o mérito de chamar a atenção da população para o problema, mostrando a necessidade de se fazer esse exame pelo menos uma vez por ano como indica o projeto - diz Alcântara. Ele observa que as pessoas muitas vezes não querem se conscientizar da existência da doença e lembra que é pior a sua descoberta quando já está muito avançada, uma vez que o diagnóstico precoce permite a cura. A doença atinge principalmente homens acima de 50 anos de idade e os antecedentes familiares têm grande importância porque aumentam o risco em três vezes ou mais para os descendentes de doentes e câncer de próstata. Em sua justificação, a deputada Telma de Souza explica que a população brasileira alcança cada vez maior longevidade e as doenças referentes à terceira idade são cada vez mais comuns. Entre as doenças típicas dessa faixa etária, explica a deputada, o câncer de próstata se destaca. De acordo com estatísticas de São Paulo, para cada 100 mil habitantes, há 22 casos da doença. Nos homens com mais de 65 anos, a incidência aumenta para 220 casos. Entre os homens, diz Telma, este tipo de câncer só causa menos mortes do que as causadas pelo câncer de pulmão. Nos Estados Unidos, comenta a deputada, onde a questão do envelhecimento é tratada há mais tempo e a doença é tida como um caso de saúde pública, o governo dedica uma semana nacional ao tema. Lá, todos os homens de mais de 50 anos fazem gratuitamente o toque retal e o teste de Antígeno Prostático Específico (PSA), feito através de um exame de sangue simples. "Com os dois exames é possível detectar a doença ainda no início e combatê-la eficazmente", explica a deputada. Mesmo com essa preocupação, dados da American Cancer Society indicam que houve, em 1995, 244 mil novos casos de câncer de próstata e o cálculo é que 40 mil pessoas tenham morrido da doença naquele ano.A deputada cita ainda estudos de José Edson Pontes, professor de urologia da Wayne State University, em Detroit, EUA, provando que 40% dos homens acima de 50 anos têm a doença sem que ela se desenvolva. Cerca de 8% terão o chamado tumor clinicamente significativo e 3% morrerão em decorrência da doença, indicam as estatísticas. Telma acredita que a informação é a maior arma para o combate ao câncer de próstata. "O machismo unido à desinformação é um verdadeiro repelente para o mundo masculino a combater uma doença que está matando mais a cada dia", acredita. A deputada cita dados do Instituto Nacional do Câncer indicando que apenas 5% dos homens acima dos 50 anos têm feito o PSA no país. "Se apenas 5% fizeram este exame de sangue que, diga-se de passagem, não é nada constrangedor, podemos imaginar o percentual de homens que fizeram o exame de toque, mais simples e rápido, porém mais constrangedor e inibidor", diz. A deputada lembra que o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos recomenda que os dois exames sejam feitos anualmente a partir dos 40 anos por homens com antecedentes familiares e a partir dos 50 anos para os demais. Entre pessoas famosas que morreram da doença, a deputada cita o presidente francês François Mitterrand. A deputada lembra que o país tem experiência em campanhas sobre o combate ao câncer, especialmente os relacionados às mulheres, como é o caso da campanha do combate ao câncer de mama.

21/09/1998

Agência Senado


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