Promotoria investigará denúncia sobre PT gaúcho







Promotoria investigará denúncia sobre PT gaúcho
Relatório de CPI da Segurança será entregue a comissão exclusiva, em busca de mais evidências

PORTO ALEGRE - O Ministério Público gaúcho deverá instalar uma comissão exclusiva para analisar o relatório da CPI da Segurança Pública, que será votado na quarta-feira pelos parlamentares da comissão. O relator, deputado Vieira da Cunha (PDT), garante ter provas do envolvimento das autoridades estaduais com o jogo do bicho, mas caberá aos promotores a decisão sobre indiciamento dos acusados.

De acordo com o subprocurador-geral de Justiça do Estado, Mauro Renner, o Ministério Público não se alinhará automaticamente às conclusões apresentadas pelos deputados. "O inquérito parlamentar vai dar novos subsídios, mas isso não significa que vamos nos vincular às definições jurídicas da CPI", afirmou. "Teremos um trabalho muito árduo de depuração, porque em muitos momentos houve inclinação política."

Segundo o procurador, vários delegados que sustentam os boatos sobre o envolvimento das autoridades estaduais com o jogo do bicho foram denunciados por extorsão e proteção a bicheiros e estão sendo investigados. A CPI chegou a ouvi-los por duas vezes, em alguns casos, mas não deverá apresentar nenhuma denúncia contra eles. "Vamos ter de aprofundar algumas investigações", disse.

Imóvel - Um dos acusados pela CPI será o presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira.
Ex-assessor do governador Olívio Dutra, ele arrecadou doações para o PT em 1998 e pediu, após as eleições, que o então chefe de polícia, Luiz Fernando Tubino, não reprimisse os bicheiros. De acordo com o subprocurador-geral, o "carteiraço" constitui um comportamento "muito característico do tráfico de influência".

Renner disse, também, que a utilização de algumas doações recebidas pelo clube para a compra da sede do PT é passível de questionamento legal. "Se for configurado um ardil e desvio de finalidade, é uma situação que poderá ser caracterizada como ilícito." Em seu depoimento à CPI, Diógenes argumentou que a entidade teria liberdade para aplicar as doações de empresas e que a incorporação de patrimônio era importante para a credibilidade da seguradora.

A origem dos recursos do clube foi um dos principais pontos da investigação da CPI. Os parlamentares não encontraram provas de que a entidade tenha recebido dinheiro de bicheiros, mas identificaram várias contradições na contabilidade, como um empréstimo de R$ 80 mil que teria coberto as insuficiências de caixa. Um dos doadores chegou a revelar que um recibo em seu nome era falso.

Campanha - A bancada do PT na Assembléia Legislativa está preparando um relatório paralelo ao do relator. Os líderes do partido acusam Vieira da Cunha de parcialidade e de articular com delegados que fariam parte da chamada "banda podre" da polícia para desestabilizar o governo Olívio. "Em nenhum momento, a CPI se esforçou para checar os indícios contra a banda podre e se associou a ela para atacar nosso governo", afirmou o líder do PT, deputado Elvino Bohn Gass.

Ao pedido da oposição de uma nova CPI da Corrupção, para continuar investigando as denúncias contra o PT, os governistas vão contrapor a proposta de um inquérito parlamentar sobre o financiamento das campanhas eleitorais de todos os partidos. "A executiva estadual do PT vai sugerir que todos os deputados coloquem seu sigilo à disposição da CPI", afirma o vice-presidente estadual do partido, Paulo Ferreira.


PT prepara inscrição de Lula em prévias 'à revelia'
Petista não quer participar de disputa, mas legenda se previne para caso de Suplicy não desistir

Dirigentes do PT já começaram a coletar assinaturas para registrar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva na prévia marcada para 3 de março de 2002, com o objetivo de indicar o concorrente do partido à Presidência.
Embora Lula tenha dito, em conversa reservada com integrantes da cúpula partidária, que não vai inscrever-se para nenhuma prévia com o senador Eduardo Suplicy (SP) e com o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, a maioria do comando petista tenta convencê-lo a entrar no páreo.

"Lula será inscrito porque milhares de filiados querem inscrevê-lo", afirmou ontem, no Rio, o presidente nacional do PT, deputado José Dirceu. "No nosso partido, havendo mais de um pré-candidato há prévia."
O estatuto do PT permite que a legenda registre um candidato para a disputa, mesmo à sua revelia. Para tanto, basta preencher alguns requisitos como número mínimo de apoiadores no diretório nacional, nas executivas estaduais, municipais e até entre os filiados. "Já estamos fazendo um abaixo-assinado para a inscrição do Lula", contou o secretário de Organização, Sílvio Pereira.

O presidente do PT paulista, Paulo Frateschi, reiterou, porém, que formalizará sua proposta de definir o concorrente no 12.º encontro nacional do partido, nos dias 14, 15 e 16 de dezembro, no Recife.
"Lula já nos avisou que não vai se inscrever nesta prévia e não pediu segredo para ninguém: não podemos negar a realidade", afirmou Frateschi. "Eu sei disso, mas não devemos nos apavorar e temos de buscar solução sem crise", observou o deputado José Genoíno (SP), vice-presidente do PT e candidato ao governo paulista.

Ao contrário de Frateschi, boa parte da cúpula acha que Lula deve "pagar o pedágio" e participar do embate. O argumento é de que, se não for assim, Suplicy aparecerá como "vítima".
De qualquer forma, não foram sepultadas iniciativas para pedir ao senador que desista. Ontem pela manhã, em São Paulo, a ex-deputada e economista Maria da Conceição Tavares reiterou o apelo a Suplicy.

"É fato que algumas pessoas na direção se sentem incomodadas, mas, enquanto elas acham que a prévia pode prejudicar o PT, eu acredito que o partido aprenderá muito", disse o senador. Pouco antes de embarcar para Belo Horizonte, às 17 horas, Suplicy aproveitou o check-in para perguntar à funcionária da TAM Karen Tanaka se ela achava que ele deveria abrir mão da candidatura em favor de Lula. "De jeito nenhum. Eu voto no senhor", respondeu a moça. Suplicy viajou feliz. Lula participou à noite de um jantar com a comunidade judaica, em São Paulo.


Crise interna diminui, mas tucanos insistem em disputa
BRASÍLIA - Baixou a temperatura da crise interna do PSDB.
Depois de uma semana nervosa, em que o ministro da Saúde, José Serra, e o governador do Ceará, Tasso Jereissati, trocaram farpas pelos jornais, partidários das duas pré-candidaturas tucanas na corrida presidencial acham que os ânimos estão menos acirrados. Continua, por outro lado, a briga entre serristas e tassistas, em torno da data do início da campanha presidencial e da escolha do candidato. Os desentendimentos podem apressar uma definição e até abrir espaço para um terceiro nome.

"O processo eleitoral começou mais cedo e não dá para negar a realidade", afirma o vice-presidente nacional do partido, deputado Alberto Goldman (SP).
Companheiro de Goldman na direção do PSDB e na articulação pró-Serra, o deputado Sebastião Madeira (MA) diz que o ministro e o governador estão na frente na disputa, mas adverte: "No impasse, quem pode crescer é o Aécio Neves."
Madeira reconhece que o clima está mais calmo, mas frisa que o crescimento da candidatura presidencial da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL) nas pesquisas eleitorais mudou o cenário. E com a mudança, pondera, "o partido tem de tomar suas providências".

Goldman não tem dúvidas de que os critérios de escolha do candidato tucano à sucessão de Fernando Henrique voltam à pauta da executiva nacional, na semana que vem. Para ele, não há mais como arrastar a escolha do candidato até abril.
O ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, defendeu ontem, em Fortaleza, a tese de que o PSDB deve expor seus pré- candidatos à Presidência da "forma mais ampla que puder". Não só para decidir melhor quem seria o candidato como para que a opinião pública possa conhecê-los. Ele garantiu que não está no páreo. Pimenta não quis afirmar se apóia Tasso ou Serra. "No momento eu estou querendo que haja uma unidade no partido", desconversou. Mas, em seguida, sinalizou: "Não tenho nenhuma dúvida de que Tasso Jereissati preencha todos os requisitos para um candidato do PSDB."


Jobim prepara estudo sobre Lei Eleitoral
Presidente do TSE participou de seminário sobre cobertura política, promovido pela ANJ

A Lei 9.504, que regulamenta as eleições brasileiras, não é excludente ao Código Eleitoral e à Constituição, embora sejam conflitantes em alguns artigos. Por esse motivo, muitas das decisões da Justiça Eleitoral podem apresentar diferenças de Estado para Estado, dependendo do juiz e da jurisprudência usada. A informação é do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Nelson Jobim, que participou ontem do Seminário Cobertura Política e Eleições, promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), no hotel Sofitel, em São Paulo. Jobim revelou estar fazendo um levantamento das decisões para abrir um debate franco e aberto com os juízes eleitorais e a sociedade, especialmente os meios de comunicação.
Jobim revelou que em um Estado todas as decisões relativas ao direito de resposta beneficiavam apenas um candidato e que isso será apurado. O ministro afirmou que sua preocupação tem a ver com o fato de que as eleições do próximo ano devem ser as mais difíceis da história do País - exceto se um dos candidatos conseguir galvanizar votos para se eleger em primeiro turno, a disputa promete ser acirrada. Nesse caso, haverá um embate no qual acusações de abuso do poder aquisitivo ou favorecimento no tratamento dado pela mídia devem ser foco de disputa.

Para o presidente da ANJ, Francisco Mesquita Neto, que fez a palestra de abertura do seminário, a importância do debate sincero é vital para a sociedade e para os meios de comunicação, que levam a informação ao eleitor.
É assim que Mesquita Neto justificou a realização do seminário, do qual participam executivos, controladores e editores de jornais.
Já o jurista Manuel Alceu Affonso Ferreira, criticou os adjetivos e advérbios existentes na legislação eleitoral, que contribuem para a abstração com que ações políticas divulgadas pela mídia são julgadas pela Justiça Eleitoral. Segundo Manuel Alceu, a responsabilidade de muitas ações é decorrência da falta de objetividade dos legisladores.

Voto - O Distrito Federal e o Sergipe vão testar um novo sistema de votação em 2002: as urnas emitirão uma cédula impressa, a ser conferida pelo eleitor. Ele não poderá levar a cédula, que ficará protegida por um visor na urna. O projeto que institui a novidade, já aprovado pelo Senado, será votado nesta semana pela Câmara, segundo Jobim.


PMDB se reúne para definir como escolher candidato
BRASÍLIA - A Executiva Nacional do PMDB reúne-se amanhã, às 15 horas, para discutir a composição do colégio eleitoral das prévias para escolher o candidato do partido à sucessão presidencial, marcadas para o dia 11 de janeiro. A ala governista do PMDB fará hoje articulações para definir a data do lançamento da candidatura do presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), às prévias.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS), que já registrou sua candidatura às prévias com o governador de Minas, Itamar Franco, disse ontem que Michel Temer deve licenciar-se do comando se for candidato.

O senador não quis comentar a proposta dos governistas de fixar em até 20 mil o número de peemedebistas com direito a voto. O primeiro projeto prevê um colégio de cerca de 70 mil peemedebistas.


Aníbal afirma que faltou ao governo ‘ímpeto reformista’
O presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP), fez ontem mea-culpa ao afirmar que o governo poderia ter tido “um ímpeto mais reformista” no primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 1998). Para ele, o Palácio do Planalto pecou em relação às reformas tributária e previdenciária. As declarações foram feitas durante debate com o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP), na Câmara Americana de Comércio (Ancham)

“A reforma tributária tinha de ter sido realizada logo e o governador Mário Covas (morto em março) chegou a alertar sobre isso”, disse. Em relação à Previdência Social, ele acha que o governo deveria ter realizado “um projeto ousado”.
Aníbal defendeu, porém, as ações adotadas por Fernando Henrique. “Se nós não tivéssemos feito o que fizemos, o Brasil estaria igual à Argentina.”

O presidente do PSDB afirmou ainda que, ao contrário do que diz a oposição, ele não defende um Banco Central independente para “engessar” o próximo governo. “Temos a convicção de que vamos fazer a sucessão e não estaríamos nos auto-limitando.”
Mercadante afirmou, durante o debate, que as agendas econômicas do PT e do governo “têm pontos convergentes, mas não consensuais”. Ele se referiu à concordância entre o PT e o PSDB em relação a flexibilidade de câmbio.

No entanto, o petista alega que o Brasil precisa ter outra política industrial, incentivar as exportações e realizar uma reforma tributária. Ele avaliou que o discurso do governo tem mudado por causa das eleições. “Falta tomar medidas.”
Apesar das declarações de Aníbal, baixou a temperatura da crise interna do PSDB. Depois de uma semana nervosa, em que o ministro da Saúde, José Serra, e o governador do Ceará, Tasso Jereissati, trocaram farpas pelos jornais, partidários das duas pré-candidaturas tucanas na corrida presidencial acham que os ânimos estão menos acirrados.

Em Fortaleza, o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, defendeu ontem a tese de que o PSDB deve expor seus pré-candidatos da “forma mais ampla que puder”. Não só para decidir melhor quem seria o candidato, como para que a opinião pública possa conhecê-los.


Suíça investiga Maluf por suposta lavagem, diz jornal
O jornal Tribune de Genéve, de Genebra, na Suíça, informou em sua edição de sexta-feira que um inquérito penal aberto pela Procuradoria de Genebra para investigar o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PPB) pretende descobrir se foram cometidos atos de lavagem de dinheiro dentro do território suíço, envolvendo US$ 200 milhões que supostamente estariam depositados em contas das quais Maluf e familiares seriam beneficiários.

De acordo com a reportagem publicada no Tribune de Genéve, assinada pelo jornalista Jean-Noël Cuénod, grande parte das informações que integram um dossiê sobre a movimentação financeira de Maluf em paraísos fiscais foi levantada na Suíça. Os US$ 200 milhões teriam permanecido por 12 anos no Citibank de Genebra.
Em janeiro de 1997, os ativos teriam sido transferidos para a Ilha de Jersey, paraíso fiscal no Canal da Mancha, onde estariam bloqueados e sob investigação da Justiça.

O jornal informa que o inquérito penal está sendo conduzido pelo juiz de instrução Vincent Fournier. E revela que o governo brasileiro ainda não respondeu a um segundo pedido de informações feito pela Procuradoria Geral de Genebra, para autorizar a liberação de dados confidenciais das movimentações bancárias de Maluf na Suíça.

Ofício - No mês passado, o Ministério da Justiça brasileiro enviou um ofício à Procuradoria de Genebra pedindo informações sobre as supostas movimentações bancárias de Maluf naquele país nesse período.
O procurador-geral de Genebra, Jean-Louis Crochet, devolveu o ofício e pediu informações mais detalhadas s obre as acusações que existem no Brasil contra Maluf. "Entrevistado hoje, Folco Galli, porta-voz do Ofício Federal da Justiça, nos informou que o Brasil ainda não respondeu à esta nova demanda", informou o jornal.


Procurador 'incluiu' Eduardo Jorge no caso Marka
Quebra de sigilo foi pedida "por engano" em inquérito com o qual ex-assessor não tinha nenhuma relação

A Procuradoria da República no Distrito Federal incluiu sem qualquer tipo de justificativa ou explicação o nome do ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas Pereira em um pedido de quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal relacionado ao caso Marka - suposto esquema de corrupção no Banco Central envolvendo a liberação de informações privilegiadas.
O nome do ex-secretário-geral nunca havia sido vinculado anteriormente a essas investigações. O procurador José Cardoso Lopes, que assinou o pedido, requereu encaminhamento de documentação ao Ministério da Justiça "para que acione o tratado com os Estados Unidos e envie ofício ao Departamento de Justiça requerendo a lista de contas bancárias dos investigados no exterior, com os respectivos extratos, principalmente a conta do sr. Eduardo Jorge no Citibank, em Nova York".

Para Eduardo Jorge, o fato comprova a "montagem de uma farsa". O procurador não retornou três ligações do Estado. Segundo Eduardo Jorge, o procurador admitiu ter acrescentado seu nome "por engano; foi uma inclusão indevida".
Para o ex-secretário-geral, "trata-se de uma clara tentativa de fraude para iludir a Justiça e a boa fé do magistrado". Ele confirma a conta no Citibank de Nova York. "Isso está declarado ao Imposto de Renda", afirmou. "Não tenho medo do resultado da abertura dessa conta, tenho medo é da obsessão desses procuradores."

O juiz substituto da 12.ª Vara Federal em Brasília Eduardo Morais da Rocha deferiu o pedido de quebra do sigilo referente a sete pessoas físicas, entre as quais o ex-presidente do BC, Francisco Lopes, e o banqueiro Salvatore Alberto Cacciola. O juiz rejeitou a devassa de dados de Eduardo Jorge. O ex-secretário nem foi citado no despacho judicial.

Privilégios - A procuradoria insistiu e, pela segunda vez, o juiz indeferiu. Mas, no dia 6 de agosto, a secretaria da 12.ª Vara Federal enviou o ofício 852 - assinado pelo juiz Eduardo Rocha - ao ministro da Justiça, José Gregori, para, "caso seja possível ", providenciar encaminhamento ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos com objetivo de abertura da lista de contas, "principalmente a do sr. Eduardo Jorge no Citibank".

O primeiro requerimento de acesso a dados confidenciais foi encaminhado à Justiça Federal em 27 de junho. Por meio de uma petição - número 126/01 -, o procurador cita a representação do delegado da Polícia Federal Francisco Lopes de Anchieta que preside inquérito criminal sobre privilégios que teriam sido concedidos no início de 1999 aos proprietários dos Bancos Marka e FonteCindam.
Na representação, o delegado da PF sustenta que "dada a especialidade das operações levantadas, o rastreamento se faz necessário aos depositários e beneficiários dos recursos financeiros movimentados". Ele sugeriu a quebra do sigilo de comunicações do Grupo Macrométrica, do Grupo Marka e do FonteCindam, e a devassa telefônica, fiscal e bancária de Francisco Lopes, Cacciola e outras cinco pessoas.

O nome do ex-secretário-geral não é citado na representação de cinco páginas enviada pela PF à Justiça. Ao endossar o pedido, o procurador observou que o "presente inquérito procura investigar fatos certos, definidos como crime (corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro), punidos com reclusão e detenção, estando os indícios alicerçados na farta documentação juntada aos autos, mormente pelos documentos encontrados na residência do investigado Francisco Lopes".


MPE tenta barrar prescrição de ilícitos atribuídos a Maluf
O Ministério Público Estadual entrou ontem na Justiça de São Paulo com pedido de interrupção do prazo de prescrição de supostos atos de improbidade e enriquecimento ilícito do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) no caso Jersey – existência de fundos em nome do pepebista e de familiares dele na Suíça e no paraíso fiscal do Canal da Mancha.
Por meio de uma ação cautelar de protesto, promotores de Justiça da Cidadania sustentam que a prescrição se dará em 31 de dezembro, cinco anos após o término do mandato de Maluf na prefeitura (1993-1996). Se isso ocorrer, Maluf ficará livre de uma eventual ação com base na Lei da Improbidade, que prevê sanções como suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa e ressarcimento de prejuízos ao Tesouro.

A ação de protesto, distribuída para a 6.ª Vara da Fazenda, é prevista no artigo 867 do Código de Processo Civil para resguardar direitos e para interromper prescrição. Se o pedido dos promotores for deferido, o prazo começa a ser contado novamente.
Argumento – Eles argumentam que ainda não têm condições de oferecer acusação formal contra Maluf – por suspeita de desvio de verbas públicas e remessa de valores ao exterior não declarados – porque “autoridades internacionais” não enviaram documentos sobre movimentações bancárias do ex-prefeito.
Segundo os promotores, “o não encaminhamento desses papéis está impedindo a apresentação da ação de improbidade”. Eles ressaltaram que a Suíça devolveu carta rogatória enviada pelo Ministério da Justiça sob alegação de que estava incompleta. Para reforçar o pedido à Vara da Fazenda, os promotores juntaram aos autos traduções de ofícios da Procuradoria de Genebra e do Bundesamt Für Polizeiwsen – polícia financeira de Berna – com referências a contas que Maluf teria mantido na Suíça.
Para o advogado civilista Ricardo Tosto, da equipe de defesa de Maluf, a ação dos promotores “só reforça” o fato de que eles não têm provas. “Há cinco anos estão tentando provar alguma coisa contra Maluf e não acharam nada; agora, querem mais cinco anos, até quando isso vai?”, reclamou.


Dirceu diz que partido vai rever sua relação com clube
Segundo ele, direção regional decidirá ainda o que fazer com sua sede, doada pela entidade

RIO - O PT gaúcho vai avaliar que tipo de relacionamento terá daqui para a frente com o Clube da Cidadania, presidido por Diógenes de Oliveira, e o que fazer com a sede regional do partido, cedida pela entidade em 1998.
A informação é do presidente nacional do partido, deputado José Dirceu (SP).
"O PT aprende com os fatos. Sabe reagir aos fatos", declarou o petista, que esteve ontem no Rio para dar uma palestra no Centro Cultural da Justiça Federal.
Para Dirceu, não se pode generalizar e falar em ligação do PT como um todo com bicheiros. "Se alguém teve relação com o jogo do bicho foi por moto próprio e será punido", garantiu. "O PT como partido foi contra o jogo do bicho, sempre foi visto como inimigo por pessoas da contravenção."

O petista fez críticas à CPI da Segurança Pública, e especialmente aos partidos de oposição ao governador Olívio Dutra na Assembléia, que a comandam. "Eles não querem investigar o jogo do bicho, não querem investigar os policiais acusados, porque vai ficar provado que o PT não tem relação com isso e outros partidos têm", disse.
Na sua opinião, a imagem do partido não foi arranhada com a investigação sobre o jogo do bicho. "A sociedade conhece o PT".
Para Dirceu, a solução para evitar contribuições ilícitas para políticos é o financiamento público de campanha. "Nós sempre defendemos o financiamento público. O PSDB falou que era favorável, o PFL também e na hora não quiseram votar", disse.


Ciro diz que Roseana faz propaganda ilegal
Em visita a São Paulo, ontem, o pré-candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, abor dou a propaganda eleitoral ilegal para criticar a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL). Segundo ele, o crescimento da governadora nas pesquisas eleitorais deve-se à sua exposição irregular no horário eleitoral de rádio e TV. "O programa partidário tem de ser para a apologia do programa partidário, não pode ser para o lançamento de uma candidatura não homologada."


Artigos

O que há de novo na nova guerra?
LUIZ CARLOS LISBOA

O cerco e a próxima destruição dos taleban no Afeganistão vão servir de modelo e esquema didático não somente das guerras futuras, como provavelmente de guia das manobras políticas e ideológicas na primeira metade do século 21. Aquilo que Maquiavel e Clausewitz fizeram no passado, Osama bin Laden e o Pentágono norte-americano estão ultimando agora, em cavernas ou escritórios refrigerados, para aplicar, por enquanto, no cenário agreste de um país que no passado se especializou em massacrar diplomatas ingleses, quando não conseguia vencer os soldados da Coroa britânica. O novo xadrez da guerra tem agora um tabuleiro diferente, onde se movimentam estranhas peças, com valores novos. É um novo jogo? Não, é ainda a mesma velha questão do domínio da alma humana, da imposição por outro de um modo de vida e de uma visão particular do universo.

O século 20 teve, na metade do seu curso, a certeza orgulhosa de que as guerras religiosas eram coisa do passado, e de que as disputas ideológicas eram um passo à frente na racionalização da irracionalidade geral das guerras. Os fatos se encarregaram de mostrar que o sectarismo político era igual ao dogmatismo religioso, ambos viseiras que obrigam o homem a olhar numa única direção.
As longas e sangrentas lutas religiosas que moldaram a história da Europa e do Oriente Médio foram travadas sempre em nome dos mais altos interesses humanos, e justificadas com raciocínios e discursos salvacionistas. Por isso o pensamento dogmático parece tão confiante e determinado quando comete seus crimes.

O resultado disso que interessa mais de perto à humanidade é o conjunto de características do novo conflito, que, por um lado, afeta mais a vida num mundo cada vez mais globalizado, mas, por outro, parece tão intrincado aos olhos do homem comum que ele é acometido pela tentação de generalizar e de fazer humor com a tragédia. Antigas simpatias e aversões são mobilizadas na alma humana, emergindo, em geral, de forma impulsiva e obscura, para tomar posição e cerrar fileiras nos campos da contenda. As posições de guerras anteriores, totalmente desligadas da presente, têm condicionado as novas escolhas. O coração que desconhece as próprias razões precisa, desesperadamente, de um engajamento que o justifique no mundo, e logo no primeiro momento pensa identificar sua trincheira natural.

Assim, o atual cerco e a provável próxima destruição dos taleban no Afeganistão deve modelar as manobras táticas e ideológicas das futuras guerras no mundo, tal como a guerra civil na Espanha definiu os campos e os métodos da 2.ª Guerra Mundial e o longo conflito no Vietnã instruiu os Estados Unidos sobre os riscos de tentar o combate convencional em pântanos geográficos, ideológicos e étnicos, onde o mais forte está fadado a sucumbir. A nova guerra que será combatida no futuro, sejam agressores ou agredidos, teve no passado recente um exemplo vivo nos comandos aliados que fustigaram a Europa sob dominação nazista. O antigo sistema de ataque e fuga que o homem aprendeu com os animais - ou quando ainda era animal, segundo Darwin - volta hoje com uma sofisticação não sonhada nem há meio século, ao tempo da invasão temível da praia de Omaha, na Normandia.

O inimigo agora é mais poderoso do que então, porque o terreno em que se multiplica é poroso e destituído de fronteiras reais. Os que desejam dizimá-lo têm de lutar de novo como os gregos em Tróia, de templo em templo, de coluna em coluna, e prevenir-se contra infiltrações miúdas e indistinguíveis como as das bactérias. Ao contrário de certo mito moderno, o homem não se tornou pior do que sempre foi. Apenas sua maldade se fez mais minuciosa devido à competição. Esses aliados sombrios do mal - o contágio e o aprimoramento - são comuns a todos os campos da nova guerra. Desde a fabricação da bomba nuclear, tem-se acreditado que o distanciamento do homem em relação à lança, à flecha e ao machado, substituídos pelo gatilho e pelo botão, tornaram o guerreiro ainda mais indiferente aos estragos que faz no próximo, e, portanto, mais destrutivo.

Difícil saber até que ponto isso é verdade. Não há que duvidar, no entanto, de que a nova guerra de comandos sofisticados vai devolver o guerreiro à visão do sangue e da morte lenta do inimigo, bem como ao encontro do cotidiano desse adversário, que, assemelhando-se um pouco ao de todos nós, consegue nos lembrar vagamente da família que um dia todos fomos. Essa reaproximação das conseqüências de suas decisões e escolhas, um antigo apelo de todas as religiões, pode reintroduzir na alma humana, seja a das vítimas ou a dos algozes, a virtude lamentavelmente esquecida da compaixão.


Colunistas

RACHEL DE QUEIROZ

O coreto e a orquestra
Nos tempos da minha mocidade havia dois tipos de música, não digo irreconciliáveis porque um ignorava o outro: a música erudita, que se tocava e se ouvia nos concertos que os alunos aprendiam com grande superioridade, e, do outro lado a música dos botocudos que se tocava e se dançava nos salões da mocidade.
A música clássica era uma espécie de religião dos bem pensantes; os jovens que se dedicavam a ela aprendiam a ler o texto musical, uma misteriosa escrita feita sobre a pauta em pontinhos e bolinhas que se multiplicavam e já traduziam sons para os que a sabiam ler mas, absolutamente indecifrável para os analfabetos musicais.

E analfabetos éramos quase todos. As bandas que nos animavam os saraus eram chamadas de "pancadaria" pelos melômanos que se deleitavam com a grande música. E a Grande Música era privilégio dos iniciados e não estava à altura da plebe inculta, que éramos quase todos nós, usuários da música primária constituída geralmente com a música de carnaval.
Numa família onde se destacava um jovem capaz de interpretar Chopin ou Beethoven não cabia a rude categoria amante dos ragtimes e congêneres. A mocidade em geral, adepta da música dançante não freqüentaria jamais os concertos onde se tocasse Mozart ou Liszt. Wagner, nem falar - Wagner tinha sua tribo especial. Os moços queriam apenas a música dançante dita de "baticum" que lhes permitisse deslizar ou pular nos salões de baile. Os amantes da boa música formavam quase uma seita de pequenas proporções onde se deliciavam com seus ídolos. Enquanto nós, a plebe rude queríamos dançar as novidades americanas que nos iam chegando em discos e os foxtrotes que as orquestras populares forneciam para o nosso consumo.

Hoje em dia, o panorama musical mudou no mundo inteiro. As duas linguagens, a popular e a erudita não se misturam, já se misturando. Compositores importantes deixam de lado as suas sonatas para se arriscarem - em geral com êxito - na música popular. Já a música clássica não é mais privilégio dos grandes intérpretes, e os bons compositores populares se arriscam em ritmos que seriam territórios dos "mestres".
Na verdade, parece que a música popular e, no nosso caso, a música popular brasileira não aceita limites rígidos nos territórios que ocupa. Sei que não tenho a mínima autoridade para me meter nesses assuntos musicais, mas dou um palpite que foi o maestro Villa-Lobos um dos responsáveis pela fusão da bandinha do coreto com a partitura da orquestra clássica. Ele revigorou o folclore brasileiro, dando-lhe um sopro de vida. Até para as canções folclóricas infantis, o Villa fez arranjos. Depois de le, ficou mais fácil romper limites. Hoje, muitos dos nossos autores populares têm formação erudita e armados com esses conhecimentos se sentem capazes de navegar em quaisquer águas. Muitos até já retrabalharam os temas de Villa-Lobos, fazendo novas leituras da fusão do maestro. No Nordeste, os músicos do movimento armorial, animados pelo meu amigo Ariano Suassuna, usam sua erudição para desencavar instrumentos e ritmos ibéricos executados nas feiras pelos cantadores e tocadores de rabeca. Na verdade, para os incultos, meus colegas, a música clássica ou popular se divide em duas categorias: a boa música que nos seduz a todos, seja qual for a sua família e a música imposta pela ciência de alguns e que nos longos concertos dá à maioria um desejo vergonhoso de dormir. Ou então aquela que de tão ruidosa, não deixa ninguém dormir.


Editorial

Uma grande oportunidade perdida

O discurso do presidente George W. Bush na abertura da Assembléia Geral da ONU foi uma demonstração desalentadora da sua imensa dificuldade de sintonizar o sentimento do mundo.
No dia 11 de setembro, os Estados Unidos foram vítimas de um ataque bestial.
Em pouco tempo, abandonando o unilateralismo que dominava a política externa do governo republicano empossado oito meses antes, a Casa Branca - em boa parte graças ao descortino do secretário de Estado Colin Powell - tratou de formar uma ampla aliança antiterrorista, com dois objetivos correlatos. No plano imediato, obter respaldo internacional para a campanha militar no Afeganistão contra as bases do Al-Qaeda, responsável pelas atrocidades em Nova York e Washington, e o governo do Taleban que o protege. A mais longo prazo, desarticular em toda parte as redes do terror.

As mentes mais lúcidas de Washington entenderam que a ameaça do terrorismo global só pode ser enfrentada em escala igualmente global, mediante ações coletivas para identificar, isolar e cortar os meios de sobrevivência financeira, bélica e logística dos grupos assassinos, até o seu estiolamento. Tais setores entenderam também que a articulação desse combate multinacional exigia dos Estados Unidos iniciativas políticas para atenuar o profundo descontentamento com o seu papel no mundo islâmico - caldo de cultura, se não do terrorismo, decerto do apoio aos terroristas de parcelas ponderáveis das populações muçulmanas e, por extensão, do temor dos respectivos governos de reprimi-los com o devido rigor.

Isso levou o presidente Bush a anunciar o apoio dos EUA à criação do Estado palestino e a tornar a engajar o país no esforço por um cessar-fogo capaz de conduzir à reabertura das negociações de paz entre israelenses e palestinos.
Esse talvez tenha sido o melhor momento da diplomacia americana pós-11 de setembro - contrabalançado, porém, pelas derrotas que Washington passou a acumular na frente de propaganda da guerra no Afeganistão, devido às vítimas civis dos bombardeios e a destruição física de um país já devastado por décadas de conflitos sangrentos. Nesse contexto, Bush dirigiu-se aos chefes de governo e chanceleres de 160 países, reunidos no foro mundial por excelência, a ONU, até bem pouco tempo tratada por Washington com sobranceiro descaso.

Foi uma grande oportunidade desperdiçada. Raras vezes uma causa tão justa, como a da luta antiterror, terá sido tão malservida pelo líder da nação mais credenciada a conduzi-la, por representar a antítese do credo terrorista, por ter sido o seu maior alvo e por reunir a vontade e os recursos necessários ao combate contra a treva. O discurso do presidente - uma peça literária, transmitida com a oratória segura de quem parecia estar lendo um texto - chocou pela arrogância e a rispidez, pelo tom de comando e pela indiferença ao que pudessem pensar os seus ouvintes, a quem tratou como um severo pater familias que admoesta os seus dependentes e lhes dita o que fazer. "Nesta guerra do terror, cada um de nós deve responder por aquilo que fizemos ou aquilo que deixamos de fazer. Depois da tragédia, há um tempo para compaixão e condolência. E meu país está muito agradecido por ambos...
mas o tempo para a compaixão passou", declarou ele numa das passagens mais duras: "O tempo para a ação chegou."

A sua irrepreensível execração do terrorismo, a comovente rememoração do ultraje covarde que enlutou a América e a bem-vinda reiteração da determinação de caçar os responsáveis pelo tempo que for necessário - tudo isso se dissipou no ar de auto-suficiência do orador, nas ameaças aos países "aliados do terror", na enumeração das tarefas que as nações devem cumprir e nas provocações inúteis, como a que dirigiu ao líder palestino Yasser Arafat, ao dizer que "não há bons terroristas". Além disso, as breves alusões à "agenda de paz e prosperidade em todo lugar" com a vaga promessa de "encorajar o desenvolvimento e expandir o comércio" e de "investir na educação e no combate à aids e outras doenças", sem dúvida ficaram muito aquém do que gostariam de ter ouvido os dirigentes dos países pobres - a vasta maioria dos membros da ONU - para os quais as raízes da violência e do fanatismo são as abjetas condições de vida de 3 em cada 5 seres humanos.

Bush discursou em seguida ao presidente Fernando Henrique - e o contraste entre eles não poderia ser mais expressivo. Estavam ali os líderes de duas nações amigas, os quais, abominando igualmente o terrorismo, são capazes, um, de vincular o combate eficaz à barbárie ao surgimento de uma "globalização solidária", outro, de desdenhar, por soberba e paroquialismo, as visões de mundo distintas daquelas que prevalecem no Olimpo de Washington - e nem por isso irrelevantes para o êxito da luta antiterror.


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11/13/2001


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