Propaganda estréia com ataques









Propaganda estréia com ataques
Os ataques de José Serra (PSDB) a Ciro Gomes (PPS) marcaram ontem o primeiro dia do horário eleitoral na TV, reservado aos candidatos à Presidência e à Câmara dos Deputados. Serra, que no programa da tarde havia apenas apresentado propostas – como os demais candidatos – à noite cutucou Ciro. No final do programa, um locutor anunciou: “Ciro Gomes agride todo mundo”. Um vídeo mostrava o candidato do PPS em entrevista a uma rádio baiana, ironizando as perguntas de um ouvinte, a quem chamou de “burro” e “petista furibundo”. Ciro é apresentado como um temperamental. O programa encerra-se com uma interrogação: “Ciro, mudança ou problema?”
Na espaço para deputados federais, à noite, na TV, a aliança O Rio Grande em 1º Lugar (PPS-PFL-PSL-PT do B) também partiu para o ataque. O alvo foi o governo do PT no Estado.
Os programas da estréia dos presidenciáveis na TV apresentaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ex-metalúrgico, à tarde, e como comandante, de gravata, de uma equipe de doutores, no programa da noite. Anthony Garotinho (PSB) apresentou-se como reencarnação dos ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.

Lula critica Petrobras
Luiz Inácio Lula da Silva estreou na TV, à tarde, em mangas de camisa, no estaleiro Verolme, do Rio, como ex-metalúrgico preocupado com a geração de empregos. À noite, apareceu de gravata, numa ampla sala, como líder de uma grande equipe de elite.

No programa da tarde, reclamou da decisão da Petrobras de construir três plataformas fora do país. Segundo o candidato, a empresa vai investir US$ 1,5 bilhão que poderia criar 25 mil empregos aqui.

– A Petrobras parece ignorar que é uma empresa brasileira. A melhor mão-de-obra é brasileira – disse Lula.

Trabalhadores do estaleiro foram ouvidos para reclamar da construção da primeira plataforma em Cingapura. A indústria, segundo o candidato, tem hoje 2,8 mil trabalhadores, quando chegou a ter 9 mil. Lula criticou o presidente Fernando Henrique Cardoso:
– O presidente tinha que chamar a atenção da Petrobras e dizer que as plataformas tinham que ser feitas aqui.

A dupla Zezé di Camargo e Luciano cantou o jingle que lamenta: “Estão levando à loucura / O Brasil que a gente ama”. No programa de rádio, Lula comentou o encontro da segunda-feira com FH. Disse que “conversa com quem quer que seja”, em defesa do Brasil e admitiu apoio ao acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) como último recurso contra a crise. Ao falar do empréstimo de US$ 30 bilhões do fundo, generalizou:
– Dinheiro emprestado não é bom em hipótese alguma.

Ciro investe em Patrícia
Ciro Gomes não falou na estréia do programa na TV, à tarde. Investiu em imagens de comícios e passeatas e, principalmente, na figura da namorada, Patrícia Pillar. A atriz apareceu 10 vezes na TV e deu um depoimento no programa de rádio. Quando um locutor diz que Ciro é temido pelos “poderosos”, Patrícia declara:
– Os poderosos sabem que, quanto mais conhece as idéias de Ciro, mais você gosta dele.
No rádio e na TV, o programa exaltou os feitos de Ciro como prefeito de Fortaleza e como governador do Ceará. Lembrou que ele foi ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, quando “a economia cresceu 6% e o país teve o menor índice de desemprego”. Um locutor referiu-se a um governo em que haverá mais emprego e menos violência. E cutucou o candidato José Serra (PSDB), ex-ministro da Saúde:
– Vamos acabar com as filas nos hospitais.

Imagens na TV mostraram comícios com Leonel Brizola, o ator Chico Anysio e o ex-senador Antonio Carlos Magalhães. Ciro corrigiu uma informação que provocara uma crítica de Serra – a de que teria recebido um prêmio da Unicef pelos programas de controle da mortalidade, quando a distinção teria sido para seu antecessor, Tasso Jereissati. No rádio, o locutor informa que Ciro recebeu o prêmio com “o povo do Ceará e Tasso Jereissati”.

À noite, Ciro apareceu na TV para defender programas de habitação e geração de empregos e admitir:
– Quando o Brasil precisa, até os adversários se reconciliam.

Serra cutuca candidato do PPS
José Serra trocou o tucano, a ave-mascote do PSDB, pelo quero-quero como símbolo da sua campanha. Na TV, à tarde, foi entrevistado, em mangas de camisa, numa varanda, pela jornalista Valéria Monteiro. Falou da infância no bairro da Mooca (São Paulo), do pai dono de uma fruteira, do exílio no Chile durante o regime militar. Ao falar da luta pela redemocratização do país, o programa mostrou imagens de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, FH e Lula. Serra promoveu um desfile de artistas – Elba Ramalho, Chitãozinho e Xororó, o grupo KLB e a atriz Solange Couto, a dona Jura da novela O Clone, muitos com macacão e capacete de operário e a Carteira de Trabalho na mão. Gugu Liberato relembrou a vida do candidato no programa da noite. Serra falou da criação de empregos e de segurança.

O portador de HIV Luiz Carlos Xavier elogiou a atuação de Serra como ministro da Saúde. No programa de rádio, um locutor disse que Serra foi “o melhor ministro da Saúde do mundo”, sem mencionar a autoria da escolha. Na TV, à tarde, a propaganda informou que Serra realizou “trabalho considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) o melhor do mundo”. À noite, o elogio foi creditado a um “fórum mundial”. O presidente Fernando Henrique Cardoso apareceu no rádio e na TV para elogiar Serra e dizer que este é “o momento de escolher quem está melhor preparado”.

Garotinho inspira-se em Vargas
A promessa de salário mínimo de R$ 280 a partir de maio de 2003 foi o grande mote do programa de Anthony Garotinho no rádio e na TV. O candidato do PSB apresentou-se como pai de nove filhos, evangélico e professor da escola dominical para casais.

E, para rebater quem o acusa de demagogia, por prometer um mínimo inatingível, comparou-se aos ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek:
– Fazer o Brasil de Vargas e Juscelino sempre foi o meu maior sonho. Getúlio foi chamado de populista, de pai dos pobres, mas foi ele quem criou a lei trabalhista, o salário mínimo, o direito à aposentadoria. Juscelino também foi chamado de demagogo, de só se preocupar com os pobres, mas foi ele quem trouxe a indústria automobilística, abriu estradas e fez o Brasil dar um salto para o futuro.

Garotinho apareceu num gabinete de trabalho, de gravata. Apresentou um breve perfil e disse que pretende repetir na Presidência o que fez como governador do Rio, do qual teria saído com 88% de aprovação.

Garotinho atacou:
– Não me curvo aos banqueiros nem aos poderosos e vou continuar defendendo aquilo que mais acredito: um Brasil para os brasileiros.

O principal objetivo do programa de estréia foi tentar mostrar que os políticos defensores dos pobres seriam considerados populistas. O jingle foi o mesmo no rádio e na TV: “Garotinho é o Brasil pra gente, Garotinho é o Brasil que faz”.


Coligação usa espaço para atingir PT
O espaço destinado à exibição dos candidatos a deputado federal da coligação O Rio Grande em 1º Lugar (PPS-PFL-PTdoB-PSL) foi utilizado ontem, no programa eleitoral de TV da noite, para atacar o governo Olívio Dutra.

Ao contrário do que foi ao ar à tarde, o programa substituiu a participação dos candidatos para criticar o governo, mostrando imagens de TV, fotografias e manchetes de jornais que remetiam à saída da Ford do Estado, à destruição do relógio dos 500 anos, às perdas na pecuária com a febre aftosa, às invasões de terras e aos episódios de impasse com o MST.

Foram veiculadas ainda imagens do candidato petista ao governo do Estado, Tarso Genro. Ao final dos ataques, o programa mostrou o pronunciamento do candidato a vice-governador da coligação O Rio Grande em 1º Lugar Germano Bonow (PFL), contrariando a ordem de exibição dos candidatos – as inserções de ontem eram restritas aos postulantes à Presidência e Câmara.

No final da tarde de ontem, a assessoria jurídica da Frente Popular já havia ingressado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com pedido de liminar contra a coligação O Rio Grande em 1º Lugar, por uso irregular da imagem de candidatos majoritários e do atual governador nas inserções de rádio e TV ao longo do dia. O pedido foi negado pelo Pleno do TRE, em sessão realizada na noite de ontem.

O coordenador de comunicação da Frente Popular, Marcel Frisson, afirmou que a aliança voltará a ingressar no tribunal com mais um pedido de liminar contra a aliança do governador Antônio Britto (PPS), por uso indevido do horário destinado aos candidatos proporcionais.


Com a bênção de Tancredo
A grande vantagem de Aécio Neves, neto do ex-presidente, deixa as ruas de Minas distantes do clima de eleição

Apesar da presença maciça dos candidatos à Presidência da República, todos de olho no segundo maior colégio eleitoral do país, nas ruas de Belo Horizonte pouco se vê de clima de campanha à sucessão no Palácio da Liberdade.

Um dos motivos é a grande vantagem do presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves (PSDB), nas pesquisas de intenção de voto. Neto do presidente Tancredo Neves, 42 anos, o tucano tem chances de vencer ainda no primeiro turno exatos 20 anos depois de o avô ter sido eleito governador.

Além do apoio explícito da Frente Trabalhista (PTB, PPS e PDT), do PFL e do PPB, Aécio herdou a maioria dos votos dos pré-candidatos que deveriam concorrer ao governo. Um deles é o empresário José Alencar, vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. Outro é o ex-goleiro do Atlético-MG João Leite. O tucano preferiu não trocar o certo pelo duvidoso e vai tentar a reeleição à Assembléia, assim como o deputado federal Roberto Brant (PFL), que também coordena a campanha de Ciro Gomes (PPS) em Minas. O trio somava, segundo pesquisa do Instituto EM Data de junho, 27% das intenções de voto. A metade migrou para Aécio.

Na última pesquisa do Datafolha, Aécio tem 38%, contra 20% do vice-governador Newton Cardoso (PMDB) e 4% do petista Nilmário Miranda. Aécio credita seu bom desempenho ao apoio recebido do governador Itamar Franco (sem partido). Itamar saiu do PMDB para não apoiar seu vice, Newton Cardoso.

A vitrina proporcionada pela presidência da Câmara e o sobrenome famoso formam uma dobradinha difícil de superar. Aécio parece ter vencido a fama de playboy para se credenciar a herdeiro da nobre linhagem política mineira que produziu Juscelino Kubitschek e Tancredo. Aliás, o nome do avô é citado a todo instante em comícios. Aécio chegou a imitar um gesto da campanha à Presidência de Tancredo no Colégio Eleitoral: foi à igreja da Serra da Piedade, no município de Caeté, para ser abençoado pelo padre local.

Para completar o favoritismo, o adversário mais próximo é líder em rejeição. Na pesquisa do Datafolha, 33% dos entrevistados disseram que não votariam no vice-governador Newton Cardoso de jeito nenhum. A rejeição de Aécio no Datafolha é de 8%. O candidato do PMDB ainda tem alguma popularidade no Interior, mas é reprovado na Capital e nas grandes cidades.


Candidatos promovem disputa acirrada
Enquanto a disputa pelo Palácio da Liberdade chega a ser monótona, a briga pelos 12,4 milhões de votos mineiros à Presidência está mais do que acirrada.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem o apoio do inconstante governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido).

José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) não se digladiam apenas pelo segundo lugar nas pesquisas. Os dois querem um cantinho no palanque do candidato a governador Aécio Neves (PSDB).

Como preferia Tasso Jereissati em vez de José Serra, boa parte do PSDB mineiro aderiu a Ciro. Apenas os tucanos mais fiéis apóiam Serra. E Ciro, por sua vez, faz campanha aberta em favor de Aécio. Nas visitas a Minas Gerais, sempre toca no nome do neto de Tancredo. Chegou a afirmar que só não subiria ao palanque do candidato tucano se impedido por um segurança “daqueles fortões”.

Ao mesmo tempo em que ajudou a alavancar a candidatura do tucano Aécio ao Palácio da Liberdade, o governador Itamar Franco defende um petista para o Planalto. Diz que o objetivo é colocar um mineiro na Presidência. Como o vice de Lula é o mineiro José Alencar, Itamar está com Lula.

Lula conta com a popularidade de Itamar para melhorar seu desempenho em Minas – nunca venceu no Estado.

Serra também conta com a ajuda de Aécio para melhorar o desempenho em Minas, mas não tem sido nada fácil. Na penúltima visita a Belo Horizonte, foi vaiado no tradicional Café Nice, freqüentado no século passado pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek. Mesmo ao lado de Aécio Neves, o tucano foi chamado de entreguista e ouviu palavras de apoio a Ciro e a Lula. As vaias não o farão desistir. Serra pretende desembarcar em solo mineiro pelo menos uma vez por semana até o dia da eleição.


MST evita invasões durante campanha
Ocupado com a mobilização eleitoral e o plebiscito contra a Alca, o movimento retomará ações em novembro

A campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência e o plebiscito sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), a ser realizado em setembro, levaram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a colocar em segundo plano as invasões de propriedades no país.

Líderes do movimento confirmam que a campanha de Lula e o plebiscito, no qual a entidade figura como organizadora, estão no topo da lista de prioridades até a eleição.

O objetivo é poupar Lula, que lidera a corrida presidencial, evitando que adversários culpem o petista pelas invasões de terra. A trégua não é total. No Nordeste, foram anunciadas ocupações durante o Grito dos Excluídos, de 1º a 7 de setembro. As invasões deverão se intensificar a partir de novembro.

O MST reservou os meses de julho e agosto para divulgar o plebiscito sobre a participação do Brasil na Alca, organizado com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e outras entidades. A partir de setembro, os sem-terra irão concentrar esforços na campanha de Lula.
– A militância tem duas tarefas: primeiro, garantir a organização do plebiscito, e depois avermelhar o país. Em setembro, vamos assumir a campanha de Lula e garantir sua vitória – informou Jaime Amorim, da direção nacional e um dos principais líderes do MST.

Além de apoiar Lula, os sem-terra também farão campanha nos Estados para candidatos do PT identificados com o movimento que disputam as eleições majoritárias e proporcionais. No Rio Grande do Sul, o deputado estadual Dionilso Marcon almeja o segundo mandato, concorrendo na mesma faixa do frei Sérgio Görgen. O deputado federal Adão Pretto tenta a reeleição.

Líderes dos sem-terra garantem que a diminuição no ritmo das invasões faria parte de um acerto entre o MST e o PT depois da invasão da Fazenda Córrego da Ponte, em Buritis (MG), pertencente à família do presidente Fernando Henrique Cardoso, em março. Na época, o governo tentou envolver o PT, acusando-o de dar cobertura ao movimento. Temendo prejuízos eleitorais, Lula e os dirigentes do PT condenaram a atitude dos sem-terra. O gesto não surpreendeu a cúpula do MST.
– Compreendemos as declarações de Lula. Muitas vezes, diante da opinião pública, o PT vai tomar posições contrárias às dos movimentos sociais em razão das eleições – afirmou um líder do MST.
O PT alega que, se há uma trégua, ela foi decidida unilateralmente pelo MST. No Rio Grande do Sul, a invasão do condomínio Ana Paula Agropastoril, em mai o, causou constrangimentos ao partido. A fazenda, de 14,8 mil hectares nos municípios de Aceguá, Hulha Negra e Candiota, exibe produção, tecnologia e desempenho invejáveis.

A Ana Paula é considerada propriedade produtiva. Ainda que fosse improdutiva, a invasão excluiria a fazenda do programa de desapropriações para fins de reforma agrária. A propriedade serviu para uma desforra do MST pela suspensão de uma marcha por ruralistas no acampamento do Quebracho, em Hulha Negra. Em junho, um dos primeiros atos de campanha de Antônio Britto (PPS), principal candidato de oposição na disputa pelo Palácio Piratini, ocorreu na propriedade.


Incidentes caem 37% em relação a 2001
Entre janeiro e julho deste ano, o número de invasões de terra registradas no país sofreu uma redução de 37% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Nos sete primeiros meses do ano, ocorreram 97 ações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e de outras organizações ligadas ao movimento pela reforma agrária. Em 2001, foram 154 incidentes desse tipo entre janeiro e julho. O ano passado fechou com um total de 194 invasões.

Os dados estão computados no site da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Internet (www.cptnac.com.br). As informações da CTP não permitem uma comparação mês a mês com anos anteriores. Somente a partir de 2001 a Pastoral da Terra passou a incluir a data das invasões em suas tabelas.

Os sem-terra não promoveram nenhuma ação contra propriedades rurais em julho e até o dia 19 de agosto. Em junho foram três invasões (no mesmo mês em 2001, haviam sido 12). Mais da metade (55%) dos episódios de 2002 aconteceu em abril – 53 invasões.

O levantamento também apontou uma redução no total de invasões por ano de 1998 para cá. Na comparação entre 1998 (599 invasões) e 2001 (194), a queda chega a 67,7%. A diminuição decorre de uma ofensiva do governo federal, que decidiu congelar as propriedades rurais invadidas. Uma lei impede a vistoria durante dois anos e a desapropriação para fins de reforma agrária das áreas que tenham sido alvos dos sem-terra. Os números do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), embora apresentem totais diferentes dos divulgados pela Pastoral, também indicam a redução.


Ibope indica Lula com 35% das intenções de voto
Levantamento mostra empate técnico entre o petista e Ciro no segundo turno

A última pesquisa Ibope divulgada antes do início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV mostra que o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, teve um aumento de um ponto em relação ao anterior e os outros três concorrentes ao Palácio do Planalto perderam um ponto.

A novidade é o empate técnico entre Lula e o candidato do PPS a presidente, Ciro Gomes, na simulação para o segundo turno.

De acordo com a pesquisa encomendada pela Rede Globo e divulgada pelo Jornal Nacional, Lula aumentou um ponto em relação ao levantamento anterior, passando de 34% para 35% das intenções de voto. Ciro passou de 27% para 26%, José Serra (PSDB), de 12% para 11%, e Anthony Garotinho (PSB), de 11% para 10%.

Na simulação de segundo turno da semana anterior, Ciro vencia Lula por 47% a 42%. Neste levantamento, Ciro caiu três pontos percentuais e se estabelece um empate técnico: Ciro aparece com 44%, e Lula, com 43%. Nos outros cenários, cujos índices não foram divulgados no Jornal Nacional, Lula e Ciro vencem Serra e Garotinho.

A taxa dos eleitores que pretendem votar em branco ou nulo foi de 5% para 6%, e a de indecisos, de 10% para 12%. Zé Maria (PSTU), que havia obtido 1% na pesquisa anterior, não pontuou nessa pesquisa.

O Ibope fez o levantamento entre os dias 16 e 19 e ouviu 2 mil eleitores em 145 municípios do país. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.


Petista pede ajuda de FH para Minas Gerais
Nos 10 minutos em que conversou a sós com o presidente Fernando Henrique Cardoso, na segunda-feira, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ouviu elogios ao seu comportamento e intercedeu pelo mais novo aliado, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido).

– Fiz um apelo ao presidente para que estudasse com carinho o caso de Minas, que está em situação financeira difícil. Gostaria que o governo discutisse uma saída – explicou Lula ontem, depois de participar de debate na Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

À tarde, Lula fez uma caminhada pelo centro de São Paulo e participou do lançamento do programa do PT para a área da educação.

Ontem, pela primeira vez, FH falou sobre a possibilidade de seu candidato, José Serra (PSDB), não chegar ao segundo turno. FH não quis antecipar sua preferência, embora já existam especulações sobre a possibilidade de os tucanos apoiarem Lula caso ele enfrente Ciro Gomes (PPS):
– Minha predisposição primeira é de que Serra vá para o segundo turno. Se isso não acontecer, eu sou o presidente do Brasil e vou atuar como magistrado. Mas não discutimos esses detalhes com Lula.

FH reiteirou que segunda-feira os dois discutiram questões relativas à dívida de Minas Gerais.


STJ pede autorização para processar José Ignácio
Assembléia decidirá se governador sofrerá ação penal

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Barros Monteiro pediu ontem à Assembléia Legislativa do Espírito Santo que conceda licença para a abertura de processo contra o governador do Estado, José Ignácio Ferreira.

A ação pretende apurar se ele praticou crimes eleitoral e contra o sistema financeiro na campanha de 1998.

Relator de inquérito contra Ignácio, Barros Monteiro decidiu enviar ofício à Assembléia pedindo que os deputados estaduais decidam se autorizam ou não a instauração da ação penal, com base em denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, na semana passada.

Além do foro privilegiado no STJ, os governadores dispõem de outra proteção: só podem ser processados após essa autorização, de caráter político. É provável que ele termine o mandato, no dia 31 de dezembro próximo, antes da decisão dos deputados. Nessa hipótese, a ação tramitará em uma vara da Justiça Federal no Espírito Santo.

A denúncia foi oferecida contra o governador e outras 11 pessoas tidas como envolvidas em operação supostamente fraudulenta de empréstimo no Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), no valor de R$ 2,6 milhões. O objetivo seria quitar dívidas da campanha de Ignácio, imediatamente depois que ele foi eleito, no primeiro turno.

A fraude consistiria em, após tomar um empréstimo sem oferecer as garantias normalmente exigidas, transferir o dinheiro a três doadores da campanha, para que eles depositassem o valor em outra conta dele como “doação” ao governador eleito.

No relatório, Barros Monteiro observa ser “relevante notar que o dia do depósito (30 de outubro de 1998) era o último dia anterior à data-limite estabelecida pela Lei 9.504/97 para apresentaçao à Justiça Eleitoral da prestação de contas da campanha política e do extrato de sua conta de movimentaçao”,

Para realizar a operação, Ignácio teria deixado um saldo negativo de R$ 2,6 milhões na conta bancária que havia aberto exclusivamente para receber doações para a campanha. Em seguida, teria aberto outra conta para receber o empréstimo e transferir o valor às empresas Target Importação, Exportação e Representação, Construtora CEC e HMG Engenharia e Construção.

O governador é acusado de praticar três crimes contra o sistema financeiro, chamados crimes do colarinho branco. O principal deles é a gestão fraudulenta de instituição financeira, que tem previsão de pena de reclusão de até 12 anos. O crime ele itoral que teria cometido é a falsificação de documento para fins eleitorais (doação inexistente).

Os outros denunciados são o cunhado Gentil Antônio Ruy, diretores do Banestes, os proprietários das três empresas e um funcionário da Target, que teria atuado como procurador dos três doadores.


Olívio apresenta projeto de nova universidade
A nova instituição e a exportação de produtos não-transgênicos foram os temas dos encontros de ontem

Se as negociações entabuladas pelo governador Olívio Dutra vingarem, o Rio Grande do Sul poderá ter em breve uma nova universidade: a Universidade Global Porto Alegre.

A criação da nova instituição e a exportação gaúcha de produtos não-transgênicos foram os dois temas predominantes nos encontros realizados ontem pelo governador, no segundo dia de sua viagem oficial à Alemanha.

Pela manhã, recém-chegado a Berlim num vôo proveniente de Frankfurt, Olívio rumou para a sede nacional da Fundação Rosa Luxemburgo, órgão de educação política do PDS alemão (ex-partido comunista da Alemanha Oriental), com a qual discute, via a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), uma parceria para a concretização do projeto de uma “universidade social” no Estado, surgida do espírito do Fórum Social Mundial. A base teórica da nova universidade seria a discussão de temas pertinentes à “construção de um mundo pós-liberal”.

– A universidade social tratará de temas como economia solidária, democracia participativa, direitos humanos e ambiente. Será uma forma de perpetuar durante todo ano as discussões do Fórum, e torná-lo permanente – definiu o governador.

Suas ambições são grandes. A idéia é que a ação deflagre um processo de criação de universidades regionais complementares e similares em outros continentes. A universidade social gaúcha seria financiada pela Fundação Rosa Luxemburgo, que abrirá até o final do ano um escritório em São Paulo, e outras instituições que viriam a se integrar ao projeto. O Estado contribuiria com os recursos humanos. Olívio pretende anunciar o primeiro curso de verão em janeiro, durante o 3º Fórum Social Mundial.

Às 14h, o governador almoçou no terraço do restaurante Refugium com o ministro substituto do Ministério da Defesa do Consumidor, Alimentação e Agricultura, Gerald Thalheim, logo antes da reunião com a secretária-geral da Federação da Indústria e Óleos Vegetais, Petra Sprick. Dos dois, ouviu as mesmas palavras: a Alemanha tem grande interesse em importar produtos não-transgênicos do Estado. Para a secretária Petra Sprick, o problema está em garantir o selo de garantia e a rastreabilidade do produto, sabendo-se que no Estado há plantio e comercialização de soja transgênica. Ela revelou ainda um outro problema a ser enfrentado:
– Segundo nossas pesquisas, o consumidor quer um produto orgânico, mas é verdade que na hora do business (negócio), o comprador vai dar preferência ao preço.

Novos estudos e reuniões ficaram de ser agendadas entre o governo do Estado e os alemães para um eventual acordo de exportação de soja orgânica.

Numa apresentação das potencialidades de investimentos e negócios no Rio Grande do Sul realizada para um público de cerca de 30 pessoas (que contava com a presença de um membro fundador do movimento para a criação do Orçamento Participativo em Berlim), no final da tarde, na sede da embaixada do Brasil, além da agricultura sem transgênicos, o governador foi também indagado a respeito de sua posição sobre o protecionismo europeu aos produtos agrícolas brasileiros.

– O protecionismo não é o melhor caminho para os produtos agrícolas aqui na Europa. Nós não temos como competir com os altos subsídios dos americanos e europeus à agricultura. A valorização do nosso produto passa também pelo subsídio – disse.

Olívio Dutra defendeu uma política de cotas para os produtos agrícolas e a implantação de trocas equilibradas entre os países.

Hoje, às 8h45min, a comitiva do governo embarca de volta para Frankfurt. O principal compromisso do dia tratará da possibilidade de investimentos de geração de energia eólica no Estado, do qual participará também a secretaria estadual de Minas, Energia e Comunicações, Dilma Rousseff.


Publicação para PMs é proibida em quartéis
Edição lembra ex-secretário José Fernando Eichenberg

O jornal Correio Brigadiano teve sua edição da primeira quinzena de agosto proibida de circular nos quartéis da Brigada Militar (BM).

A determinação partiu do subcomandante-geral da corporação, coronel Luiz Antônio Brenner Guimarães, depois de consulta à Procuradoria-geral do Estado (PGE).

O jornal bimensal, editado pela Associação Pró-Editoração à Segurança Pública (Apesp) e pelo Grupo Polost, conjunto de empresas que atuam na área de mídia especializada em segurança pública, tem tiragem de 30 mil exemplares e é distribuído gratuitamente em locais freqüentados por policiais militares.

Na edição cuja distribuição foi vetada pelo governo do Estado, a capa da publicação homenageia o ex-secretário da Justiça e da Segurança Pública José Fernando Cirne Lima Eichenberg, morto no mês passado. Eichenberg exerceu o cargo durante a gestão de Antônio Britto (PPS) no Palácio Piratini. “Morre o último secretário de segurança pública do Rio Grande do Sul”, diz a manchete do jornal de 24 páginas.

Procurado por Zero Hora, o diretor-presidente do Grupo Polost, tenente-coronel Vanderlei Martins Pinheiro, não quis se manifestar sobre o assunto. A assessoria jurídica do grupo informou estar avaliando a possibilidade de ingressar com mandado de segurança contra a proibição determinada pelo comando da Brigada.


Deputado
Até amanhã, a Escola do Legislativo da Assembléia Legislativa recebe inscrições para o próximo Deputado por um Dia. Podem participar escolas com alunos da 7ª série ao 3º ano. Fone: (51) 3210-1167.


Artigos

Apesar dos pardais e das multas
Cândido Norberto

A notícia que serviu de manchete de primeira página deste jornal, sexta-feira última, foi um alarme. Alarme terrível. Trágico. Fúnebre. Ei-la: “Trânsito gaúcho bate recorde de acidentes desde o novo código”. É claro, intuitivo, lógico, berrante, que a culpa desse crescimento de acidentes de trânsito não é culpa do novo código, que é bem mais severo que o anterior. Nem dos discutidos e por tantos amaldiçoados “pardais”. Nem das multas que estão sendo aplicadas aos infratores das leis de trânsito. O que se pode dizer e lamentar é que o número de acidentes e mortes nas ruas e nas estradas vem aumentando de forma sensível e trágica, apesar do novo código, apesar das punições administrativas e financeiras que vêm sendo aplicadas aos faltosos. Se apesar destas o quadro se agrava, mais ainda teria se agudizado sem elas. Sem pretender exaurir o tema, me permito alinhar, em vôo de pardal, sem trocadilho, as causas mais visíveis dessa trágica progressão. Entre elas, desde logo, a leviandade (para não dizer mais) de incontáveis motoristas, idem de muitos pedestres. E mais estas, não necessariamente na mesma ordem: o número de veículos motorizados vem crescendo dia a dia e com maior rapidez; a população aumenta expressivamente; multiplicam-se as facilidades para a compra de carros novos e mais ainda para carros usados, muitos deles mais do que usados, velhos, caindo aos pedaços. Ainda outro dia, contei: só num dos lados da Avenida Ipiranga existem mais de 40 revendas de carros de segunda, terceira e sei lá quantas mãos. O mesmo no trecho Porto Alegre-Viamão. Entre os usados, muitos se encontram em precaríssimo estado de conservação, apesar da “guaribada” a que foram submetidos. Não por acaso, são oferecidos a pre


Artigos Relacionados


TSE não evita ataques

PT inicia campanha com ataques

Ataques predominam no debate

CRE discute ataques terroristas com bomba

Vices insistem na linha dos ataques

Segurança: Já são 187 os presos suspeitos de participação nos ataques