Ataques predominam no debate









Ataques predominam no debate
Governos anterior e atual motivam críticas de todos os candidatos, que deixam propostas de lado

O debate entre os candidatos ao governo ontem à noite na Rede Bandeirantes foi polarizado entre Tarso Genro, do PT, e Antônio Britto, do PPS, até durante intervenções dos outros seis presentes. A troca de acusações e as críticas aos governos anterior e atual predominou em vez da apresentação de propostas. Tarso chamou Britto de arrogante e de homem do marketing por ter privatizado estradas e estar percorrendo o Interior culpando o governo Olívio Dutra pela existência dos pedágios. O petista cobrou compromisso assumido de não privatizar a CRT e a CEEE, mas que não foi cumprido. Seguiu dizendo que o adversário não tem modéstia nem categoria para debater por não responder às perguntas. O candidato do PPS rebateu, dizendo que Tarso só poderia estar se autodefinindo.O candidato do PPB, Celso Bernardi, cobrou de Tarso o não-cumprimento de compromisso assumido com os eleitores ao deixar a Prefeitura de Porto Alegre para concorrer ao governo. Tarso chamou Bernardi de subserviente à candidatura de Britto. Germano Rigotto, do PMDB, acusou o candidato do PPS de não dialogar durante o seu governo e lembrou que chegou a chamar deputados de oposição de 'micuins'. Carlos Schneider, do PSC, propôs retenção dos recursos da CPMF no Estado e José Vilhena, do PV, a devolução de índice maior de ICMS aos municípios que tratarem o lixo. Aroldo Medina, do PL, prometeu elevar em 10 mil o efetivo da Brigada Militar. Caleb de Oliveira, do PSB, criticou os pedágios.


Brizola diz que não há ideologia nestas eleições
O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, declarou ontem que estas eleições não têm nenhum conteúdo ideológico. 'As crateras que estão tornando intransitáveis as estradas brasileiras não são de esquerda nem de direita', afirmou. Segundo Brizola, os problemas do país só poderão ser resolvidos pelo novo presidente. Acha que isso irá depender da busca de maioria no Congresso Nacional muito mais do que de identidade ideológica.

Com a vitória do presidenciável Ciro Gomes, Brizola acredita que haverá clima favorável para a aglutinação entre os partidos da Frente Trabalhista, PDT, PPS e PTB, como alternativa 'a esta malograda experiência neoliberal'. Ele lamentou o avanço de países poderosos sobre os mais indefesos. Disse que essas nações frágeis têm entregadores. Para Brizola, no caso do Brasil, o maior deles é o presidente Fernando Henrique Cardoso. Acusou 'as suas decisões desastrosas de vender sistemas de serviços públicos inteiros'.

Brizola apontou como uma das soluções o fim da associação de interesses internacionais lesivos à economia brasileira. Afirmou que FHC foi 'bobo alegre' e não agiu de má-fé. 'Nos salões internacionais, recebendo títulos de doutor honoris causa, enchiam o balão dele. Como corvo, estava no galho, com o queijo no bico, até que começou a ser elogiado pela raposa. Ela chamou de azul lindo o negrume daquela ave agourenta. FHC, embevecido, largou o queijo', narrou.

Sobre o presidenciável do governo, José Serra, Brizola comentou que é uma espécie de clone de Fernando Henrique. Disse que ainda na década de 70 os dois 'entregaram a alma ao demônio'. Segundo o presidente do PDT, Serra nunca fez nada de extraordinário. Exemplificou com a questão dos genéricos, argumentando que foi iniciativa do seu antecessor, Jamil Haddad. Brizola também criticou Anthony Garotinho, do PSB, apontando que violou as regras da República quando invocou valores religiosos para obter vantagens eleitorais. 'Tenho formação evangélica e metodista, mas nunca ingressei num templo para pedir votos', afirmou.


Equipes finalizam estrutura para propaganda
A oito dias do começo da propaganda eleitoral gratuita de TV, as assessorias dos principais candidatos ao governo acertam os últimos detalhes para pôr programação no ar que promete esquentar a campanha ao Palácio Piratini. Todos garantem que irão se deter na apresentação de propostas, mas as comparações e as críticas aos adversários serão inevitáveis.

A equipe do candidato Celso Bernardi, do PPB, coordenada por Tânia Moreira e Fábio Bernardi, da Mor Produtora, conta com acervo de fitas de campanhas passadas para resgatar promessas feitas por antigos adversários. Segundo Fábio, a eficácia dos programas será medida por pesquisas qualitativas feitas ao final de cada veiculação. A imagem do candidato não será alterada. Bernardi não recorrerá a regimes de última hora nem mudará o corte do cabelo. 'A campanha está sendo marcada pela autenticidade. Queremos mostrar na TV o Bernardi que os eleitores vêem nas ruas, não um produto', argumentou Fábio. Mauro Dorfman, diretor de criação da Fisher América Sul, responsável pelos programas de Germano Rigotto, do PMDB, está otimista quanto ao resultado pela boa imagem e experiência do candidato com a TV. 'Ele se cuida naturalmente. Estamos até usando seu próprio figurino nas gravações', afirmou. Dorfman salientou que, apesar de ter de fazer programas racionados em função dos poucos recursos em caixa, enfrenta o desafio de transformar o horário político em algo que não seja chato para o eleitor.


Vieira: “Renuncio e não volto atrás”
Alega não concordar com a decisão do PDT nem ter condições de conduzir a campanha do PPS

A aproximação do PDT com o PPS na eleição ao governo do Estado vem causando problemas aos trabalhistas desde sexta-feira, quando o presidente nacional, Leonel Brizola, chegou a Porto Alegre para convencer as principais lideranças a aceitarem o apoio. Além das fortes resistências enfrentadas pelos deputados no Interior, que ouviram queixas da militância, o presidente regional, Vieira da Cunha, deixou o cargo. Descontente com os encaminhamentos de Brizola, Vieira renunciou ao comando do PDT no final do encontro, minutos antes de ser comunicada a possibilidade de aliança com o PPS. Enquanto visitava ontem à noite as filhas recém-nascidas no Hospital Mãe de Deus, confirmou a atitude: 'Renunciei por não concordar com a decisão tomada pelo meu partido e não voltarei atrás'.

A portas fechadas, na reunião de sexta-feira, Vieira argumentou que não teria condições de conduzir pelo PDT a campanha do PPS ao Palácio Piratini e que também estaria com dificuldades de trabalhar por sua reeleição à Assembléia Legislativa. Os apelos dos que estavam na sala e do próprio Brizola não foram suficientes para que recuasse da decisão. Ele deixou a sede do PDT antes do início da entrevista à imprensa. No encontro dos pedetistas com a direção do PPS, sábado pela manhã, o deputado não compareceu.
Vieira foi uma das lideranças do partido que mais insistiram junto a Brizola pela manutenção da candidatura própria ao governo e a substituição de José Fortunati. Ele chegou a assumir internamente a condição de candidato, mas foi convencido pelo presidente nacional do partido a desistir, abrindo caminho para a aproximação com o PPS. Antes de deixar o Rio Grande do Sul, Brizola se reuniu sábado com lideranças do PDT e pediu que insistam para que Vieira permaneça no comando partidário. Integrantes do PDT acham que a renúncia do presidente regional é problema superável com entendimentos ao longo da semana. Acreditam que o convencerão a permanecer no cargo. Apostam que a renúncia ocorreu no calor dos acontecimentos e porque se sentiu constrangido ao forçar a candidatura própria ao governo, posição frontalmente contrária à de Brizola.

Lideranças que estiveram final de semana no Interior sentiram as dificuldades de convencer a base de que o apoio ao PPS representa a melhor solução. O deputado Pompeo de Mattos, designado pela direção nacional para percorrer os municípios e tentar aparar as arestas conversando co m a militância, disse que está sendo complicado convencer os companheiros de partido.


Agenda dos candidatos

HOJE
11 Celso Bernardi (PPB)
Manhã: gravação de programas de rádio e TV. 20h: São Sebastião do Caí.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
14h: gravação de programa de TV. 19h30min: Federação Israelita. 22h15min: Bar Opinião.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
12h: reunião-almoço da Associação Comercial e Industrial de Lajeado. 19h30min: palestra no DCE da Ulbra. 20h30min: inauguração de comitê, em Porto Alegre. 21h30min: lançamento de candidatura a deputado.
22 Aroldo Medina (PL-PSD)
10h: avaliação do debate. 19h: Viamão.
23 Antônio Britto (PPS-PFL-PT do B-PSL)
10h: gravação de programa de rádio. 12h: reunião-almoço no Grêmio Náutico União. 16h: Cachoeirinha. 20h: Canoas.
43 José Vilhena (PV)
Reunião com equipe de campanha.


Bornhausen comemora decisão sobre Roseana
O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, comemorou ontem a decisão da Justiça Federal de Tocantins, que rejeitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra a ex-governadora Roseana Sarney. Para Bornhausen, começará o processo de reparação que será apenas parcial diante dos 'graves danos morais e materias de que foi vítima'. Ela foi acusada de envolvimento com o desvio de R$ 44 milhões da Usimar, fábrica de autopeças que seria construída em São Luís com recursos da extinta Sudam.


Depoimento muda rumo da apuração em S. André
As investigações sobre o seqüestro e a morte do prefeito de Santo André, São Paulo, Celso Daniel, do PT, podem mudar de rumo com a vinculação dos assassinos aos chefes de rede de corrupção na prefeitura. O ladrão de bancos e seqüestrador Dionísio de Aquino Severo, que foi morto, havia dito ao delegado Romeu Tuma Jr. ter ajudado a capturar a vítima. Dionísio é ligado ao empresário Sérgio Gomes da Silva, que estava com Daniel na hora do crime.


Frente Popular vai comparar governos
O coordenador de TV da Frente Popular (PT-PC do B-PCB-PMN), Jairo Jorge, afirmou que serão priorizados no programa eleitoral gratuito esclarecimentos sobre as propostas dos adversários e comparações do governo Olívio Dutra com os anteriores. 'Não conduziremos campanha rebaixada, mas vamos demarcar bem as diferenças', enfatizou Jorge. O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, já gravou participação para os primeiros programas de Tarso Genro na última visita que fez ao Estado, em julho. Tarso aparecerá em alguns momentos tomando chimarrão para fixar bem a imagem de gaúcho. A direção dos programas de Tarso é de Carlos Gerbase.


IRREGULAR
A notificação das propagandas políticas irregulares está sendo agilizada pela parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Como a administração municipal não pode multar os infratores, os subprefeitos estão encaminhando ao TRE as reclamações e orientando a população a denunciar diretamente para adiantar os procedimentos. Com apenas cinco equipes, o TRE já fez 1.692 autuações e, no prazo de 24 horas, a publicidade irregular é removida. Se insistir no erro, o candidato estará sujeito a multas que vão de R$ 5.320,50 a R$ 15.961,50.


Liberado o médico que troca votos por Viagra
O médico Aarão Luiz Mendes, da Fundação Municipal de Saúde de Teresina, Piauí, que foi flagrado por agentes da Polícia Federal quinta-feira trocando votos por remédios na cidade de Beneditinos, já está em liberdade. Entre os medicamentos mais procurados pelos eleitores estava o Viagra, usado para combater a impotência sexual. O médico realizava consultas e distribuía remédios no comitê político em troca de votos para candidatos à Câmara dos Deputados e à Assembléia.


PT e PMDB procuram convencer base do PDT
Líderes do PT e do PMDB começaram ontem a negociar com as bases do PDT o apoio às candidaturas de Tarso Genro e Germano Rigotto ao governo do Estado. Depois que a cúpula trabalhista aderiu ao PPS, buscam a fatia do eleitorado descontente com a aproximação.

Tarso enfatizou à tarde que pretende conquistar 80% da militância pedetista. Afirmou que os dois partidos têm ideologia semelhante e o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, que anunciou apoio ao PPS no Estado, comete equívoco. Disse que os pedetistas devem refutar a aliança lembrando as duras críticas que Brizola fez durante longo período. Ressaltou que é incompatível a união entre PDT e PPS no Rio Grande do Sul por terem conteúdos programáticos completamente antagônicos. Destacou que Brizola não pode esquecer que patrimônios como a Caixa Econômica Estadual, a CRT e a CEEE, formados no seu governo, foram privatizados durante a administração anterior, entre 1994 e 1998.

Sobre a situação do presidente regional do PDT, Vieira da Cunha, que renunciou ao cargo devido a divergências quanto à aproximação com o PPS, Tarso disse que não descarta a possibilidade de negociar a busca de entendimento. Vieira foi relator da CPI da Segurança Pública, que investigou o atual governo no ano passado. O candidato do PT afirmou que o fato de o PDT fazer parte da base de sustentação do presidenciável Ciro Gomes não será problema. Nesse caso, acredita Tarso, a prioridade é a eleição estadual.

O ex-presidente regional do PDT Sereno Chaise, hoje no PT, enfatizou que Brizola está sendo movido por 'sentimento inferior e de inveja'. Apontou-o como o criador do antipetismo. Salientou que, 'se existisse a candidatura de Lúcifer contra o PT, Brizola apoiaria Lúcifer'.

Rigotto afirmou que o seu programa de governo é semelhante ao do PDT. Disse que a decisão dos pedetistas de apoiar o PPS foi resultado da negociação apenas das cúpulas. O candidato do PMDB aposta que a militância do PDT é contrária à aliança. Enfatizou que Brizola havia dito que existem muitas diferenças programáticas entre o seu partido e os líderes do PPS no Estado e que a aproximação aconteceu devido à sua preocupação em eleger Ciro à Presidência da República.


SOCIALISTA
O candidato do PSB ao Palácio Piratini, Caleb de Oliveira, começou as gravações da sua propaganda de TV pelo Rio de Janeiro. Foram feitos 15 programas, com a intenção de garantir mais visibilidade ao candidato do partido à Presidência da República, Anthony Garotinho, no Rio Grande do Sul. De acordo com a assessoria de Caleb, a participação na TV tentará mostrar ao eleitor propostas que deram certo no Rio e que podem ser criadas no Rio Grande do Sul. Esta semana serão finalizados os roteiros das gravações. A produtora responsável pelo material do PSB é a Lumière.


TRE mostra como funciona a urna
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, coordenou no final de semana eleição simulada no interior do Estado. Leal enfatizou a utilização da 'cola' nas eleições deste ano e chamou a atenção para o voto em dois candidatos ao Senado. As urnas foram apresentadas sábado aos eleitores de Santo Angelo, Ijuí, Cruz Alta, Panambi e Carazinho. Leal esteve ontem em Passo Fundo, Soledade, Lajeado e Estrela. No próximo final de semana, haverá eleição simulada em municípios das regiões de Santana do Livramento e Santa Maria. O corregedor regional eleitoral, desembargador Alfredo Englert, coordenará a simulação em Santa Maria.


Tribunal define lista para substituir Costa Leite
O Pleno do Superior Tribunal de Justiça (STJ) se reúne hoje para definir a lista tríplice com os candidatos que poderão ocupar a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Paulo Costa Leite, ocorrida em 4 de abril. Concorrem ao cargo os advogados indicados em lista sêxtupla pela Ordem dos Advogados do Brasil, entre eles o gaúcho Luiz Carl os Lopes Madeira. Após votação secreta do Pleno, a lista tríplice será submetida ao presidente Fernando Henrique Cardoso, que escolherá o futuro ministro do STJ.


Frente apostará na experiência
Ciro Gomes, candidato da Frente Trabalhista à Presidência da República, pretende usar a experiência administrativa para polarizar o debate com o atual líder nas intenções de voto, Luiz Inácio Lula da Silva, da coligação PT-PL-PCB-PC do B-PMN. O candidato deu por encerrado o embate com o presidenciável pela aliança PSDB-PMDB, José Serra.

Ciro disse ontem, em João Pessoa, Paraíba, que não fará campanha contra ninguém, mas admitiu indiretamente a nova estratégia. 'O candidato do PT é uma pessoa pela qual tenho estima e a nossa divergência se dá no projeto de concepção do Brasil e na experiência administrativa que tenho. Acho que posso melhor servir ao país', afirmou.

Segundo um dos coordenadores políticos da chapa da Frente Trabalhista, deputado Walfrido Mares Guia, do PTB de Minas Gerais, a campanha será construída e não baseada em ataques. Afirmou que os programas da Frente e do PT são parecidos em alguns pontos, como a preocupação com a geração de novos empregos e o crescimento econômico do país. Mares Guia adiantou que serão destacadas propostas de Ciro e suas experiências: 'Quem já botou a mão na massa tem longa vantagem', destacou.

Ciro passeou pela rua Duque de Caxias, principal centro comercial de João Pessoa. Bem-humorado, foi carregado nos braços por um vendedor. No comício relâmpago, também no centro, fez discurso nacionalista, defendendo a libertação do país dos interesses internacionais. Acrescentou que o acordo com o Fundo Monetário Internacional, porém, era inevitável diante da crise.


Garotinho ataca Collor em Alagoas
Anthony Garotinho, que concorre à Presidência pelo PSB, disse sábado, durante discurso em Penedo, que escolheu Alagoas para retomar a campanha pelo país. Alegou que, depois de três semanas no Rio, estava em Alagoas para marcar posição contra a candidatura ao governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, do PRTB. 'O Brasil não pode ficar impassível com a candidatura que representa o atraso e a corrupção', afirmou, solidarizando-se com o governador Ronaldo Lessa, candidato à reeleição. Convocou os demais presidenciáveis a fazerem o mesmo contra Collor.


Jornal dos EUA mostra candidatos
Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e José Serra, do PSDB, apareceram na primeira página do jornal norte-americano The New York Times. A edição de ontem abordou o empréstimo de 30 bilhões de dólares concedido pelo FMI ao Brasil, trazendo como ilustração painéis dos candidatos. A reportagem destacou a possibilidade de o próximo presidente ser de esquerda, levando em consideração o percentual de intenção de votos para Lula e Ciro Gomes, da Frente Trabalhista. Os dois, apontou o jornal, endossaram relutantes o acordo com o FMI.


Líderes do Ceará afastados de Serra
O vice-presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman, reclamou ontem do afastamento de lideranças do partido no Ceará da candidatura de José Serra à Presidência. 'Está claro que a posição de Tasso Jereissati pró-Ciro Gomes é definitiva e ganha força com o crescimento da candidatura do PPS', disse. Segundo Goldman, o apoio de Tasso a candidato de outro partido está prejudicando a campanha de Serra. Avaliou que o tucano deveria tomar a iniciativa de virar o jogo. O presidente Fernando Henrique se reuniu com Tasso semana passada para pedir apoio a Serra, mas não foi atendido.


Petista acha cedo para polarizar
O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem, em São Paulo, que ainda é muito cedo para apontar que a campanha está polarizada entre A e B. Lula se referiu ao fato de ele e o presidenciável da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, estarem em primeiro e segundo lugares, respectativamente, em todas as pesquisas de intenção de votos.

Lula ressaltou que os adversários José Serra, do PSDB, e Anthony Garotinho, do PSB, podem retomar o crescimento nas pesquisas. 'A campanha irá começar de fato no dia 20, a partir do início do horário eleitoral gratuito na televisão. É bom lembrar que Serra tem o dobro do tempo que eu e Ciro', disse Lula.

Ao chegar ao terminal de cargas da rodovia Fernão Dias, na zona Leste da capital paulista, onde participou de ato com caminhoneiros, Lula criticou o que classificou como terrorismo do mercado. Acrescentou que o país não pode ficar subordinado a notícias negativas, como o boato de que Serra iria renunciar à candidatura que fez o dólar disparar e a Bolsa despencar. 'Tentar jogar a queda da Bolsa em cima da queda de Serra é uma heresia', afirmou. O candidato do PT recomendou ao presidente Fernando Henrique Cardoso que olhe para frente e evite que o Brasil mantenha a dependência do capital especulativo.

Questionado se manteria Armínio Fraga na presidência do Banco Central caso seja eleito, Lula disse respeitá-lo como técnico e pessoa. 'Na nossa orientação econômica, ele não cabe', ponderou.


Tucano defende reforma radical
O candidato da aliança PSDB-PMDB à Presidência da República, José Serra, defendeu ontem reforma radical no Código Penal Brasileiro para reduzir a impunidade e inibir a criminalidade. Incluiu o fim da liberdade condicional para condenados por crimes de tráfico, seqüestro e homicídio. 'Ouvi casos de criminosos que têm pena de 16 anos, cumprem um, saem da cadeia e acabam cometendo crimes de novo', comentou. Serra citou o caso do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, acusado do assassinato do jornalista Tim Lopes, que foi solto pela Justiça e retornou à criminalidade.


Vox Populi aponta: Lula 34%, Ciro 29%
O instituto Vox Populi divulgou ontem pesquisa à Presidência da República, apontando o candidato da coligação PT-PL-PCB-PC do B-PMN, Luiz Inácio Lula da Silva, com 34% das intenções de voto. Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT), conquistou 29%. José Serra, que concorre pela aliança PSDB-PMDB, tem 12% e Anthony Garotinho, do PSB, 9%. No levantamento anterior, realizado nos dias 31 de julho e 1º de agosto, Lula chegou ao mesmo índice, 34%. Ciro apareceu com 30%, Serra, 13% e Garotinho, 10%. O instituto ouviu 2.004 eleitores de todo o país entre sexta-feira e sábado. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.


Artigos

O campo precisa dos jovens
Milton Luiz Silvestro e Márcio Antonio de Mello

O êxodo rural nas regiões de predomínio da agricultura familiar, como é o caso do Oeste catarinense, atinge hoje as populações jovens com muito mais ênfase. Cerca de 60 mil jovens daquela região, entre 15 e 30 anos, deixaram o campo nos anos 90. Segundo pesquisa realizada pela Epagri, chega a 12% a proporção de estabelecimentos familiares do Oeste de Santa Catarina habitados por casais com mais de 41 anos de idade e sem a presença permanente de jovens. Isso significa que a continuidade profissional de 10 mil propriedades familiares da região está ameaçada.

Embora sejam enormes as dificuldades encontradas pelos jovens para montar seu projeto profissional na agricultura, ainda é alto o interesse deles em permanecer no campo. É preciso aproveitar esse potencial e utilizá-lo para renovar e fortalecer a agricultura familiar. No entanto, os jovens que ficam no meio rural têm baixo nível de escolaridade, o que dificulta o desempenho da atividade agrícola e organizar e desenvolver novas atividades que se colocam para o meio rural, como é o caso da produção agroecológica, da agroindustrialização artesanal e do turismo rural. O nível de escolaridade atual muitas vezes compromete o exercício de cidadania, na medida em que eles não conseguem sequer ter a cesso aos direitos legalmente constituídos.

A população rural do Oeste catarinense (incluindo pequenos núcleos urbanos) é importante o bastante para que um conjunto ativo de políticas desperte o interesse dos jovens em sua valorização. O mais importante é reunir esforços no sentido de facilitar o acesso à terra, ao crédito e aos mercados e de mudar o ambiente educacional existente no campo, que não é capaz de valorizar o conhecimento e despertar o real interesse dos jovens. Há, no Oeste de Santa Catarina, várias organizações, estatais ou não, preocupadas com o desenvolvimento regional. É das ações decididas desde já que depende o futuro da região, uma das mais importantes áreas da afirmação da agricultura familiar. Não podemos considerar natural o esvaziamento econômico, social, político e cultural por que passa nossa região, sob pena de sepultarmos o modelo de produção agrícola que é a base da economia regional. Logo, não é só um problema dos agricultores, já que o êxodo juvenil significa desperdiçar talentos e oportunidades capazes de promover o desenvolvimento regional e a cidadania no campo. A solução desse grave problema é de responsabilidade de todos que acreditam no potencial da agricultura familiar da região.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

CHANCE PERDIDA
No segundo debate, ontem à noite, os candidatos ao governo perderam a chance de tratarem de assuntos vitais do Estado. Não foram tão agressivos como no encontro de estréia, porém voltaram a assuntos referidos e repetidos nos últimos anos como privatizações e manutenção de mandatos do princípio ao fim. Questões como dívida pública, desempenho do funcionalismo, incentivos fiscais e tributos foram deixadas de lado. Nas poucas vezes em que abordaram temas como desemprego e pedágios, levaram para o debate político inconsistente. Quem foi dormir mais tarde não teve respostas para dúvidas que permanecem sobre como será o Estado a partir de janeiro de 2003. Os candidatos preferiram eleger a picuinha como prato preferido.

ACENO
Tarso Genro aproveitou ontem uma deixa para dizer a Germano Rigotto que, em futuro próximo, poderão conversar muito. Referiu-se, é claro, ao segundo turno e ao apoio que o PT espera receber do PMDB.

QUE PENA!
Se o debate de ontem à noite foi um trailer do que ocorrerá nos programas de propaganda de rádio e TV, a partir do dia 20, desliguemos os aparelhos. Exigimos menos fofocas e mais discussão programática.

SEM FUGIR
1) Esta coluna toma, humildemente, a iniciativa de sugerir temas para o próximo debate: segurança pública, escola pública, situação das estradas e filas para consulta médica;

2) Vieira da Cunha teve coragem ao deixar a presidência do PDT, por ser contrário à aliança com o PPS. Fica mal com Leonel Brizola, porém encaminha-se para grande votação à reeleição, porque será o único a canalizar votos dos inconformados.

ESTRÉIA
Pedro Ruas coordena, às 17h de hoje, a primeira reunião da executiva do PDT como novo presidente estadual. Assumiu no final da manhã de sábado e representará o partido na comissão que estudará o programa de governo liderado pelo PPS.

NOVA MORDIDA
Prepare o bolso: o Congresso Nacional vai instituir uma taxa de iluminação com o nome de contribuição a ser cobrada pelas prefeituras. Parlamentares não costumam se negar a apoiar aumento de impostos. Assim, o Executivo fica lhes devendo favores para cobrança posterior.

DIFERENÇA
Só para lembrar. Em janeiro de 1985, o presidente eleito Tancredo Neves foi a Washington para avisar aos banqueiros: 'Nossa dívida não será paga com sangue dos brasileiros'. Não houve qualquer abalo.

VIRADA
Agora, só PSTU e PCO, chamados nanicos da esquerda, insistem no slogan 'Fora, FMI'. Demais, que fizeram campanha, deixaram a raia.

GAUCHADA
Em Santa Catarina, 95 candidatos às eleições deste ano nasceram em outros estados. Do Rio Grande do Sul são 50. Depois, vêm Paraná com 15, Rio com 12, São Paulo com seis e Minas, quatro. Há um da Ilha da Madeira e outro de Moçambique.

CONFUSÃO
O panfleto Tronco Informa está causando polêmica e confusão na Câmara Municipal. Com tiragem semanal de mil exemplares, circula na Vila Cruzeiro e joga pesado contra a prefeitura. O jornalista Marcos Bernardi, dissidente do PC do B, assume a autoria e diz que o vereador Sebastião Melo, alvo de ataques do PT, apenas apóia fornecendo o papel.

APARTES
Coincidência: esposa de Lula chama-se Marisa. Do candidato a vice, José Alencar, também Marisa.

Em outros estados, o PSDB cobra participação do PMDB na campanha de Serra. No RS, nem isso.

Vereador Isaac Ainhorn lembra frase de seu ex-colega na Câmara Valneri Antunes: 'A política é dinâmica'.

Votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias promete hoje galerias agitadas na Câmara Municipal.

Deputado João Nardes vai se filiar hoje ao Sintergs. É técnico-científico da Fundação Gaúcha do Trabalho.

ACM convida Brizola para conhecer o que é que a baiana tem.

Garotinho usará TV para passar o chapéu cantando 'ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro...'.

Deu no jornal: 'Serra diz que Ciro quer ver o dólar subir'. Além dos seus índices nas pesquisas, é claro.

Companhias de gás poderiam afixar cartazes com seguintes dizeres: 'Seu botijão vem cheio de... impostos'.


Editorial

O ACORDO E OS MERCADOS

A semana que se inicia assume uma importância decisiva por ser a primeira após o acordo do governo brasileiro com o Fundo Monetário Internacional. O povo brasileiro espera que o acordado sirva para mitigar a alta do dólar, diminuir o risco país e devolver a tranqüilidade aos mercados. Afinal, é uma legítima expectativa de quem será o primeiro a ser chamado para pagar a conta de um eventual insucesso. Tudo parece indicar que 'ruim com o acordo, pior sem ele'. E se o montante de 30 bilhões de dólares, com juros mais baixos do que os que são praticados em nível internacional, tiver neste e no próximo governo um gestor responsável, isso poderá fazer com que o mercado se acalme, diminua a especulação financeira e se tenha um cenário adequado para que a produção primária e industrial, além dos serviços, assuma a importância que lhe cabe na nossa economia.

É visível que atingir uma estabilidade econômica no momento não será algo pacífico, já que o país atravessa as turbulências próprias do período eleitoral, no qual os candidatos preparam-se para gerir o governo de acordo com seus respectivos programas econômicos. Com isso, os investidores internacionais mostram-se mais reservados, pois não sabem quais as diretrizes que irão viger na economia na próxima gestão, fazendo-se mais exigentes, com juros mais altos e prazos mais curtos. É por isso que é importante que os atuais candidatos à Presidência da República procurem agir mais como bombeiros que como incendiários, uma vez que é tênue o equilíbrio que se atingiu e qualquer brisa mais forte poderá atingir contornos de tempestade se não houver a contribuição de todos. Claro que não se pretende que eles abram mão de suas idéias, mas que ajam com cautela ao apresentá-las.

O Brasil é hoje uma das maiores economias do mundo e a maior da América Latina. Seu potencial de produção ainda não ocupa o lugar que lhe cabe na economia globalizada, nem tampouco sua população usufrui da produção que temos condições de gerar. O desafio do crescimento continua para todos, sendo que, para tanto, precisamos de uma economia com estabilidade, com mercado interno e externo. É por isso que os frutos do atual acordo com o FMI devem ser direcionados para a retomada da aplicação de capitais nos setores produtivos, varrendo-se a pura esp eculação, que é apátrida e sem bandeira.


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08/12/2002


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