Vices insistem na linha dos ataques









Vices insistem na linha dos ataques
Debate na televisão é marcado por temas ligados à segurança pública, à previdência e às finanças

Os candidatos a vice-governador debateram ontem à noite, na TVE, enfatizando segurança, previdência, finanças públicas e saúde. O vice-governador licenciado Miguel Rossetto, que concorre pela Frente Popular (PT-PC do B-PCB-PMN), afirmou que até o final do ano o Executivo irá zerar o déficit primário (despesas com pessoal e investimentos, excluindo-se o serviço com a dívida). Rossetto comprometeu-se a renegociar a dívida com a União e solucionar os problemas financeiros enfrentados pelo IPE.

O vice na chapa de Germano Rigotto, da União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS), Antonio Hohlfeldt, cobrou política de combate ao desemprego, em Porto Alegre, acusando a prefeitura de nunca haver concretizado o Distrito Industrial da Restinga. Sobre o IPE, observou que o PT teve quatro anos para modificar o sistema. Germano Bonow, candidato da aliança Rio Grande em Primeiro Lugar (PPS-PFL-PT do B-PSL), salientou que a falta de geração de empregos na Restinga 'é o símbolo da incompetência administrativa do PT'. Cobrou a aplicação de recursos na saúde.

Denise Kempf, que concorre na chapa de Celso Bernardi, do PPB, chamou Rossetto de arrogante e cobrou a realização das propostas de governo. Salientou que ele apresenta dados de Estado virtual e criticou o Orçamento Participativo. O candidato José Marinho, do PCO, defendeu a extinção das polícias Civil e Militar, substituindo-as por polícias municipais escolhidas pela população. Participaram dez dos 11 candidatos.


Dorneu aposta no turismo melhor
O secretário-geral do diretório regional do PPB, Dorneu Maciel, que concorre à Assembléia Legislativa, declarou ontem que pretende ser o deputado do turismo, destacando o potencial que o Estado tem para esse setor. 'O maior exemplo é a Espanha, que transformou o turismo numa fonte riquíssima de arrecadação, gerando empregos e impostos', comentou. Um dos projetos que desenvolveu foi o da criação de parque temático gaúcho para instalação em um município da região Metropolitana. Referiu ainda como cenários extraordinários Itaimbezinho e Fortaleza, em Cambará, que considera mais bonitos do que os cânions dos Estados Unidos. Outras regiões que Dorneu julga com amplas condições de receber mais turistas são a das Hortênsias, das Missões, pelos conteúdos histórico e cultural, e dos Vinhedos, que classifica como mais bela do que o interior da França.

Dorneu pretende ainda incentivar o turismo na região das lagoas que se interligam, junto ao Litoral. Lembrou que muitos gaúchos e brasileiros viajam ao Chile para passear pelos lagos, cujas características são idênticas às encontradas no Estado. Sobre o Litoral, acredita que existência de fluxo turístico durante todo o ano deve deixar de ser apenas discurso, como até agora ocorreu. Acredita que o poder público pode fazer muito mais pela região. Dorneu referiu ainda a riqueza da culinária gaúcha, que, pela originalidade e pela riqueza, é a única no país, segundo ele, que pode atrair turistas. Com todas essas condições, o secretário-geral do PTB acredita ser possível ampliar o deslocamento de gaúchos pelo Estado e trazer gente de fora, inclusive estrangeiros, para conhecer a natureza. 'O governo deve entender o turismo como atividade econômica', disse ainda.


Tarso: 'O verdadeiro PDT não vai pular a cerca'
O candidato ao Palácio Piratini pela Frente Popular, Tarso Genro, voltou a defender a adesão do PDT na disputa ao governo do Estado ao participar ontem, em Ijuí, de showmício na Praça da República. Para o candidato, 'o verdadeiro PDT não vai pular a cerca e apoiar o projeto neoliberal'. Ressaltou que lutas históricas do trabalhismo liderado por Leonel Brizola, como a reforma agrária, a Caixa Econômica Estadual, a CEEE e a CRT, foram desprezadas por um modelo que deseja voltar ao governo gaúcho. 'Quem não não perdeu o rumo está aqui nesta praça', reforçou o candidato.

Tarso demonstrou confiança na vitória ainda no 1º turno. Ele argumentou que um terço dos eleitores está identificado com o projeto de governo defendido pela Frente Popular, enquanto outro um terço não se afina ideologicamente. Com esse argumento, o candidato apelou para que a militância assuma caráter de 'representação' e conquiste, com conversa e persistência, os votos do restante dos eleitores.

De acordo com Tarso, o modelo neoliberal pode ser caracterizado como o que constrói a exclusão e a desigualdade. O candidato ao governo lembrou que, para essa ideologia, o desemprego e a miséria caracterizam-se com um custo social. 'As pessoas não podem representar números a serem contabilizados na tragédia social', reforçou. O showmício em Ijuí contou com a presença do cantor Leonardo. Antes do evento, foi realizada carreata em apoio às candidaturas majoritárias e proporcionais pelo PT.


Brizola modifica campanha do Rio
Os eleitores que estavam acostumados a assistir a ataques entre os candidatos ao governo do Rio sentiram semana passada esse clima na campanha ao Senado. Bastou Carlos Luppi, do PDT, mirar o adversário Marcelo Crivella, do PL, para os comitês se alertarem. O ataque de Luppi foi estratégico. Agora, o alvo preferencial de Leonel Brizola, que também concorre ao Senado pelo PDT, será o deputado estadual Cabral Filho, do PMDB, que está liderando as pesquisas com folga. Segundo Luppi, Brizola irá atacar Cabral para tentar diminuir a diferença nos índices de intenção de voto.


Rigotto conta com apoio de pedetistas
Germano Rigotto, candidato ao governo do Estado pela coligação União pelo Rio Grande, recebeu ontem o apoio formal do prefeito de Nova Pádua, Dorvalino Pan, do PDT, do vice Itamar Bernardi e de toda a bancada do partido no município. 'Essas adesões são o início de um processo natural', avaliou Rigotto. De acordo com o candidato, seu projeto, considerado de centro-esquerda, tem muita proximidade com o que vinha sendo defendido pelo PDT. 'Esse apoio demonstra o reconhecimento pelo programa que estamos desenvolvendo', ressaltou. Rigotto destacou que depois de tudo o que foi dito sobre as diferenças entre os programas do PDT e do PPS no Estado ficou claro que as bases do partido discordariam da decisão tomada pela cúpula nacional. O candidato também recebeu apoio de vereadores do PDT de Caxias do Sul.


Eleitores testam as urnas com impressora
Durante votação simulada, ocorrida ontem nos municípios que contarão com voto impresso no Estado, São Leopoldo, Esteio e Sapucaia do Sul, os eleitores puderam se familiarizar com o sistema. Em Esteio, o maior problema foi a demora. Algumas pessoas se atrapalharam e levaram até cinco minutos para completar a votação, quando o ideal, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), é pouco mais de um minuto. Na urna com impressora, depois de digitar o último voto, o eleitor confirma duas vezes para observar a cédula impressa através de lente antes que seja depositada na urna. 'As pessoas não estão conseguindo enxergar o voto impresso', apontou Thiago Rückert, auxiliar de cartório em Esteio.

O objetivo do teste é verificar a confiabilidade da urna eletrônica. Três por cento das urnas com voto impresso serão apuradas pelos sistemas eletrônico e manual. Quando não concordar com a impressão, o eleitor deverá votar novamente. É possível fazer duas tentativas. Se a visualização continuar diferente da intenção de voto, haverá orientação para uso da cédula de papel.

O presidente do TRE, Marco Antônio Barbosa Leal, afirmou que nesse sistema é ainda mais importante levar os números dos candidatos anotados. Segundo ele, em São Leopoldo a média de tempo ficou próxima do ideal. Em outros municípios, o voto simulado não i mpresso atraiu eleitores dispostos a praticar para evitar erros em 6 de outubro. Em Porto Alegre, formou-se fila para usar a urna instalada no Brique da Redenção.


Agenda dos candidatos

HOJE
11 Celso Bernardi (PPB)
9h: gravação de programa de rádio e TV. 19h30min: Nova Prata. 21h: Veranópolis.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
9h: gravação de programa de rádio e TV. 12h15min: Caxias do Sul. 19h30min: Santa Cruz do Sul.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
9h: reunião conselho político. 14h: encontro com Associação dos Diários do Interior, hotel Plaza São Rafael. 17h: Canela.
22 Aroldo Medina (PL-PSD)
15h: Esteio.
23 Antônio Britto (PPS-PFL-PT do B-PSL)
MANHÃ:
gravação de programas de rádio e TV. Tarde: Alvorada e Viamão.


Bernardi promete: reativa Fundopem
Celso Bernardi, candidato do PPB ao Palácio Piratini, disse ontem que a primeira medida adotada para a Metade Sul será chamar as universidades para criar e concretizar projeto de desenvolvimento que incentive as potencialidades locais. O candidato destacou como vital o apoio integral à agricultura e à pecuária, incluindo a diversificação do setor. Ressaltou que é preciso incentivo governamental na adoção de medidas visando ao crescimento dos pequenos negócios e à atração de empresas para a região. Bernardi prometeu também reativar e reorientar o Fundopem. O candidato assegurou seu apoio no convencimento do governo federal de que o Rio Grande do Sul, especialmente a Metade Sul, precisa receber compensação pelo fato de ser o estado brasileiro que mais sofre com a concorrência dos produtos gerados nos países que integram o Mercosul.


Englert assume cargo no Colégio
O corregedor regional eleitoral e vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Alfredo Englert, foi eleito, no final de semana, em Palmas, Tocantins, tesoureiro do Colégio de Corregedores Eleitorais dos TREs. Uma das resoluções do encontro foi o apoio aos programas institucionais do Tribunal Superior Eleitoral. Foi destacada a importância de reiterar a segurança da urna eletrônica através da votação paralela. Ficou programado novo encontro para avaliação das eleições com a participação de corregedores e presidentes em novembro, provavelmente em Santa Catarina.


ACM diz que confia em Jobim
Embora tenha criticado as decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, do PFL, afirmou ontem que confia no seu presidente, ministro Nelson Jobim, e acredita que ele não vai deixar que 'isso ocorra da maneira como está ocorrendo'. Ao deixar a casa da atriz Patrícia Pillar, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, onde se reuniu por uma hora com o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, ACM afirmou ser contra os ataques ao TSE que não tenham relação com as eleições.

ACM apontou que, coincidentemente, as decisões do TSE têm sido todas contra Ciro. Criticou que o tribunal tem permitido publicações, sem a sigla partidária, de notas em revistas e jornais, que omitem quem está pedindo. O ex-senador ressalvou que Jobim, apesar da amizade com o presidenciável da aliança PSDB-PMDB, José Serra, é 'um homem decente'. Antonio Carlos negou os rumores de que o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, estaria abandonando a campanha de Ciro. Segundo ACM, Bornhausen já havia atribuído a notícia ao tucano Serra.

O ex-senador acrescentou que Ciro está muito bem assessorado em relação ao que deverá fazer contra os seus adversários para assegurar passagem ao 2º turno. 'Na reta final vai correr muito mais do que os outros candidatos', apostou Antonio Carlos. Disse que visitou Ciro para dar a sua opinião sobre este momento da campanha.


Serra aposta na tática da paciência
Diz seguir Seleção Brasileira de Futebol e admite a possibilidade de abrigar o PFL em sua campanha

O candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, disse ontem, durante passagem pela Bahia, que a estratégia de sua campanha será a mesma da Seleção Brasileira. 'Vamos seguir nossa caminhada firme, coerente e com paciência. Assim chegaremos lá e venceremos no final do segundo tempo', afirmou. No aeroporto de Guanambi, onde fez escala antes de subir rumo ao seu primeiro compromisso, na capital baiana da fé, Bom Jesus da Lapa, prometeu revitalizar a lavoura de algodão em todo Sudoeste do estado e incentivar a agricultura irrigada. Disse que uma de suas metas nessa região será incentivar a produção, a industrialização e a transformação do algodão que irão gerar emprego e contribuir na exportação, no progresso e no desenvolvimento do país. Visitou a gruta às margens do rio São Francisco, aproveitando para rezar ao lado da vice da sua chapa, Rita Camata.

Ainda na Bahia, Serra admitiu a possibilidade de abrigar em sua campanha o PFL, que em grande parte apóia Ciro. Explicou ainda que não está participando de nenhuma articulação envolvendo o partido, mas informou que todo apoio ao seu programa será bem-vindo.

A primeira reunião do comitê de Serra no Ceará está marcada para amanhã. O crescimento do candidato tucano nas pesquisas de intenção de voto fez com que simpatizantes saíssem às ruas no estado. O material de campanha que estava parado na sede regional do PSDB começou a circular. O deputado federal Ariosto Holanda, que é um dos colaboradores do projeto de governo de Serra para a área de Ciência e Tecnologia, está trabalhando para fortalecer a candidatura no Ceará.

Há cerca de um mês, Serra e Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, conversaram sigilosamente no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Durante 30 minutos, o diálogo sugeria convergência para o futuro. Porém, em 30 dias o clima mudou bastante. Agora, os candidatos dedicam-se à troca de farpas que tende a se acentuar.


Alckmin resiste a ataques de Maluf
O governador de São Paulo e candidato à reeleição pelo PSDB, Geraldo Alckmin, disse ontem que não vai responder aos ataques e às provocações de seu adversário Paulo Maluf, do PPB. 'Eu não converso com Maluf. Com ele, é na Polícia e na Justiça', afirmou. Acrescentou que o candidato do PPB 'já está condenado e provoca todos os dias. Está na lama e quer puxar'. Maluf voltou a atacar o governador, dizendo que a sua administração é 'frouxa e fraca', quando falava sobre segurança pública. 'Esse é o jogo, atacar e ficar neste bate-bola. Não vou entrar nessa não', respondeu Alckmin.


Ciro é o único a cair, segundo o Sensus
Na pesquisa do instituto Sensus encomendada pela Confederação Nacional do Transporte, o candidato à Presidência pela Frente Trabalhista, Ciro Gomes, foi o único que caiu. Tinha 25,5% das intenções de voto no levantamento anterior e agora está com 18,3%. Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, passou de 34% para 37,7%. José Serra, da Grande Aliança (PSDB-PMDB), subiu de 14,7% para 17,1%. Anthony Garotinho, do PSB, tinha 10,4% e nesta pesquisa conquistou 13,3%. O instituto Sensus ouviu 2 mil eleitores nos dias 5 e 6 deste mês em 195 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.


Emília: neoliberal não tem chance
A senadora Emília Fernandes, candidata à reeleição pelo PT, disse ontem que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República é certa. Para ela, Ciro Gomes, do PPS, e José Serra, do PSDB, não têm chance porque 'representam o neoliberalismo', que, segundo ela, está desmascarado. Com essa perspectiva, Emília disse que já está se preparando para o debate de grandes temas nacionais no Senado caso seja reeleita. A dívida dos estados com a União e o pacto federativo são apontados como os grandes temas que enfrentará. Segundo a senadora, o patamar de redução negociado, em vez de 15%, deveria ser da ordem de 50%. 'O dinheiro tem de ficar nos estados porque o Orçamento da União é uma peça de ficção', declarou ela, que pretende lutar por uma reforma tributária que desonere os municípios. A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e o Mercosul são outras questões essenciais na sua opinião porque envolvem a soberania nacional. 'Da forma como está sendo proposta, a Alca traz grandes prejuízos ao Brasil. É preciso alavancar o Mercosul, que está fragilizado', defendeu.


FHC entra na fase de ataques a Lula
O presidente Fernando Henrique Cardoso reforçou sábado a estratégia do PSDB de ter o PT e o seu candidato ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, como centro dos ataques. As maiores divergências estavam restritas, até então, a José Serra e Ciro Gomes. FHC afirmou que existem integrantes da oposição que falam sobre a universidade sem jamais ter pisado nela. 'O PT está com o mesmo comportamento que tinha em 1994, de que já ganhou as eleições. Nós ainda estamos no páreo', afirmou o presidente nacional do PSDB, José Aníbal. Negou que os dois partidos tivessem vivido uma 'lua-de-mel', violada na última semana: 'O PT fez oposição reacionária nos oito anos'.


Klein critica discriminação ao RS
O candidato ao Senado pelo PMDB, Odacir Klein, afirmou ontem que o Rio Grande do Sul é discriminado pelo restante do país porque o consideram um estado rico. Caso eleito, pretende trabalhar por alteração na Constituição federal, que, segundo ele, privilegia as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste em detrimento das demais. Segundo Klein, os fundos que garantem o repasse automático de 3% do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para os bancos de desenvolvimento daqueles estados deveriam ser estendidos para todo o país. 'Também temos bolsões de pobreza', disse.

Klein salientou que levantamentos do Centro de Pesquisa Correio do Povo, apontando crescimento incessante das intenções de voto para o candidato ao governo Germano Rigotto, podem influenciar o eleitor e alavancar a sua votação ao Senado. Segundo ele, parcela do eleitorado entende que o governo do Estado deve ter um senador vinculado para defender melhor os interesses locais. 'Como eu e Rigotto temos feito campanha juntos, os bons resultados se transferem de um para o outro', declarou o candidato, que foi deputado federal por 16 anos e líder da bancada do PMDB no Congresso.

A disposição de concorrer à vaga de senador, quando nova eleição à Câmara dos Deputados seria mais provável, foi atribuída ao gosto pelo desafio. 'Meu ciclo de deputado já se esgotou. Quero defender interesses estaduais', afirmou ele, que propõe ainda o estímulo à exportação por meio da legislação tributária.


PT tenta tirar medo de pecuarista
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu sábado que os pecuaristas votem sem medo, buscando acabar com as resistências de setores da sociedade dos quais um dia já foi 'inimigo'. Acompanhado do seu vice, senador José de Alencar, do PL, Lula visitou, pela primeira vez, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), entidade considerada símbolo do capitalismo no campo. O encontro, realizado em Uberaba, Minas, foi estratégico. Agora, o comando da campanha do PT não está mais preocupado em subir nas pesquisas, lideradas com ampla vantagem por Lula. Quer, na verdade, diminuir a rejeição do presidenciável, numa preparação para o 2O turno. Lula já visitou várias entidades empresariais, como a Bolsa de Valores de São Paulo e a Federação Brasileira das Associações de Bancos. Em Uberaba, ouviu reivindicações do pecuaristas e causou boa impressão. 'Fiquei surpreso, pois Lula está bem informado das questões do país e do nosso setor', avaliou o presidente da ABCZ, José Olavo Mendes.


União pede direito de resposta ao TSE
A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu ontem ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com pedido de direito de resposta contra o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a AGU, o presidenciável teria dito em seu programa eleitoral que a concorrência do governo federal para aviões supersônicos militares 'é um jogo de cartas marcadas'. No espaço de televisão, gravado na sede da Empresa Brasileira de Aeronáutica, em São Paulo, Lula falou sobre a vinda do secretário de Estado americano, Paul O'Neill, ao Brasil. Segundo o presidenciável do PT, ele buscou pressionar o governo federal a decidir pela compra dos novos caças para a Força Aérea Brasileira de empresas americanas.


Artigos

Soluções de discurso
Helena Bonumá

O assunto segurança pública é prato fácil e apetitoso para propostas e idéias, mas perigoso. Se de um lado tem grande espaço na mídia, por outro exige análise profunda e cuidadosa, para evitar soluções fáceis apenas no discurso. Primeiro, é preciso identificar a origem do problema, tão antigo quanto a humanidade. Temos marginalização e exclusão social e, também, o poderoso negócio de droga e arma transformado em mercado ilegal. Ações para enfrentar isso são de política econômica macro e de contenção inteligente capaz de combater o crime organizado. Ambas passam longe do poder público municipal.

Mas os problemas eclodem aqui, nas calçadas. Um dado apenas. Antes da Administração Popular, gastava-se um terço do orçamento em políticas sociais. Hoje, esse volume passa dos 50%. Não é falta de investimento público o que ocorre. Dizer que a prefeitura exonera-se de gastos é tão fácil quanto inconsistente. Enquanto no país cresce a pobreza, na Capital mantemos o nível de qualidade de vida. De graça não seria.

As ações que o município tem desenvolvido na segurança destacam-se em seus primeiros resultados. A Restinga e o Loteamento Cavalhada são exemplos. Há uma integração das ações municipais em uma perspectiva de prevenção e combate à violência, construindo uma relação com os órgãos de segurança, Polícia e Brigada, que cria a capacidade de intervenção ampliada. De acordo com nosso método de construção de políticas, a população participa também deste processo, tornando a segurança cidadã e pública. Cidadã porque é assumida pelo conjunto social e pública porque desenvolvida pelo Estado com o controle social. Com os limites que o poder municipal tem.

A criação da Secretaria de Segurança no município proposta pela Câmara e vetada pelo Executivo não só não tem amparo legal como não resolve o problema. Dizer que o veto é utilizado para se eximir do problema não se sustenta na vida. Como vimos, o orçamento municipal, definido pela população, é pródigo em investimento social. O central é a causa dos problemas. Sua origem está além do espaço municipal, e não é a Guarda Municipal nos parques que vai resolvê-la. Além disso, integração de ações independe de um órgão específico e passa por um conceito de política pública. É disso que se trata, como temos visto na ação de parceria com o governo do Estado.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

SOBRE OS DEBATES
1) O Centro de Pesquisa Correio do Povo perguntou, dias 5, 6 e 7 deste mês: na sua opinião, o desempenho dos candidatos nos debates de rádio e TV ajudam o eleitor a decidir seu voto? Resultado: não ajudam (28,2%); sim, em parte (40,3%); sim, muito (27,4%); e não sabem (4,2%). Deveria servir de inspiração para que aproveitassem melhor os espaços generosos que têm sido desperdiçados em bate-bocas infindáveis e ataques pessoais inúteis.

2) O crescimento incessante de Germano Rigotto desde a primeira pesquisa (3,9% a 15 de julho) aos 10,4% na mais recente (1a página desta edição) entusiasma os militantes do PMDB no Estado. Corre contra o tempo perdido, porque foi o último a se lançar, e só agora escolheu o seu melhor alvo.

NOMES FAMOSOS
Precursor dos marqueiteiros foi o marceneiro de Minas Pedro Pontes. Na década de 50, deu aos filhos nomes de Jânio Quadros, Leonel Brizola e Carlos Lacerda, entre outros. Dois já foram vereadores.

PRECISA SER VIGIADO
Antônio Ermírio de Moraes na Folha de São Paulo ontem: 'A corrupção é como diabetes. Não tem cura, mas precisa ser vigiada o tempo todo, porque, solta, onera a administração, deteriora valores...'.

MÉTODOS
1) Na campanha ao governo do Estado em 1962, anunciaram a Ildo Meneghetti que ele teria vantagem em relação a 1954: o uso do avião. Recusou: queria seguir viajando de automóvel e parando em cada rancho à beira da estrada para pedir votos; 2) ex-prefeito de Uruguaiana Neito Bonotto também é contra modernidade: dedica parte do dia para escrever cartas de próprio punho a eleitores e deixa de lado o computador.

PROBLEMA DE TODOS
Não se viu ou ouviu os presidenciáveis se referirem de forma consiste ao potencial explosivo da Previdência Social. Um motivo é claro: o forte crescimento da informalidade do mercado de trabalho, que já passa dos 50% da população economicamente ativa. Isso significa o estreitamento da base contributiva do sistema. O déficit ao final de 2003 estará em torno de R$ 120 bilhões.

NA PRESSÃO
Entra em debate na Câmara hoje a operação da autarquia que vai gerir a previdência dos municipários, assunto quente do semestre. Previsão de galerias lotadas. O primeiro impasse é sobre contratação de 104 servidores. Aposentados querem que sejam celetistas e o Executivo, efetivos. Vereadores da oposição também questionam o fato de não ter transitado em julgado a derrubada de emendas do projeto original.

DOS LEITORES
- Daniela Danzell: 'Não resta mais dúvida sobre negociação com credores internacionais. Todos os presidenciáveis querem pagar e os banqueiros, receber. É apenas isso'.

- Celi Croaci: 'Todo programa de governo tem um pouco de sonho. Porém, nesta eleição, os partidos não precisavam exagerar na dose'.

- Draiton Meirelles: 'Candidatos precisam se convencer de que quem bate, perde. Quem apanha também perde. Quem não bate e não apanha, como Lula, só pode ganhar'.

- Danilo Guedes Romeu: 'Apesar de todas as dificuldades da política neoliberal que graça nos pampas, não nos esqueçamos de prestar nossa homenagem ao Banrisul, que vai aniversariar no dia 12 deste mês'.

- Ricardo Santilli: 'O fato mais deplorável no horário eleitoral é um certo candidato ao Senado que apenas vocifera seu ódio contra o PT'.

APARTES
De olho no aumento dos espaços de propaganda em rádio e TV, coligação Rio Grande em 1º Lugar volta ao TRE para tentar incluir PTB e PDT.

Debate da TVE comprova: iniciar-se na política como candidato a vice-governador é uma temeridade.

Duas vezes ao dia, na rádio e TV, candidatos abrem jogo da canelada.

Senador Roberto Freire voltou a Porto Alegre para fazer o que gosta: pedir votos no Brique da Redenção.

Justiça mandou no fim de semana religar luz em 30 casas do núcleo Chapéu do Sol com pagamento em atraso.

Dona Ruth Cardoso não gosta de fotógrafos. Gustavo Miranda, de O Globo, flagrou-a bocejando ontem.

Notícias e comentários do momento: Câmera 2, TV Guaíba, 22h30min.

Deu no jornal: 'Candidatos nanicos garantem fama depois de aparecer na TV'. E concorrem para quê?

Tem candidato prometendo poços cartesianos e lugares na Arca de Jó.


Editorial

POWELL, O ANTI-BUSH

No gabinete governamental republicano que domina a atual política da Casa Branca, somente um nome vem se destacando. E, por estranho que possa parecer, vem do âmbito militar essa única figura a aproximar-se do conceito comum de estadista que se faz. Não que aos militares seja o conceito defeso, pois que todos os países - Estados Unidos com o grande George Washington, um dos melhores exemplos - têm na galeria de seus estadistas nomes vindos da carreira d'armas. Mas não é da essência da profissão ser o militar um cultor das virtudes civis que consagrem perante a história uma figura política. Pois Colin Powell vem sendo a grande referência da Casa Branca como cultor e depositário das esperanças populares do país na administração democrática, no que a expressão tem de mais genuíno, sob o governo de George W. Bush. Não uma democracia apenas de mecânica, nominal porque vinda do voto popular, mas um estado de espírito, um sentimento anímico.

Tem o general sido, nesta perigosa quadra histórica da maior nação do continente americano, a voz mais enérgica do governo na formação de uma consciência de preservação de direitos civis, seja na administração interna da nação, seja no comportamento relativamente ao mundo geograficamente externo. Agora mesmo, como secretário de Estado, afirmou, em visita feita à Inglaterra, não ter a Casa Branca provas suficientes de que seja o Iraque o perigo que o presidente já declarou à opinião pública, portanto um alvo de ataque militar.

Powell pretende ausentar-se da vida pública no fim do atual mandato de Bush, mesmo que o presidente consiga uma reeleição, como é de estilo na política norte-americana. O general tem, reiteradamente, confessado a amigos sua frustração pelo número sempre crescente de 'falcões' que voejam nos círculos oficiais, a denominação eufêmica a representar os belicistas que aconselham o presidente a respeito de política internacional. Quando Powell foi convocado para o posto de maior destaque político do governo, houve, no mínimo, uma perplexidade de comentaristas do país e do estrangeiro. Perplexidade que se transformou com o tempo numa bendita escolha, aliás de efeitos contrários aos imaginados pelo chefe.


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09/09/2002


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