PT negocia aliança com liberais e evangélicos







PT negocia aliança com liberais e evangélicos
Humberto e Dilson conversam com Marcos de Jesus e João de Deus

O PT formalizou ontem o convite para o PL fazer parte do Fórum dos Partidos de Esquerda, criado para tratar de sucessão estadual. A proposta de parceria foi formulada durante um almoço com integrantes das duas legendas. Por conta do atraso do secretário municipal de Saúde, Humberto Costa (PT), a conversa não foi conclusiva, ficando remarcado um novo encontro para ontem à noite com o presidente estadual do PL, deputado federal Marcos de Jesus.

Também participaram do almoço o presidente da Câmara do Recife, vereador Dilson Peixoto (PT), o deputado estadual João de Deus e o vereador Cordeiro de Deus, ambos do PL. "Não conversamos detalhes porque eu e Humberto nos atrasamos. A proposta do PT é interessante, mas eles precisam esclarecer alguns fatos para analisarmos a situação. Tudo será tratado mais tarde", disse o parlamentar.

O presidente da Câmara do Recife procurou colocar um fim nas especulações de que o PT estaria "assediando" o PL para a formação de uma chapa em 2002. "Nossa conversa não foi para fecharmos aliança entre o PT e o PL. Falamos com vários partidos, mas ainda não tínhamos conversados com o PL. Nosso pensamento é o de buscarmos a unidade da oposição", disse.

Para Humberto Costa, o melhor caminho continua sendo o da unidade da esquerda. "Não vejo outra candidatura governista, a não ser de Jarbas Vasconcelos. Mesmo ele deixando o Estado falido", afirmou. Em sua avaliação, a oposição unida tem fortes condições de vencer o candidato do Palácio das Princesas. "Não vejo as divergências políticas que justifiquem duas candidaturas de oposição", assegurou.

ELEIÇÃO - O PDT lança oficialmente hoje, às 10h, na reunião do diretório estadual, o nome do presidente regional do partido, deputado José Queiroz, como alternativa para concorrer ao Governo de Estado em 2002. A recomendação foi feita pelo presidente nacional da legenda, o ex-governador Leonel Brizola. "Brizola ligou dizendo que não abria mão de ter o nome de Queiroz na disputa em Pernambuco", disse o secretário geral do PDT em Pernambuco, Ilo Jorge.

Neste domingo, o PDT realiza um encontro regional da Zona da Mata, em Amaragi. A expectativa é reunir representantes de 20 municípios da região para discutir o futuro da legenda em 2002. Além do PDT, o PSB e o PCdoB realizam seus congressos estaduais. Hoje e amanhã, o PSB promove seu 12º Congresso Estadual. O encontro será aberto às 9h pelo presidente estadual do partido, deputado estadual Jorge Gomes.

Hoje será dedicado aos segmentos do partido: juventude socialista, movimento de mulheres, o ativo popular e o movimento sindical. Amanhã, os socialistas irão discutir três temas: violência, crise energética e o atual momento político-econômico do País. O resultado das discussões servirá de subsídio para a tese sobre o NE que o PSB está elaborando e apresentará no congresso nacional que acontece em novembro, em Brasília. O encerramento será feito pelo presidente nacional do partido, o ex-governador Miguel Arraes.


Mudança na equipe angustia jarbistas
Base do Governo preocupada com substitutos dos secretários que serão candidatos a deputado em 2002

Os deputados governistas iniciaram uma mobilização silenciosa para evitar o favorecimento dos secretários-candidatos na campanha do próximo ano. Querem barrar o continuísmo das atuais equipes por temerem que os secretários indiquem apadrinhados para substituí-los. E, conseqüentemente, permaneçam no controle da máquina, o que provocaria uma desigualdade nas condições eleitorais. A preocupação surge com quatro meses de antecedência porque o prazo para a desincompatibilização se encerra somente no dia 6 de abril.

Seis dos assessores do primeiro-escalão do Governo destacam-se como potenciais candidatos. O secretário de Produção Rural e Reforma Agrária, André de Campos (PFL); e o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Carlos Eduardo Cadoca (PMDB), tentarão renovar seus mandatos na Câmara Federal. Ciro Coelho (PFL), de Recursos Hídricos, é candidato natural à Assembléia Legislativa. Ele está licenciado do seu mandato e tentará a reeleição. O secretário de Saúde, Guilherme Robalinho (PMDB), também devefortalecer a chapa do PMDB e, para isso, pode deixar a Pasta antes do fim da gestão jarbista.

A expectativa vem aumentando quanto à candidatura do secretário de Educação e Cultura, Raul Henry (PMDB), que nunca disputou um cargo no Legislativo, e pode despontar como a novidade do pleito por ser um dos mais próximos do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Na mesma lista aparece o secretário de Desenvolvimento Urbano e Projetos Especiais, o deputado federal licenciado Sérgio Guerra (PSDB). A campanha de Guerra ainda é uma incógnita. Ele pode se lançar ao Senado ou à Câmara dos Deputados.

RECADO - "O que se fala é que todo mundo tem um protegido para ficar em seu lugar. Então o que vai acontecer? eticamente está tudo resolvido. Mas, na prática, eles vão continuar mandando. Com a máquina na mão, acho muito difícil que eles respeitem os nossos redutos", comentou um deputado pepebista que não quis se identificar. "Sempre aparece esta preocupação. A diferença é que, este ano, teremos muitos candidatos saindo doExecutivo", arrematou um outro parlamentar tucano.

A inquietação, garantem dois deputados mais próximos ao Palácio, é grande. "Ninguém tem coragem de dizer isto para o governador, por isto, acaba levando para um secretário e outro. E, quando vê que a coisa tá ficando complicada, leva para a Imprensa. Precisamos dar nosso recado", comentou um pefelista. Por enquanto, a reforma do secretariado ainda faz parte de uma pauta extra-oficial. Estima-se que, de fato, ela só acontecerá em abril, seis meses antes da eleição.

Dos deputados governistas ouvidos, o único que tem uma opinião diferente é João Negromonte (PMDB). Para ele, não é só importante, como fundamental, manter a mesma equipe no comando para que a Pasta continue a funcionar normalmente. "Não me preocupo com o uso da máquina porque o governador não permite isto, seja com quem for", comentou.


Governo insiste em punir fraudadores
Corregedoria da União abre processo de execução fiscal para recuperar R$ 2 bilhões desviados da Sudam

BRASÍLIA - A Corregedoria-Geral da União (CGU) quer, até o fim do ano, iniciar processos de cobrança administrativa e a conseqüente execução fiscal de todos os recursos desviados pelos projetos irregulares na extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). "A CGU vai atrás de cada centavo que tiver sido desviado", afirmou a ministra Anadyr de Mendonça Rodrigues. O montante de desvios no órgão pode chegar a R$ 2 bilhões.

A Corregedoria entrou com uma medida cautelar pedindo a indisponibilidades dos bens de alguns envolvidos nos desvios da Sudam. A ação está em trâmite na 3ªVara Cível de Belém e engloba sete fazendas localizadas no Amapá e Pará, um sítio, dois aviões e seis carros, totalizando R$ 7 milhões. Um outro processo, na mesma vara, contra pessoas jurídicas, envolve um patrimônio de R$ 25 milhões.

A Corregedoria instaurou 40 procedimentos, divididos em 15 comissões de sindicância e 25 processos administrativos disciplinares. Essas investigações resultaram no envolvimento de 140 servidores. Uma outra comissão, formada por dois procuradores federais, foi instaurada para apurar a participação de funcionários públicos da Sudam em irregularidades detectadas no projeto Usimar Componentes Automotivos, responsável por um desvio de R$ 44 milhões.

A comissão interministerial (AGU e Ministério da Integração Nacional) apura a participação de cinco se rvidores e uma ex-funcionária da Sudam, que estiveram presos, provisioriamente, em Tocantins. Neste mesmo processo, que trata de ilegalidades em convênios firmados com a Comissão de Turismo Integrado da Amazônia, a comissão pediu a prisão de outros 31 servidores.

O secretário especial do Ministério da Integração Nacional para Assuntos da Sudam, José Diogo Cyrillo da Silva, entregou um relatório ontem a Anadyr, no qual prevê a necessidade da abertura imediata de cerca de 20 ações administrativas disciplinares, a partir de investigações realizadas pela Polícia Federal (PF) em Altamira (PA), Manaus e São Luís. Os trabalhos de investigação detectaram ainda outras anormalidades no Maranhão, ocorridas na área de abrangência da extinta Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

Todos os convênios firmados pela Sudam em 2000 foram reexaminados, a partir da constatação de que boa parte deles estavam mal instruídos ou continham vícios insanáveis. Com base na nova análise, Anadyr acredita que seja possível restituir as verbas desviadas e a abrir procedimentos de apuração de responsabilidades.


FHC quer candidato único
MADRI - O presidente Fernando Henrique deflagrou o processo de escolha do candidato do Governo à eleição presidencial de 2002. Ele aproveitou as dez horas de viagem de Brasília a Madri para pedir aos presidentes do PSDB, José Aníbal; do PFL, Jorge Bornhausen; e do PMDB, Michel Temer, que o acompanham, a manutenção da aliança em 2002. Fernando Henrique disse que seria bom que, nessa viagem, fosse possível acertar os ponteiros com os presidentes em torno do assunto.

Na conversa ele disse que é preciso ter um candidato da base para enfrentar o crescimento da oposição, numa referência ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Perguntado se ele e os presidentes de partidos haviam chegado a um acordo sobre quem seria o candidato, Fernando Henrique reagiu com bom humor.

"Você acha que, sem estar em terra firme, vai se discutir uma coisa dessas? No ar, não dá para se discutir essas coisas. No momento apropriado, os partidos se juntarão com mais propriedade", afirmou. Aníbal, Temer e Bornhausen, concordam que março é o prazo "de bom tamanho" para a definição do nome de uma provável aliança na sucessão 202. Na conversa ficou claro que é preciso esperar a convenção do PMDB, em janeiro, e o comportamento dos pré-candidatos até o início do próximo ano.

ENCONTROS - Depois da primeira parte da Conferência sobre Transição e Consolidação Democrática, em Madri, FHC teve dois encontros reservados: um com o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e outro com o ex-presidente da antiga União Soviética, Mikhail Gorbachev. O encontro com o ex-presidente norte-americano durou cerca de meia hora.

No encontro com Gorbachev houve uma troca de elogios. O ex-presidente soviético destacou o discurso feito ontem por FHC e o presidente ressaltou as iniciativas políticas de Gorbachev. O encontro também durou cerca de meia hora. Amanhã, FHC passa o dia na casa de campo do primeiro-ministro inglês, Tony Blair, juntamente com ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. O encontro com Blair não estava na programação e o presidente cancelou, inclusive, alguns compromissos que tinha em Madri para seguir para a Inglaterra.


Fita vincula petistas ao jogo do bicho
PORTO ALEGRE - A vinculação entre o governo petista do Rio Grande do Sul e o jogo do bicho, investigada pela CPI da Segurança Pública, recebeu ontem um reforço: diálogo gravado entre o diretor do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira e o ex-chefe de polícia Luiz Fernando Tubino mostra, em alguns trechos o vínculo existente entre banqueiros e o PT. "Ao longo desta campanha do Olívio, da outra do Tarso (Genro) e das outras, sempre tivemos relação muito boa, muito estreita, com este pessoal do jogo do bicho", disse Oliveira.

As suspeitas dos deputados cresceram em razão dos descompassos entre a lista dos seus colaboradores que teriam financiado a campanha de Olívio em 1998 e as declarações de algumas dessas pessoas. Para mostrar à CPI que não recebeu dinheiro ilícito, a empresa citou 24 colaboradores. Alguns destes, como a empresa Marcopolo e o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, porém, contradisseram o Clube de Seguros.

A desconfiança em relação a bicheiros surgiu quando quatro delegadosdisseram ter ouvido no início de 1999, do então chefe de Polícia, Luiz Fernando Tubino, que o dinheiro repassado pelos banqueiros do jogo não ficariam mais com a polícia, mas sim com o governo do Estado. O líder do Governo, Ivar Pavan (PT), disse ter ficado "chocado" com a fita e pediu uma perícia para verificar sua veracidade. Caso isso se confirme, segundo ele, "ninguém será poupado". O ex-chefe de polícia Luiz Fernando Tubino confirmou a veracidade da fita.


Governo cria planos para baixar remédio
RIO - O Governo federal prepara a criação de planos de saúde com facilidades fiscais destinados à compra de remédios e estuda o pagamento de subvenções para a aquisição de alguns tipos de medicamentos.

A informação foi dada ontem pelo ministro da Saúde, José Serra, que apresentou as iniciativas como parte das ações governamentais destinadas a baixar preços nas farmácias.

"Acho que até o fim do ano nós vamos ter isso", previu o ministro, após proferir palestra no Seminário Internacional Regulação e Concorrência, no Rio de Janeiro.

José Serra explicou que, em sua opinião, a mudança "vai permitir organizar melhor o poder de compra existente" e ajudar a baixar preços.

Também poderá haver planos apenas para os medicamentos, independentemente dos de saúde.

O ministro disse que os planos seriam oferecidos para empresas e pessoas físicas.


Artigos

O Nordeste aguarda boas-novas
Stefan Bogdan Salej

Nos últimos cinco meses várias notícias surpreenderam Pernambuco e o Nordeste. Primeiro, foi o anúncio do fim da Sudene. Depois, a contrapartida da criação da Agência de Desenvolvimento do Nordeste (Adene), mas que ainda não saiu do papel. E, finalmente, na segunda semana de outubro, a bomba: a região teria que se submeter ao Plano B da Câmara de Gestão da Crise de Energia (CGCE). Com toda a razão, companheiros industriais da região manifestaram preocupação com efeitos negativos dos feriados impostos para economia de consumo de energia. Fala-se, com mais insistência, em demissão de trabalhadores. É justo que o empresariado nordestino tenha assento na CGCE. Os empresários podem contribuir muito porque conhecem profundamente os problemas e as soluções.

Como presidente da Federação da Indústria do Estado de Minas Gerais (Fiemg), posso demonstrar solidariedade, fundamentalmente no que se refere a esse período prolongado de transição. Parte do nosso Estado integra a jurisdição da antiga Sudene. Nossos empresários enfrentam também problemas, como seus colegas do Nordeste, com o atraso na operação da Adene, principalmente os que têm projetos na antiga Sudene, seja em execução ou já aprovados.

A Sudene teve papel decisivo, particularmente nos anos 70 e 80. Como permanecem os desequilíbrios regionais no Brasil, é fundamental que haja uma segunda geração de políticas de desenvolvimento regional, neste início do novo século.

Compete ao Governo coordenar instrumentos de políticas públicas, visando a promover ações compensatórias do ponto de vista da eqüidade social, para reduzir os desequilíbrios regionais de bem-estar das populações, e desenvolver ao mesmo tempo ações de crescimento, para mobilizar as potencialidades de expansão econômica das áreas periféricas.

Entre outros aspectos, há apreensão com relação a vários procedimentos que ainda não se sabe se serã o adotados.

É indispensável que o Governo federal estabeleça regras de transição entre a extinção da Sudene e a formação da nova Adene.

A Adene, como as novas Agências de Desenvolvimento Regional, deve se apoiar em sistemas modernos de planejamento na sua prática administrativa, sem se deixar se envolver apenas pelas questões de curto prazo e imediatas.

Deveria caber à Agência de Desenvolvimento do Nordeste coordenar o processo de desenvolvimento da região no longo prazo.

As atividades de promoção das oportunidades de investimentos e de modernização dos sistemas produtivos locais deveriam privilegiar a organização dos clusters potenciais, como já se faz em vários Estados com o apoio do Banco do Nordeste e em Minas, por iniciativa da Fiemg.

Os empresários precisam participar do processo de regulamentação dos novos Fundos de Desenvolvimento a ser gerido pela Agência. Até onde se pode visualizar, a função de ativação social poderá se constituir, efetivamente, na inovação da Adene e das novas Agências.

Neste sentido, é fundamental que se discutam o modelo institucional e a forma jurídica que devem prevalecer na formatação da Adene e das novas Agências de Desenvolvimento. Em outras palavras, que se considere seriamente a participação de agentes não-governamentais no processo de gestão, destacando-se os empresários e suas entidades.

No entanto, o processo ainda está em marcha lenta. Nos últimos cinco meses, o cargo de ministro da Integração Nacional ficou vago duas vezes, fato que emperra o processo. De maneira semelhante ao sertanejo que detecta sinais que indicam a proximidade das chuvas, os empresários do Nordeste aguardam boas-novas. A instalação da Adene, se for realizada de forma eficiente e integrada, pode ter efeito similar ao da chuva revitalizadora que molha a terra, enche os açudes e garante o sustento para a próxima estiagem.


Colunistas

DIARIO Político

Sem clareza
O comportamento do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) na sucessão presidencial é um enigma a desafiar os analistas. Sim, está claro que ele defende a manutenção da aliança em torno do presidente Fernando Henrique. Sim, está claro que ele considera que a melhor tradução para isso é o lançamento de um candidato único. Até aí o cenário está nítido. Começa a enevoar-se, porém, quando se acrescenta à análise a decisão do PMDB de realizar prévias para escolher seu presidenciável. No momento em que a ala governista do partido derrotou a ala pró-Itamar Franco, na convenção nacional, todos tinham as prévias como uma decisão garantida. Jarbas não se posicionou contra elas. Pouco depois, consumada a hegemonia pró-FHC no comando do PMDB, foi convidado para ter o nome incluído entre os pré-candidatos que iriam concorrer às prévias, pediu tempo para decidir e, de novo, nenhuma palavra contra o método de escolha. Mas, passadas duas semanas, deu início a críticas contra a direção peemedebista e contra as prévias. O que mudou para motivá-lo a fazer isso? Impossível saber. Mas o fato é que nesse meio tempo Itamar Franco, após sucessivas ameaças de deixar o PMDB, reiterou sua candidatura às prévias e resolveu continuar no partido - teria inclusive sido afagado pela direção partidária para tomar essa decisão. A movimentação de Itamar teria influenciado a posição do governador? Ou, na verdade, ele sempre esteve contra uma candidatura peemedebista, qualquer que fosse o candidato?

O deputado Carlos Lapa (PSB) garante que, a 11 meses da eleição, já tem gente endividada com despesas de campanha. Muitos parlamentares confirmam a informação, mas ninguém quer aparecer com medo da repercussão negativa junto aos eleitores

Estafa

Humberto Costa tem agenda política cheia, em São Paulo, neste final de semana. Hoje participa de reunião do núcleo de saúde do PT. Amanhã discute com as tendências majoritárias do partido a conjuntura nacional, a sucessão 2002 e a gestão de José Dirceu na presidência da legenda. Na segunda, conversa com a executiva nacional.

Novidade 1

O deputado Antônio Moraes (PSDB) promete apresentar uma emenda ao Orçamento de 2001 que pode facilitar e muito a emissão de carteiras de motorista para a população. "Nem todo mundo pode pagar R$ 400,00", justifica. A idéia de financiar a habilitação já começou a ser discutida com o Governo.

Novidade 2

Paralelamente, o deputado estadual Antônio Morais assegura brigar para regulamentar aulas de condução nas escolas de segundo grau, evitando a obrigatoriedade do uso das auto-escolas como intermediárias na hora em que o jovem decida tirar a sua carteira de habilitação. Há muito que se faz necessário ensinar como se dirigir neste País.

Desempenho 1

O deputado Paulo Rubem Santiago (PT) é rápido no gatilho quando se trata de manifestação pública. Esta semana, quando os servidores demitidos da Prefeitura de Belo Jardim fizeram passeata pelo Recife, ele apressou-se em comandar a movimentação. Embora os vereadores que acompanhavam os servidores fossem do PSB e PDT, foi o deputado petista quem se deu bem.

Desempenho 2

Os funcionários pressionavam o Tribunal de Justiça a rever a decisão que suspendeu uma liminar que lhes garantia a reintegração na Prefeitura. Assumindo o papel de negociador e, acompanhado de uma comissão de dispensados, Rubem conversou com o vice-presidente do Tribunal e ainda levou um assessor para manter a "massa" mobilizada nos portões do prédio.

Visita

O presidente nacional do PSDC, José Maria Eymael, chega hoje ao Recife e almoça com o vereador Luiz Vidal. No cardápio a sucessão presidencial. Eymael é o presidenciável do PSDC. Em seguida segue para a Paraíba, onde visita mais de quinze cidades.

Acordo 1

Nem parece que o deputado Pedro Eurico é tucano, como o presidente Fernando Henrique Cardoso. Nesta semana, acusou o Governo Federal de fazer "barganha eleitoral" com o PMDB, do seu aliado Jarbas Vasconcelos, ao nomear o paraibano Ney Suassuna para o ministério da Integração Nacional.

Acordo 2

Pedro Eurico se dizia irritado com a indicação do mandato tampão que Suassuna vai exercer, uma vez que pretende deixar o cargo para concorrer à eleição estadual de 2002. Indiretamente, Eurico também lançou críticas a Jarbas porque cobrou uma reação dos governadores do Nordeste à escolha de FHC.


Editorial

Afronta ao Islã

A esperança de que os ataques ao Afeganistão pudessem chegar ao fim até meados de novembro ameaça não se concretizar. Isso porque o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, disse que o respeito pelo mês sagrado dos muçulmanos não levará à interrupção ou redução dos bombardeios. E o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Richard Myers, foi mais preciso. Afirmou que a ação da aliança antiterror poderia prosseguir, sem intervalos, até setembro de 2002. Segundo ele, as tropas americanas estão preparadas para campanha muito longa. Nem o inverno afegão (dos mais rigorosos do Mundo) nem as tradições religiosas islâmicas são capazes de interromper a guerra contra o regime talibã e o grupo Al Qaeda, liderado por Osama bin Laden.

As declarações preocupam. De um lado, os bombardeios já destruíram os alvos militares do Afeganistão e começam a atingir, com indesejável freqüência, a miserável população civil. Daí os apelos da ONU para que cheguem ao fim. De outro, dia 17 de novembro começa o Ramadã. Durante ummês, o maometano jejua do nascer ao pôr do sol. O cumprimento rigoroso dessa obrigação constitui um dos cinco pilares da vida religiosa dos seguidores do Corão. Observar o Ramadã é tão importante quanto as outras quatro práticas. Todo muçulmano tem de rezar cinco vezes por dia, pagar tribu to anual de 2,5% do lucro pessoal (é forma de purificação e ajuda aos pobres), peregrinar a Meca pelo menos uma vez na vida se tiver condições físicas e econômicas e participar, se convocado, da guerra santa.

Manter os bombardeios durante o mês sagrado pode acarretar conseqüências preocupantes. Uma é comprometer a frágil coalizão antiterror. Governos de países de maioria islâmica terão dificuldade de justificar o apoio aos Estados Unidos na cruzada mundial contra o terrorismo. O povo poderá interpretar a continuação da guerra como afronta ao islamismo. Não são poucos os muçulmanos levados a acreditar ser a luta contra o terrorismo apenas uma fachada. Esconderia o objetivo maior - o confronto com o Islã.

Indonésios, paquistaneses, nigerianos, iranianos já saíram às ruas em protesto contra os bombardeios anglo-americanos sobre os talibãs. O quadro poderá agravar-se se houver exploração política - e é quase certo que haverá - do episódio. Privar o fiel de cumprir a obrigação assumida perante Deus poderá parecer afronta ao Islã.


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10/27/2001


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