Brizola deve anunciar apoio a Britto









Brizola deve anunciar apoio a Britto
O presidente do PDT, Leonel Brizola, deve anunciar hoje em Porto Alegre um acordo de apoio a Antônio Britto (PPS) -fato impensável até poucos dias atrás já que o candidato do PPS ao governo é considerado por Brizola como um de seus principais inimigos no Estado. A decisão unificaria o palanque de Ciro Gomes no Rio Grande do Sul. A estratégia é fortalecer a candidatura de Ciro no Estado onde o PT tradicionalmente recebe votação expressiva. O PTB gaúcho deve oficializar sua adesão no dia 14.


Ciro classifica acordo com FMI como um "desastre"
Candidato do PPS disse, porém, que país não tinha outra saída

O candidato da Frente Trabalhista à Presidência, Ciro Gomes, classificou ontem o acordo que o Brasil fez com o FMI como um "desastre". Ele disse que não compartilha com "a absurda propaganda que parece comemorar o que foi simplesmente um desastre para o nosso país".

A afirmação foi feita durante palestra que realizou no Clube da Aeronáutica, no centro do Rio. Ciro afirmou em seguida, no entanto, que o país não tinha outra saída para sair da crise senão firmar o acordo e que a ausência do empréstimo provocaria "uma brutal e definitiva desvalorização da nossa moeda".

O presidenciável fez um discurso de tom nacionalista para uma platéia composta em sua maioria por oficiais da reserva das Forças Armadas. Sob frequentes aplausos, disse que o país não está preparado para a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), criticou a política de metas de inflação e classificou o neoliberalismo como "ideologia de quinta categoria" que "se vende como ciência".

Ainda sobre o acordo com o Fundo, disse que "estamos [sendo] levados no bico de que seremos salvos pelo dinheiro internacional". Para ele, o país "pratica a cartilha do bom moço internacional" e, mesmo assim, "quebrou três vezes; a última, agora".

"Essa dívida não foi feita para construir casa, para construirmos nosso submarino nuclear, para reequipar a Aeronáutica", afirmou. "Não é possível transformar isso em uma festa. Temos que comemorar que o Brasil aumentou em R$ 30 bilhões a sua dívida", disse o candidato, se referindo ao que acredita ter sido o modo como a imprensa recebeu o acordo.

A dívida, afirmou, foi feita "para financiar a quebra do crédito público e privado". Sobre as metas de inflação, criticou que sejam tomadas como premissa fundamental da política econômica do atual governo e que "tudo o mais tenha que se acomodar àquela variável", ressalvando que "ninguém quer a volta da inflação".

"Podem serrar meu braço, mas eu não concordo em projetar para o futuro políticas econômicas equivocadas", disse o candidato em referência implícita à manutenção dos superávits primários do país nos próximos três anos, como está previsto no acordo.

Aliados de Ciro apresentaram ontem opiniões divergentes sobre o fato de algum dos principais candidatos ao Planalto ser beneficiado pelo novo acordo firmado anteontem entre o governo brasileiro e o FMI. Alguns avaliam que o próprio Ciro será favorecido pelo episódio. Outros disseram acreditar que o anúncio do pacote de medidas não terá peso isolado em nenhuma das campanhas.

Todos são unânimes em apontar, entretanto, que José Serra (PSDB) não será beneficiado.

Afirmam que o comportamento dúbio do tucano, indeciso entre se posicionar como um candidato do governo ou da oposição, impede que ele possa tirar proveito do novo pacote.

Impasses políticos
Ciro Gomes voltou a defender o uso de "plebiscitos e referendos" para resolver impasses entre o Executivo e o Legislativo em um seu possível governo. Segundo ele, um "conjunto de impasses vai se apresentar ao Brasil, e não temos outra alternativa" senão a convocação de plebiscitos.

"Para que os impasses não terminem em golpes de Estado, suicídio, impeachment."

O discurso foi recheado de expressões nacionalistas, muitas vezes recebidas com entusiasmo pelos militares, como "puseram nosso país de joelhos" e "é preciso resgatar a soberania nacional arranhada". Respondendo a questões específicas da categoria, ele se disse contrário ao uso do Exército para o policiamento ostensivo e afirmou que pretende acabar com o serviço militar obrigatório.


PSDB e PT vêem vantagem eleitoral no acordo com FMI
As cúpulas do PSDB e do PT, que demonstraram afinação inédita nas negociações de bastidor para viabilizar o novo acordo de US$ 30 bilhões com o FMI, têm uma avaliação em comum: são as duas forças políticas que mais saem ganhando eleitoral e politicamente com o acerto.

Na visão de tucanos e petistas, Ciro Gomes (PPS) ganha menos, porque um desastre econômico agora afundaria de vez as chances de José Serra (PSDB) chegar ao segundo turno da eleição e alimentaria o argumento de que é arriscado eleger presidente que não tem experiência administrativa -um carimbo negativo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para Lula, o acordo é visto como a viabilização do seu primeiro ano de governo. Para Serra, será explorado como exemplo de que a segurança econômica é um dos grandes trunfos dos tucanos na condução do país.
A repercussão do acordo com o Fundo Monetário Internacional na candidatura Anthony Garotinho (PSB) é minimizada pelo PSDB e PT. Garotinho foi contra. Agora, segundo a assessoria, tende a apoiar com crítica. O fato é que tucanos e petistas acham que Garotinho está fora do jogo.

Na visão de Serra, desconstruir Ciro é a solução para chegar ao segundo turno, já que Lula parece ter garantida uma das duas vagas. Para Lula, importa impedir que o candidato do PPS chegue forte demais à segunda fase da eleição. Hoje, Serra é o terceiro nas pesquisas. O tucano está distante de Lula e Ciro, respectivamente, os dois primeiros colocados.

O presidente Fernando Henrique Cardoso comemorou muito o acordo por avaliar que está afastado o risco de uma crise econômica de proporções gigantescas explodir durante o seu mandato, o que mancharia sua biografia. FHC também crê que amarrou os passos do futuro presidente aos fundamentos da atual política econômica, que seria a única possível no atual grau de dependência econômica entre os países.
Apesar do tom crítico de apoio, o PT contabiliza dois pontos que reforçam a tese de que Lula sai ganhando com o acerto:
1) Os US$ 24 bilhões à disposição do próximo presidente podem diminuir temores de que haverá crise no primeiro ano de um eventual governo petista. Na cúpula do PT, avalia-se que haverá gradualismo nos primeiros dois anos de um governo do PT até que este diminua a vulnerabilidade externa herdada de FHC e aplique políticas distintas das atuais.

2) Os contatos com o presidente, conduzidos principalmente pelo presidente do PT, José Dirceu, e o apoio ao acordo demonstram à opinião pública e aos setores econômicos que o partido teria atingido maturidade e confiabilidade para chegar ao Planalto.

Apesar de Dirceu negar, FHC entrou em contato com ele em um dos dias em que a cotação do dólar explodiu, atingindo mais de R$ 3,50. No contato, o PT deixou claro que só avalizaria o acordo se fosse mantida a meta de superávit primário anual de 3,75% sem aumento de juros. A pressão petista ajudou o governo a negociar.


Lula apóia acerto, mas teme restrições
Candidato petista diz que acordo vai "tranquilizar mercado" e compara ida ao Fundo a visita ao dentista

O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou ontem seu apoio ao novo acordo do governo com o Fundo Monetário Internacional, mas criticou pontos que poderiam "restringir" a liberdade do novo presidente.

Ele citou especificamente o rebaixamento do piso das reservas para US$ 5 bilhões e a manutenção da meta de superávit primário em 3,75% do PIB até 2005 -ou seja, quanto o país se compromete a economizar para pagar os juros da dívida pública.

Lula prometeu respeitar a meta no ano que vem, mas afirmou que tentará criar condições para que seja modificada futuramente.

Para o petista, que leu uma nota elaborada em conjunto pelas principais lideranças do partido, o pacote era "inevitável". "Entendemos que este acordo permite tranquilizar o mercado e, com isso, dar uma chance, se forem tomadas as medidas corretas, de o Brasil voltar a crescer", disse.

Lula foi irônico ao ser questionado sobre o fato de o PT, crítico do Fundo desde sua fundação, ter sido obrigado agora a dar aval a um acordo: "Não tem coisa que eu seja mais contra do que ir ao dentista, mas eu tenho que ir".

Críticas
Na única vez em que alfinetou o FMI na nota, o PT lembrou o papel da instituição no auxílio a países emergentes. "A história recente da intervenção do Fundo na América Latina é um testemunho dos graves equívocos da sua concepção recessiva", afirma.

Lula atacou a política econômica, que, segundo a visão petista, obrigou o país a voltar ao FMI. "Em lugar de fazer o país crescer, robustecer o mercado interno e exportar mais, o governo adotou modelo em que o Brasil ficou estagnado e dependente da volátil liquidez internacional", disse.

O presidenciável desconversou ao ser instado a comentar o tamanho do pacote -US$ 30 bilhões, maior do que o esperado pelo mercado- e a concordância do Fundo em não aumentar as taxas de juros e a meta de superávit, pontos que poderiam criar resistências dentro do PT. "Não sou tão otimista [com o acordo]. Porque a boa notícia seria eu anunciar que o Brasil voltou a crescer."

Mesmo dando aval ao acordo de forma geral, Lula criticou alguns pontos. "A autorização para redução do piso das reservas, ainda que aumente a capacidade do atual governo de defender a moeda, representa uma restrição muito grave para o início do próximo governo", disse.

Quanto ao superávit, o presidente do PT, José Dirceu, defendeu o estabelecimento de "outro patamar com outro modelo econômico". Foram sugeridas medidas como reativar o auxílio à exportação e uma minirreforma tributária que desonere o setor.

"Apostamos em um modelo econômico alternativo, em que o Brasil volte a crescer, a exportar mais e a diminuir sua dependência do exterior", diz a nota.

Respondendo à sugestão de Pedro Malan (Fazenda) de que a nova equipe econômica deveria trabalhar em sintonia com a atual, Lula se mostrou de acordo. "Espero que não haja algo parecido ao ocorrido na Argentina no final do governo Alfonsín [anos 80]."

Dirceu confirmou que conversou anteontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso, que lhe informou do teor do acordo, mas seu aval não foi pedido. Ontem, o deputado Aloizio Mercadante conversou com Armínio Fraga (BC). "Ele disse que o acordo não tem nenhuma "pegadinha". E a expressão é dele."


Serra se iguala a Garotinho no Ibope
A primeira pesquisa de um dos grandes institutos realizada depois do debate de domingo na TV Bandeirantes registra um quadro de relativa estabilidade na disputa pela Presidência da República.

No mais recente levantamento do Ibope, o único candidato a se movimentar fora da margem de erro foi José Serra (PSDB), que caiu de 14% para 11%.

O tucano agora está em situação de empate numérico, e não mais técnico, com Anthony Garotinho (PSB), que há três rodadas registra o mesmo percentual.

Isolado em segundo lugar, Ciro Gomes (PPS) oscilou positivamente dois pontos percentuais. Está com 27%, seis pontos atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passou de 34% para 33%.

A margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos, para mais ou para menos.

Encomendado pela Rede Globo para divulgação no "Jornal Nacional" de ontem, o levantamento ouviu 2.000 eleitores em todo o país de segunda-feira até ontem.

Foi um campo mais longo do que os três dias habitualmente utilizados pelo instituto em suas sondagens de intenção de voto. O objetivo foi captar eventuais reflexos do debate, realizado na noite de domingo.

De acordo com Márcia Cavallari, diretora do Ibope Opinião, o questionário não incluiu perguntas sobre o evento. Para ela, perguntas sobre quem se saiu melhor no debate têm pouca relevância, pois costumam reproduzir a ordem dos candidatos na disputa.

Isso não impede, segundo ela, que as repercussões do primeiro confronto televisivo entre os presidenciáveis tenham de algum modo influenciado os resultados.

A diretora do Ibope recomenda cautela na análise da movimentação de Ciro Gomes. No levantamento anterior, o candidato do PPS havia recuado um ponto depois de subir por cinco rodadas consecutivas.
Para Cavallari, assim como na semana passada era prematuro falar em estagnação, agora é cedo para dizer que Ciro tenha retomado uma rota de crescimento. "De novo, será preciso esperar pelo menos mais uma rodada."

Não houve mudança significativa na simulação de segundo turno. De acordo com os novos números, Ciro venceria Lula em eventual confronto na etapa final por 46% a 41% no levantamento anterior, por 47% a 42%.

Os benefícios do recuo de Serra para a situação de Ciro podem ser percebidos em alguns resultados segmentados da pesquisa.

No Nordeste, onde o tucano caiu três pontos, o candidato da Frente Trabalhista subiu sete, entrando em situação de empate técnico com Lula (36% para o petista e 33% para Ciro).


Sem acordo, vaca iria para o brejo, diz Serra
Para tucano, país aguentaria mais um pouco sem recursos do FMI, mas risco de moratória seria maior

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou ontem que, caso o Brasil não tivesse fechado um acordo com o FMI, "a vaca teria sido empurrada em direção ao brejo".

O tucano referia-se à eventual situação do Brasil sem o aporte de recursos liberados pela instituição. Na avaliação do presidenciável, sem o acordo com o FMI, o Brasil ficaria ainda mais vulnerável a ataques especulativos.

"Acho que ainda daria para aguentar, mas inegavelmente o risco de o Brasil não honrar seus compromissos seria muito maior", disse Serra, em entrevista à rádio Jovem Pan. O anúncio do acordo trouxe tranquilidade ao mercado. O dólar fechou ontem em baixa de 3,48%, a R$ 2,91.

O pacote de US$ 30 bilhões de ajuda do FMI prevê a liberação de US$ 6 bilhões ainda neste ano.

Serra elogiou a atuação da equipe econômica nas negociações com o Fundo. "O Ministério da Fazenda e o Banco Central trabalharam bem e conseguiram um resultado surpreendente."

O tucano também fez questão de destacar que "sempre" apoiou o acordo com o FMI, diferentemente dos demais presidenciáveis, que na opinião do candidato, "ficaram com o pé atrás".

Os candidatos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, do PPS, Ciro Gomes, e do PSB, Anthony Garotinho, tinham restrições de que um novo acordo com o Fundo pudesse restringir a aplicação, por parte do governo eleito, de políticas que levassem ao crescimento.

"Uma pessoa de oposição acha que uma situação complicada rende frutos eleitorais", disse.

Relacionamento
"Política não é casamento. Portanto não posso me sentir traído", disse Serra, em relação à abertura de palanque de aliados em Minas Gerais e Pernambuco a Ciro Gomes. "Estamos juntíssimos", completou o presidenciável, em referência ao candidato tucano ao governo de Minas, Aécio Neves, e a Jarbas Vasconcelos (PMDB), candidato ao governo de Pernambuco, que foi convidado por Serra para ser seu vice.

Serra não incluiu entre os que estão "juntíssimos" o nome do governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB). Preterido pelo PSDB na escolha para a disputar a Presidência, Tasso vem demonstrando publicamente apoio à candidatura de Ciro Gomes, de quem é aliado no Ceará.

Tasso também chegou a afirmar que Serra fez "malandragem" com os recursos do Ministério da Saúde para beneficiar o candidato do PMDB ao governo do Estado do Ceará, Sérgio Machado, que é desafeto do governador cearense.

"Tasso é um homem de caráter. Não acredito que usou essa expressão", afirmou Serra. "Todos os recursos dos Estados estão no orçamento. Deve ter havido algum mal-entendido", disse.

OAB
Serra também participou ontem de evento para cerca de 200 pessoas na OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), durante o qual defendeu a necessidade de uma reforma política, com a criação do sistema de voto distrital. Para os advogados, afirmou também ser contra o fato de os juízes tirarem férias ao mesmo tempo, o que "paralisa o Judiciário".

Ao deixar o evento, a candidata a vice na chapa do tucano, Rita Camata (PMDB), resistiu a ir embora no mesmo carro de Serra. O motivo: "Gostaria de ir fumando um cigarrinho", comentou Rita com uma assessora. Acabou deixando o carro de Serra para entrar em outro automóvel.


Tucano diz que tem apoio de Jarbas
Em seu primeiro encontro com Jarbas Vasconcelos (PMDB), seu principal aliado no Nordeste, depois de o governador ter admitido abrir o palanque a Ciro Gomes (PPS), o presidenciável tucano, José Serra, disse ontem, em Recife, que Jarbas "é um homem experiente" e que "o que ele fizer será em benefício do nosso desenvolvimento, da nossa campanha e da nossa vitória".

"Para mim é bom que tenha muita gente apoiando ele [Jarbas], apoiando o Aécio [Neves, candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais, que também tem o apoio de Ciro]", afirmou. "É bom porque eles [Jarbas e Aécio] só apóiam a mim."

Foi a primeira visita de Serra a Pernambuco desde o início oficial da campanha há pouco mais de um mês. Ele participou da inauguração de seu comitê e Jarbas esteve o tempo todo ao seu lado acompanhado pelo vice-presidente Marco Maciel (PFL).

Depois da inauguração, em um palanque montado no local, Serra abraçou Jarbas e ambos fizeram discursos trocando elogios. A Polícia Militar não estimou o número de participantes. Hoje os dois participarão juntos de uma caminhada no centro da cidade.

À tarde, antes do encontro com Serra, Jarbas rebateu as cobranças de fidelidade à candidatura do presidenciável do PSDB feitas pelo coordenador político da campanha tucana, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG). Jarbas disse que, no Estado, as decisões são tomadas por sua coligação.

"Aqui, quem coordena a campanha somos nós", afirmou, ao ser questionado sobre as declarações do deputado. Veiga disse anteontem que, nos palanques onde o PSDB e o PMDB estão coligados, "só subirá Serra".

O governador reafirmou que seu palanque está aberto ao presidenciável Ciro Gomes, mas reiterou que seu candidato à Presidência continua sendo Serra.

Jarbas disse que não vê contradição em sua posição. Segundo ele, a situação em Pernambuco é "circunstancial", em razão do apoio de Freire à sua candidatura.

"Reitero novamente que não vejo nada demais [em abrir o palanque a Ciro]. Sabia que essa declaração poderia gerar polêmica, mas meu candidato a presidente chama-se José Serra."

Jarbas disse que os rumores de que estaria "com um pé" na candidatura de Ciro "não são verdade" e atribuiu essa versão a "interpretações jornalísticas". Afirmou que não tem como se opor aos rumores, "a não ser discordando".

Antigo vice dos sonhos de Serra, Jarbas é o mais importante aliado do candidato no Nordeste, região onde o tucano tem sua pior avaliação. Os votos na região representam 26,9% do total no país.


Frente quer evitar embate Ciro-Serra
Definida a estratégia de não polemizar com a candidatura de José Serra (PSDB) ao Planalto, a Frente Trabalhista que apóia o presidenciável Ciro Gomes (PPS) tem encontrado dificuldades em manter o ex-governador longe das polêmicas com o tucano.

Apesar dos inúmeros conselhos para evitar bate-bocas com um adversário que disputa a terceira colocação nas pesquisas de intenção de voto, Ciro tem insistido em atacar Serra, seu desafeto pessoal.

O objetivo dos aliados do candidato pepessista é polarizar a disputa entre Ciro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em uma indicação de que já estariam certos da ida do ex-governador cearense para o segundo turno.
Afirmam que as críticas de Ciro deveriam ser agora dirigidas apenas ao governo federal e não mais ao candidato do governo, referência constantemente usada pelo presidenciável para se dirigir ao adversário tucano.

A estratégia seria a justificativa, dizem, para o fato de Ciro não ter respondido aos ataques feitos por Serra durante o debate transmitido no último domingo pela TV Bandeirantes.

A aparente calma do presidenciável durante o programa foi a característica mais elogiada por seus aliados, preocupados com o uso eleitoral do temperamento explosivo do candidato.

Diante da associação de sua personalidade com uma possível instabilidade para exercer a Presidência da República, o ex-governador tem feito um nítido esforço para se controlar em suas apresentações públicas.
Ontem, aliados de Ciro demonstraram insatisfação diante da notícia de que ele novamente teria criticado Serra durante rápido discurso no Rio.

Babacas
Ao enxugar o rosto com um lenço em cima de um palanque em São Gonçalo, Ciro ontem também se irritou com os repórteres-fotográficos, referindo-se aos profissionais que estavam à sua frente como "um bando de babacas."

"Não posso fazer nada por causa desse bando de babacas", afirmou Ciro a uma pessoa que estava ao lado.
Embora não tenha sido feita publicamente ao microfone, a afirmação foi ouvida com clareza pelos repórteres fotográficos da Folha e dos jornais "O Estado de S. Paulo" e "O Globo".

Nos dois eventos em que participou no Rio pela manhã, Ciro não parou em nenhum momento para falar com os jornalistas.

A presença de cabos eleitorais, fotógrafos e cinegrafistas, mais uma vez, causou confusão sempre que Ciro tentava se locomover. Ao seu lado estiveram o candidato ao governo pela Frente Trabalhista, Jorge Roberto da Silveira, e os candidatos ao Senado, Leonel Brizola (PDT) e Carlos Lupi (PDT).


Grampo é achado em comitê de Ciro
A Frente Trabalhista que apóia a candidatura de Ciro Gomes (PPS) ao Planalto anunciou ontem que foram encontrados grampos telefônicos no comitê do presidenciável, em Brasília, e em outros prédios relacionados à campanha do ex-governador em São Paulo.

Instalados na parte externa dos edifícios, os grampos teriam permitido o acesso às conversas por telefone mantidas em todas as linhas disponíveis no comitê de Brasília, na sede da Força Sindical, em São Paulo, e ainda em um comitê de campanha do presidenciável localizado no bairro do Brás, também na capital paulista.
A Força Sindical foi presidida pelo vice da chapa encabeçada por Ciro, o sindicalista Paulo Pereira da Silva (PTB), o Paulinho, até o anúncio de sua adesão à campanha.

Segundo assessores do presidenciável da Frente Trabalhista, os grampos foram localizados a partir de aparelhos instalados nos prédios para a detecção de equipamentos do gênero. Tais aparelhos teriam emitido ontem sinais de que as conversas estariam sendo interceptadas.

A existência dos grampos foi comprovada após a realização de uma varredura feita por uma empresa especialmente contratada para o serviço.

No final da tarde de ontem, a assessoria da Frente Trabalhista informou não saber se o caso seria ou não encaminhado à polícia para investigação.


Armínio abre o governo para sucessor "agir rápido"
Vaga em diretoria do BC espera representante do vencedor em outubro

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, convidou o futuro presidente, seja quem for, a destacar uma equipe depois das eleições para integrar o atual governo durante novembro e dezembro e assim garantir uma "transição tranquila, com serenidade e confiança". O convite foi feito em entrevista coletiva.

Em telefonema à Folha, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, explicou: "Todo governo começa com uma lua-de-mel com o Congresso e com os agentes econômicos, os financeiros e a sociedade. Queremos ajudar o futuro presidente a não perder tempo, a agir rápido".

"Ele não precisa esperar até janeiro data da posse" para adquirir um pouco de "know-how", descobrir onde estão as cascas de banana, saber onde estão as coisas, abrir as gavetas, mexer na papelada, saber quem é quem", acrescentou o presidente do BC.

Objetivamente, Armínio reafirmou que uma das nove diretorias do BC está vaga justamente aguardando um representante do novo governo a partir das eleições de outubro.

"As duas equipes vão poder ficar juntas um tempinho", disse.

O presidente do BC conversou mais de uma vez com o candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, durante as negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Na quarta-feira, dia do anúncio do acordo, ele voltou a telefonar ao candidato, enquanto FHC e Malan conversavam com as demais campanhas, e relatou parte da conversa à Folha.

Avisou que faltavam apenas alguns detalhes e o acordo estava prestes a sair. Um acordo, descreveu, "bom para o país, sem criar ônus", e também "limpinho, sequinho, sem penduricalhos, flexível". Pediu, então, "confiança".

Indagado sobre a resposta de Ciro Gomes, Armínio riu e falou em tese: "O Brasil está dando uma demonstração de maturidade política para o mundo. Isso é importantíssimo".

Ele não disse, mas o presidente do BC também ligou ontem de manhã para avisar ao deputado federal Aloizio Mercadante (PT-SP) que participaria em seguida de uma entrevista coletiva sobre o acordo. Conforme a Folha apurou, Armínio disse ao petista para ficar tranquilo: "Não há nenhuma pegadinha [no acordo]", brincou.

"Minimalista"
Na coletiva da manhã, no Ministério da Fazenda, Malan, Armínio e o ministro do Planejamento, Guilherme Dias, insistiram no tom político e na necessidade de os candidatos à Presidência "expressarem formalmente o compromisso com o acordo", como disse Malan.

Indagado se o cronograma de liberações dos US$ 24 bilhões de 2003 (já no próximo governo, portanto) dependia de um compromisso formal já do novo presidente, respondeu que em nenhum minuto se pensou em pedir uma carta assinada dos candidatos, mas sim a ratificação de manifestações públicas que eles já vêm dando.

Malan leu trechos da "Carta ao Povo Brasileiro", na qual o PT se compromete inclusive com um superávit primário alto, e citou Mercadante e o também petista Guido Mantega. Depois, com a Folha, Armínio brincou: "O Malan anda com uma pasta com uns 30 a 40 recortes de jornais com o compromisso dos candidatos com a estabilidade".

"E do Garotinho [Anthony Garotinho, candidato do PSB]?, perguntou-lhe a Folha. Armínio respondeu: "Bem. Eu tentei falar com ele [Garotinho], e ele respondeu que não queria falar comigo. Então, encerrei o assunto".

O acordo com o FMI é "minimalista", classificou Armínio pela manhã. Disse que o acordo se concentra nas questões principais, "mas não significa nenhuma restrição aos rumos que o futuro presidente queira dar ao país". Malan acrescentou: "Rejeitamos categoricamente a interpretação de que o acordo engessa o próximo governo".

Uma ponte
Na conversa com a Folha, Armínio explicou por que a coletiva havia sido centrada na parte política: "Daqui em diante o foco vai aumentar em cima dos candidatos. Nós demos munição e uma ponte fortíssima para consolidar o eventual governo de cada um".

"Sucesso garantido?", perguntou-lhe a Folha.

Resposta: "Bem. Pode não ser uma garantia suficiente para a felicidade econômica-financeira, mas com certeza já é um caminho, uma ponte. Há um grau de conscientização muito forte de que as medidas são boas para o país, sem ônus".

Depois, enviou uma espécie de recado indireto para os candidatos: "Lidar com crise após crise não tem graça nenhuma".

Sempre considerado bem-humorado, quase uma esfinge, Armínio atravessou os piores momentos do pico do dólar praticamente sem alterar a expressão, sem mexer um músculo do rosto nas suas aparições públicas.
Ontem, porém, respondeu rispidamente a uma pergunta na coletiva sobre a queda dos juros como efeito do acordo.

"Você está perdendo tempo", disse ao jornalista. À tarde, se disse "mortificado": "Eu nunca poderia ter feito isso".

Passada a negociação com o FMI, Armínio acha que ainda há muito o que fazer até dezembro. Segundo ele, não dá para parar a partir de agora: "Seria um tiro no pé". Ontem mesmo, disse que "trabalhou sem parar": "Falei com bancos e agências de rating da Europa, fiquei horas com a imprensa, conferi o dólar".

Agora, aliás, é hora de continuar de olho no dólar porque, como ensinou, "falta de liquidez e medo [do mercado] não param do dia para a noite". Além disso, "se o câmbio for bem, o resto também vai bem".
Para encerrar, o presidente do BC disse que, se for chamado pelo governo eleito em outubro para colaborar com a transição, não se negará: "Não serei tímido. Darei minha contribuição".


Artigos

UTI salva, mas não cura
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - A julgar pelos jornais de ontem e pela reação do mercado, o acordo com o FMI resgata a pátria para todo o sempre e permite ao próximo presidente, seja quem for, governar à vontade.

Um pouco de perspectiva, pelo amor de Deus. Acordo com o FMI NUNCA é bom, por definição. Pode ser inevitável, pode ser urgente, pode ser necessário, pode ser a única solução, mas bom nunca é.

Nunca é porque corresponde a uma UTI. Só se entra nela quando o paciente não consegue sobreviver com as próprias forças.

UTIs salvam vidas, mas não curam pacientes. O que cura é a terapia adequada, capaz de eliminar as causas que levaram o cidadão ao risco de morte e à terapia intensiva.

Para ser bem sincero, eu fico até envergonhado de estar escrevendo tão tremendas obviedades, mas o raciocínio fast food, que tomou conta do planeta desde que os mercados se tornaram a fonte de todo o pensamento, esconde o óbvio.

O Brasil só será curado quando, entre outras providências, puder depender menos de recursos externos, tese em que coincidem hoje todos os candidatos, ao menos na retórica.

É ótimo pegar a grana posta à disposição pelo FMI, até porque seu custo é menor do que o de mercado. Mas acreditar que a pátria está salva é acreditar em Papai Noel.

Não sou eu quem diz. São, por exemplo, Edmar Bacha e Pedro Malan, dois dos pais do Real: "Enquanto a questão do fluxo de caixa do Brasil em moeda conversível não for levada em consideração satisfatoriamente através de uma renegociação mais abrangente, a margem de manobra na política econômica será extremamente reduzida" (texto para "Redemocratizando o Brasil", livro de 88, em que os dois criticam a política do então ministro Delfim Netto, inclusive seus acordos com o Fundo).


Colunistas

PAINEL

Aposta política
Duda Mendonça, marqueteiro de Lula, afirma que o primeiro turno da eleição presidencial já está praticamente definido, com a passagem de Lula e de Ciro para a fase final. "Dificilmente haverá alterações no quadro."

Cartas na mesa
A opinião de Duda não é compartilhada pela cúpula do PT, que acredita mais nas chances de recuperação de Serra. No dia 1º de setembro (o horário eleitoral começa no dia 20 de agosto), pensa o marqueteiro, começará na prática o segundo turno.

Ósculos para a his tória
O "beija-mão" de Ciro em ACM tem um precedente na história política do país. Em 1946, Otávio Mangabeira, avô de Mangabeira Unger (guru de Ciro), fundador da UDN e à época deputado federal, ajoelhou-se e beijou a mão do general norte-americano Dwight Eisenhower.

O império contra-ataca
Começou a retaliação dos serristas a Tasso Jereissati. Barjas Negri (Saúde) exigiu campo neutro para liberar R$ 45 mi em verbas para o CE e suas prefeituras. Não quis fazer a solenidade no Palácio do Cambeba, onde o PMDB de Sérgio Machado não teria como comparecer.

Macaco Simão agradece
Em discurso ontem em Brasília, FHC se referiu à crise econômica do país como "fenômeno financeiro perturbador".

Efeito Ciro
Serra, em sua entrevista no "Jornal da Globo", disse que o governo obteve R$ 50 bi com as privatizações na era FHC. Horas antes, em um evento no Planalto, o presidente dissera que a arrecadação foi de R$ 67 bi.

Paixão de campanha
Serra e Paulo Renato (Educação), antigos desafetos, estão em fase de tentativa de reconciliação. O ministro até liberou sua secretária-executiva, Maria Helena Castro, para colaborar com o plano de educação do tucano.

Onipresença criminosa
O Disque-Denúncia do Rio havia recebido, até o início do mês, 1.471 informações diferentes sobre a "correta" localização do traficante Elias Maluco, acusado de matar o repórter da Rede Globo Tim Lopes.

Sem debate
Eduardo Jorge irá ao programa "Observatório da Imprensa" de 20 de agosto. O procurador Luiz Francisco diz que não vai.

Modelo FHC
O marqueteiro José Maria Braga orientou Paulo Maluf, que lidera as pesquisas em SP, a não participar do debate da Bandeirantes de domingo. "Com dez candidatos, o debate não é útil para o processo eleitoral".

Passeio eleitoral
Proibido de inaugurar obras no período eleitoral, Alckmin fará no dia 27 um passeio de carro pela segunda pista da rodovia dos Imigrantes, que liga SP ao litoral. A pista está sem placas de sinalização e deverá ser inaugurada até o final do ano.

Visita à Folha
Representantes da comunidade judaica no Brasil e dirigentes do Hospital Albert Einstein visitaram ontem a Folha, onde foram recebidos em almoço e homenagearam o "publisher" do jornal, Octavio Frias de Oliveira. Estavam presentes Claudio Lottenberg, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein, Jack Terpins, presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil), Natan Berger, presidente da Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo), Claudio Deutsch, vice-presidente da sociedade beneficente, José Pinus, presidente do conselho consultivo da sociedade, Nelson Hamerschlak, superintendente do Instituto de Ensino e Pesquisa da sociedade, José Henrique Germann Ferreira, superintendente da sociedade beneficente, Dora Brenner, presidente da Unibes (União Israelita Brasileira do Bem-Estar Social) e os jornalistas Bernardo Lerer e Jaime Spitzcovsky.

TIROTEIO

De Zé Maria (PSTU), candidato à Presidência, sobre Lula ter apoiado o acordo com o FMI:
- É a primeira vez na história que o PT toma essa decisão. Lula abandona as bandeiras da esquerda porque fez a infeliz opção de vencer as eleições a qualquer custo.

CONTRAPONTO

Plano B
Há duas semanas, Ciro Gomes (PPS) teve encontro reservado na mansão do empresário Paulo Dalul em São José do Rio Preto (SP) com cerca de 30 empresários da região. Depois de uma breve exposição de Ciro sobre seu programa econômico, os empresários passaram a falar. Um deles fez uma defesa empolgada do que entendia ser a política econômica ideal. Ciro ouviu tudo e comentou com os outros empresários, sorrindo:
- Vocês têm de levar seu amigo para uma clínica, para desintoxicá-lo dessas idéias neoliberais...

Todos riram. Mas o empresário insistiu nos seus argumentos. Por fim, Ciro concluiu:
- Mas já existe um candidato como esse que você está falando.
O empresário, intrigado, logo perguntou:
- Quem?
Ciro arrematou:
- Pedro Malan. Vota nele...


Editorial

DEMAGOGIA À SOLTA

Numa das passagens mais importantes da história da filosofia ocidental, Aristóteles escreveu: "Aquilo que é se diz de várias maneiras" ("Metafísica" 1026b).

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou ontem, em votação final, um projeto que, se sancionado pela prefeita Marta Suplicy (PT), obrigará todos os cinemas, teatros, casas de espetáculos, estádios e ginásios da cidade a conceder descontos de 50% para menores de 21 anos.

Uma outra maneira de descrever a proposta votada pelos vereadores é dizer que a Câmara determinou um aumento nos preços dos ingressos para maiores de 21 anos. É simplesmente impossível oferecer, a golpes de caneta, um desconto tão pródigo e tão amplo e esperar que as empresas absorvam os custos sem majorar o valor das entradas. Quem acabará arcando com o maior impacto da generosidade da vereança serão os compradores de bilhetes inteiros.

Aqui, não há mágica possível. Ou a empresa tem "gorduras" e vai ser capaz de suportar os novos ônus impostos pela municipalidade, ou vai repassá-los para os ingressos. Como o setor de entretenimento não vai tão bem assim, aumentos parecem inevitáveis. Um eventual crescimento no número de espectadores por conta da meia-entrada dificilmente compensará a perda de receita.

Se a idéia por trás do projeto de José Mentor (PT) é democratizar a cultura, a proposta é estulta. Ela beneficia um grupo que, em boa medida, já dispõe de renda para consumir bens culturais. Democratizar implica dar acesso a quem não tem, isto é, os mais pobres. E há maneiras mais inteligentes e transparentes de fazê-lo, como levar espetáculos gratuitos à periferia. Políticas sérias e consistentes de incentivo à cultura podem e devem ser elaboradas. Elas evidentemente têm custos que precisam ser explicitados de forma clara. Deixar de fazê-lo é recair num outro tema grego: a demagogia.


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08/09/2002


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