Quatro projetos preveem normas rígidas de segurança para boates e casas de shows



As boates, casas de show e similares poderão ser proibidas de usar, em seus recintos fechados, fogos de artifício, sinalizadores e materiais pirotécnicos. A vedação está prevista em quatro projetos de lei em tramitação no Senado. Três deles estão na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e um, na comissão temporária de reforma do Código Penal.

Em comum, os projetos condicionam a concessão de alvará de funcionamento desses estabelecimentos à observância de uma série de requisitos, como a existência de extintores de incêndio em quantidade suficiente e em localização adequada e de saídas de emergência devidamente sinalizadas e iluminadas.

Além disso, os estabelecimentos deverão instalar equipamentos de proteção contra incêndio, como chuveiros automáticos e exaustores de fumaça, pára-raios, dispositivos de alarme sonoro e iluminação de emergência. Não poderão usar, na construção, revestimento ou isolamento, produtos que causem fumaça tóxica.

Bombeiros

De acordo com os projetos, esses estabelecimentos deverão proporcionar facilidade de acesso a viaturas do corpo de bombeiros e contar com brigadistas devidamente treinados.

O PLS 26/2013, do senador Jorge Viana (PT-AC), obriga todos os estabelecimentos, independentemente da capacidade e do porte, à contratação de no mínimo duas pessoas treinadas pelo Corpo de Bombeiros para manusear os equipamentos contra incêndio e promover a evacuação ordenada do recinto, caso necessária.

Os outros três – PLS 35/2013, de Gim Argello (PTB-DF); PLS 36/2013, de Eduardo Amorim (PSC-SE); e PLS 37/2013, de Romero Jucá (PMDB-RR) – instituem a exigência para casas com capacidade acima de 250 pessoas.

Descumprimento

Os prazos para a adequação dos estabelecimentos à norma variam de seis meses (projetos de Gim, Amorim e Jucá) a 18 meses (proposta de Viana). A partir daí, o eventual descumprimento sujeita-os à cassação do alvará e à multa administrativa prevista em legislação local.

O projeto de Viana inclui no Código Penal reclusão de um a quatro anos, e multa, para quem conceder ou renovar alvará de funcionamento em desacordo com a lei. Por isso, foi encaminhado preliminarmente à comissão temporária da reforma do Código Penal.

Liminares

As outras propostas não propõem alterações no Código Penal e, por isso, foram encaminhadas diretamente à CCJ. Em comum, elas vedam o Judiciário de conceder liminar em mandado de segurança que tenha por objeto o funcionamento ou obtenção de alvará para boates, casas de show e similares.

Os quatro projetos visam preencher uma lacuna na legislação federal quanto à segurança contra incêndios em casas noturnas e similares. Seus autores argumentam que a inexistência de norma federal levou diversos estados e municípios a regularem a matérias, sem uniformidade e com critérios "eventualmente frouxos ou demasiado rígidos", como afirma Viana.

Incêndio

Os projetos foram apresentados após o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), na madrugada de 27 de janeiro deste ano. Na ocasião, segundo apurou a polícia gaúcha, uma banda usou efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria começado pela espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna. Sem conseguir sair do estabelecimento, pelo menos 239 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas.

Incêndio semelhante, ocorrido em uma boate de West Warwick, em Rhode Island (EUA), em 2003, com a morte de 100 pessoas, fez esse estado norte-americano aumentar as exigências para o funcionamento das casas noturnas. Por pressão da comunidade, também a fiscalização foi intensificada.



22/02/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senado vai analisar regras mais rígidas de segurança para boates

Proposta de segurança em boates está pronta para votação

CAE aprova normas mais rígidas para produtos importados

CAE APROVA NORMAS MAIS RÍGIDAS PARA DEFESA AGROPECUÁRIA

Jorge Viana solicita providências para aumentar segurança em boates

Aprovadas normas mais rígidas para identificação de trabalhadores marítimos