Quintanilha: modelo equivocado de reforma agrária aumenta desemprego rural



Ao se referir à multiplicação de acampamentos de trabalhadores sem terra à margem das estradas brasileiras, o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) observou nesta segunda-feira (14) que o Brasil continua insistindo na tentativa de executar um modelo de reforma agrária equivocado que, no seu entender, não atende às aspirações daqueles que têm aptidão para produzir e que querem trabalhar a terra.

- O que estamos vendo são desempregados, pessoas que, principalmente nas cidades, não estão encontrando um meio justo e digno de ganhar seu próprio sustento e que buscam essa pequena alternativa oferecida pelo governo e pelo Incra para encontrar um pedaço de terra para sobreviver. É um assunto da maior gravidade e que cresce em proporção geométrica no pais.

O senador disse que acaba de testemunhar o aumento considerável do número de acampamentos que surgem nas diversas rodovias. Ele disse ter observado famílias inteiras formando novos acampamentos, muitas delas submetendo seus membros a uma condição de -vida abjeta, totalmente inaceitável, que agride a dignidade humana, já que as pessoas se abrigam às margens dos córregos e das rodovias em condições quase degradantes-.

Quintanilha alertou que muitos desses desempregados não têm aptidão para receber um pedaço de terra, porque seguramente não saberão trabalhá-la. Além do equívoco por ele apontado na reforma agrária, ele chamou a atenção do governo para a interpretação equivocada da legislação trabalhista, que, na sua análise, considera trabalho escravo atividade que, muitas vezes, é própria do meio rural.

- Essa interpretação impõe ao produtor, àquele que pagou pela propriedade, que paga imposto e que emprega, humilhações que chegam a assustar. Para não ser visitado por fiscais do Ministério do Trabalho, com a Polícia Federal atrás, alguns exorbitando de suas atribuições e impondo-lhes humilhações, muitos proprietários rurais estão desempregando também no campo. Estão desempregando trabalhadores braçais que não têm outra alternativa de trabalho e que se não puderem trabalhar no pasto irão para as periferias das cidades.



14/06/2004

Agência Senado


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