Randolfe: requerimento para criação da CPI do Cachoeira está ‘aquém do esperado’
Apesar de adiantar que assinará o pedido para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista para investigar o esquema do bicheiro Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, preso na operação Monte Carlo, da Polícia Federal, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) criticou, na tarde desta quinta-feira (12), o teor do requerimento a ser apresentado pelas lideranças partidárias. Para ele, o texto está amenizado e pode tirar o foco do envolvimento de agentes públicos e privados no esquema desbaratado pela PF. Como resultado das investigações da PF, o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Randolfe lembrou que, na reunião de líderes da última terça-feira (10), ficou acertado que o requerimento teria foco em três linhas de investigação: os desdobramentos da operação Monte Carlo – que prendeu Carlinhos Cachoeira –, o envolvimento de agentes públicos e a participação de agentes privados em práticas ilícitas. Ele mencionou especificamente o envolvimento da empresa Delta Construções com o esquema de Cachoeira. O senador disse que, no entanto, a ementa do requerimento não deixa claros esses pontos, tirando o foco do envolvimento de agentes públicos e privados.
- O requerimento está aquém do que foi debatido na reunião – declarou Raandolfe.
O senador também disse que o requerimento apresenta um elemento novo para a investigação, que seria a existência de um esquema escuta ilegais.
- Convenhamos: este não é o foco a ser tratado pela comissão. O que o Brasil quer saber é qual é a rede criminosa de Carlos Cachoeira e qual o envolvimento de agentes públicos e privados com este senhor – argumentou o senador.
Randolfe ainda lamentou o fato de o requerimento prever 15 deputados e 15 senadores na composição da comissão. O número poderia comprometer a participação do PSOL na comissão, por conta da proporcionalidade. Apesar de indignado, Randolfe disse que vai assinar o requerimento e acompanhar os trabalhos da comissão.
- Espero que esta CPI Mista chegue aonde a sociedade brasileira quer: a identificação de todos aqueles agentes públicos e privados envolvidos no esquema de Carlos Augusto Ramos – disse Randolfe.
Mensalão
O senador Pedro Taques (PDT-MT), em discurso no Plenário, disse que a comissão não pode se esquecer de investigar o envolvimento de empreiteiras no esquema de Carlinhos Cachoeira.
Segundo o parlamentar, também não se pode confundir o trabalho desta comissão com a que investigou o mensalão – escândalo no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005. Taques destacou que o Ministério Público Federal já denunciou o esquema do mensalão, indicando 40 envolvidos em vários crimes, inclusive formação de quadrilha. Ele ainda cobrou agilidade do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do processo do mensalão, que está perto de prescrever.
- O mensalão não tem, ao menos até agora, nada a ver com a investigação desta CPI – disse Taques.
12/04/2012
Agência Senado
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