Raul Pont defende que Lula tenha uma postura mais crítica









Raul Pont defende que Lula tenha uma postura mais crítica
O ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont aproveitou ontem sua passagem pelo Recife, onde veio a convite do prefeito João Paulo fazer um seminário sobre Orçamento Participativo, para cobrar uma postura mais crítica do candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva. “Ciro está subindo nas pesquisas porque faz um discurso de oposição que a população quer ouvir. Lula deve fazê-lo, até porque pode fazê-lo de forma mais coerente, por não ter compromissos com esse governo”, observou, em entrevista no gabinete do prefeito. “Acho que Lula deixa um espaço aberto por não ter uma postura mais crítica. A população não quer ouvir mesmices.”

Na avaliação do petista, o equivoco se dá por uma exagerada preocupação com a governabilidade em um eventual governo petista. “Mais importante do que dobrar a bancada é sinalizar para novas fórmulas de decidir. Temos que ocupar espaço com propostas concretas. O não à Alca é um exemplo. Muitos companheiros do partido fazem a mesma avaliação”, contou Raul Pont.

Além das críticas à campanha petista, Pont aproveitou a presença da imprensa para atacar o candidato Ciro Gomes, da Frente Trabalhista. “Ciro não representa nenhuma mudança ao atual sistema, na reta final (em um eventual segundo turno contra Lula) ou agora (primeiro turno). Ele não é uma alternativa confiável, considerando que o seu partido não tem sustentação parlamentar e está se associando a partidos adesistas, como o PFL. Lá no Rio Grande do Sul, por exemplo, o PPS está de braços dados com o PFL. Hoje, todos os jornais dizem que ACM (PFL/BA) e Jorge Bornhausen (PFL/SC) mandam mais na campanha do que Roberto Freire (PPS-PE)”, alfinetou.

Na avaliação do petista, o comando da campanha de Lula deveria estar mostrando este jogo de forças para a população. “Lula terá que mostrar que a sustentação política de Ciro é quase igual à base de FHC”, ensinou Pont.


Justiça acata denúncia contra empresários
SÃO PAULO – O juiz da 1ª Vara Criminal de Santo André, Iasim Issa Ahmed, quebrou ontem o sigilo bancário e aceitou a denúncia formulada pelo Ministério Público (MP), por crimes de concussão e formação de quadrilha contra seis implicados no suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André, sob a administração do PT. O recebimento implicou na imediata instauração de processo crime contra o ex-secretário municipal de Serviços, Klinger Luiz de Oliveira Souza, os empresários Sérgio Gomes da Silva (o Sombra), Ronan Maria Pinto, Irineu Nicolino Martin Bianco, Humberto Tarcísio de Castro e Luiz Marcondes de Freitas Júnior.

A denúncia, datada de 17 de junho, atribui a eles “a formação de uma quadrilha determinada a arrecadar recursos através de achaques a empresários e desvio de dinheiro dos cofres públicos municipais”. Os promotores que cuidam do caso sustentam que “há provas” que mostram que empresas de transporte público eram forçadas a pagar propinas mensais para funcionários da Prefeitura, sob pena de sofrerem retaliação. Segundo as denúncias, “o valor cobrado era de R$ 550 mensais por ônibus”.

O magistrado não aceitou a defesa preliminar dos acusados, que pleiteavam a rejeição da denúncia sob a alegação de que a peça acusatória “é inepta”. Dessa forma, determinou indiciamento formal dos denunciados, oficiou o Banco Central para que forneça informações sobre contas bancárias no território nacional e no exterior de cada um dos denunciados, no período entre 1997 a 2001, e requisitou das administradoras dos cartões de crédito informes abrangendo o mesmo período de cada denunciado.

CHANTAGEM – A polícia cearense prendeu ontem, em flagrante, dois homens que estavam chantageando o presidente nacional do PT, deputado federal José Dirceu (SP).

O gráfico Lincon Nogueira Mendes, 51 anos, natural de Santo André (SP), e o oficial da Marinha Dirney Santana Martins, 27, ambos residentes em Fortaleza, haviam ligado para o Diretório Nacional do PT, em São Paulo, avisando que tinham um dossiê contra Dirceu. Pediram R$ 50 mil para não divulgar o documento. José Dirceu avisou a polícia.

Os chantagistas estão presos no Departamento de Inteligência da Polícia.


ACM dá apoio incondicional a Ciro
Ex-senador baiano afirma que poderá apoiar qualquer candidato que chegar ao segundo turno, com exceção do tucano José Serra

SÃO PAULO – O candidato ao Senado pela Bahia Antônio Carlos Magalhães (PFL) voltou a declarar apoio incondicional ao presidenciável Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS/PDT/PTB). Os dois se encontraram ontem, no Hotel Maksoud, em São Paulo. Antes da reunião, Ciro disse que o apoio de setores do PFL à sua candidatura já está formalizado. Para o candidato, tais alianças fazem parte de sua estratégia de conseguir apoio de três quintos do Congresso Nacional para poder governar.

Antes do encontro, ACM afirmou, em almoço promovido pela Associação dos Dirigentes de Venda e Marketing do Brasil, em São Paulo, que apoiará qualquer candidato à Presidência da República que chegue ao segundo turno, com exceção do candidato governista, José Serra (PSDB). Entretanto, ressaltou que a passagem de Ciro para o segundo turno já está definida. “Não sou profeta, mas por tudo aquilo que entendo de política, Serra não inverte esse quadro.”

À tarde, o pós-comunista foi acompanhado pelo presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, em um corpo-a-corpo no centro do Rio. Questionado sobre um possível apoio do candidato do PSB, Anthony Garotinho, caso este desista da disputa, Ciro afirmou que recusaria a adesão. O apoio de Garotinho poderia abrir uma crise com Brizola, desafeto do ex-governador do Rio e um dos principais aliados de Ciro.

MARTINEZ – Mesmo contrariando parte do comando da campanha de Ciro, o presidente do PTB, deputado José Carlos Martinez (PR), coordenador político da campanha, tentou ontem esclarecer as circunstâncias do empréstimo obtido em 1991 de Paulo César Farias, o PC, tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor em 1989. Deixou muitas dúvidas no ar e ainda acirrou a crise na Frente Trabalhista.
Embora frise que não pretende fazer pré-julgamentos, o presidente do PPS, senador Roberto Freire, afirma que a situação é constrangedora: “Esse problema não é bom para Ciro. Em vez de apresentar nosso programa, estamos explicando um empréstimo do presidente do PTB. Ele tem o direito de se explicar. Mas seria melhor se não estivesse vinculado à campanha.”


Equipe avalia que Serra caiu tudo o que tinha para cair
BRASÍLIA – O comando político da campanha presidencial do senador José Serra (PSDB-SP) avalia que o candidato caiu tudo o que tinha para cair na preferência do eleitorado e aposta na atuação ostensiva do presidente Fernando Henrique Cardoso em favor do tucano para reverter as quedas sucessivas nas pesquisas eleitorais. O tucanato espera não só que Serra pare de cair, como que ele cresça pelo menos três a quatro pontos nas pesquisas até dia 20, estreando na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão com cerca de 15% da preferência do eleitorado.

“Vamos inverter esta maldita curva declinante antes do início do programa eleitoral”, prevê o coordenador político da campanha, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG).

“Não é possível que um presidente bem avaliado como Fernando Henrique não transfira 10% a 20% do prestígio que tem a seu candidato”, diz outro dirigente tucano, ao lembrar que o mais ilustre cabo eleitoral de Serra está à frente de um Governo avaliado como bom e ótimo por 30% dos eleitores. Nas contas do tucanato, Serra tem condições de crescer um ponto percentual semanalmente nas pesquisas.


Empresários lançam manifesto de apoio à candidatura de Lula
SÃO PAULO – Cerca de 100 empresários lançaram ontem um manifesto de apoio ao candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, apontado por eles como “o único capaz de retomar o desenvolvimento”. O documento é recheado de críticas ao atual modelo econômico, classificado de “submisso”. Os empresários descreveram o manifesto como “um desabafo de um grupo cansado de ouvir declarações que visam apenas a tumultuar o processo sucessório e impedir que o melhor candidato vença”.

A manifestação pró-Lula foi organizada, entre outros, por um dos coordenadores da
Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania (Cives), José Carlos de Almeida.

Assinaram Antoninho Marmo Trevisan (Trevisan Faculdades), Lawrence Pih (presidente do Moinho Pacífico), José Pessoa de Queiroz Bisneto (Grupo José Pessoa, um dos maiores produtores de açúcar e de álcool), Hélio Cerqueira (proprietário da Rede Estapar), Paulo Feldman (vice-presidente da Ernst & Young) e Michael Haradom (dono da Fersol, indústria de defensivos agrícolas), entre outros. É o mesmo grupo que já lançou manifestos pró-Lula em campanhas eleitorais anteriores.


Casamento de Jarbas com senadores será acelerado
Resultados da pesquisa Exatta, que mostram candidato a senador Sérgio Guerra em situação desconfortável, reforçam a necessidade de o governador ir às ruas para fazer campanha. O assunto foi discutido em um almoço

Os números da pesquisa Exatta para a corrida ao Senado, publicada com exclusividade pelo JC, só reforçaram a estratégia que a aliança governista já tinha planejado: a de “casar”, muito bem, a campanha de seus candidatos Marco Maciel (PFL) e Sérgio Guerra (PSDB) com a do governador e candidato à reeleição Jarbas Vasconcelos (PMDB). A discussão foi o cardápio de um almoço, ontem, entre Maciel e Guerra e seus respectivos candidatos à suplência, Gustavo Krause (PFL) e Marcos Cunha (PMDB), e Roberto Pandolfi (PMDB) e João Batista (PSDB).

Os detalhes de como será feita essa integração entre os candidatos foram discutidos, no final da tarde, na Marketing Consultoria e Comunicação (MCI), do sociólogo Antônio Lavareda. Os números da Exatta – que os governistas garantem serem “os esperados”, embora admitam tratarem-se de percentuais um pouco inferiores aos apontados pelas pesquisas internas – indicaram a “dependência” do candidato Sérgio Guerra de uma forte campanha de rua com a presença do governador-candidato. O tucano obteve apenas 5% das intenções de voto na consulta estimulada.

Por isso, na próxima semana será intensificada essa campanha de rua ‘casada’. O pefelista Marco Maciel, por exemplo, fincará o pé no Estado a partir de segunda-feira (05), reduzindo suas idas a Brasília, e o governador Jarbas Vasconcelos cumprirá também agenda de candidato. Até lá, Sérgio Guerra mantém-se no corpo-a-corpo, como hoje pela manhã quando caminha no Mercado de São José.

“Jarbas disputa a reeleição sem adversário. Maciel está em uma posição tranqüila. Sérgio Guerra é que precisa de campanha. Por isso, o nosso governador não pode deitar em berço esplêndido”, cobrou um governista, insinuando que Jarbas Vasconcelos terá que rever a sua decisão de uma agenda mínima de campanha.

O candidato ao Senado Sérgio Guerra (PSDB) disse que só estará diante de dados estatísticos “relevantes”, sobre a eleição, “quando tiver campanha de rua”. “Eu só tenho um adversário nessa eleição, que é a falta de campanha”, concluiu. Por enquanto, ele disse que ainda pretende priorizar o que chamou de “solidificação da estrutura de campanha”. O tucano se reuniu, ontem à tarde, com um grupo de vereadores e ex-vereadores e, à noite, com evangélicos ligados ao deputado estadual e candidato à reeleição Israel Guerra (PSDB).


Artigos

Uma crise administrativa
Emanuel Dias

Os cenários político, social e econômico da Argentina são, como todos estamos vendo, assombrosos. Alguns números absolutos explicam a dimensão dos problemas vividos pelo nosso vizinho, como a pobreza urbana que atinge 35% dos 36 milhões de habitantes - neste ponto, tal e qual o Brasil -, um percentual que salta para 45% quando se inclui a população rural.

A esses números impressionantes soma-se o processo de degradação acelerado. Cai a qualidade de vida de toda a população - porque a crise econômica agrava o social, aprofunda as diferenças e gera a insegurança - numa nação que se orgulhava até há pouco tempo de um padrão europeu de vida. Desde a recessão de 1994, essa vitrine vem sendo estilhaçada com o mesmo alarido que toma de assalto os principais centros urbanos do país, instalando a incerteza, que é uma doença social que exige medicação radical.

Apesar de uma crise anunciada que ganhou corpo a partir de política cambial equivocada, há de se buscar mais de um ingrediente para melhor acompanhar a complexa situação de nosso vizinho. Um desses ingredientes, em nosso entendimento, é o administrativo. Pode parecer óbvio, mas o que queremos argumentar é que, simultaneamente com a fragilização do tecido social, a crise de produção e trabalho, é preciso ir atrás de suas raízes e nela estará, necessariamente, a falência da capacidade gerencial.

Isso ficou bastante visível até mesmo com o recorde de ascensão presidencial, enquanto o povo clamava nas ruas por uma liderança que desse respostas imediatas para o desespero nacional. Essas respostas pareciam bastante simples à distância, pelo menos para um primeiro momento. Acabar com a paridade cambial peso-dólar e decretar a moratória da dívida externa pareciam duas medidas inadiáveis.

Elas não vieram rápidas como se esperava, porque a natureza da crise é bem mais profunda. Além de ter que dar respostas imediatas para emprego, salário, abrigo, assistência médica -, e sobretudo, certeza e segurança no presente e futuro próximos, de hoje, do mês corrente - têm as autoridades que gerenciar uma complexa engrenagem financeira para evitar falências, golpes sobre segmentos mais frágeis, a ruptura final do sistema produtivo, em meio aos panclaços e ao clamor popular como poucas vezes se viu na História do continente.

Dizíamos que, em nosso entendimento, um dos ingredientes dessa crise é o administrativo. Faz parte da grande crise nacional daquele país vizinho a incapacidade de gerenciamento, que decorre da ausência - ou do comprometimento - de padrões administrativos elementares em uma grande empresa e, mais ainda, em uma nação.

Padrões naturalmente esperados em qualquer país medianamente dotado de boas universidades.

A desorganização econômica se processou no rastro de uma política que fez daquele país um grande laboratório para a aplicação de experiências, pelo que se exigiria, no mínimo, uma elite administrativa ágil, capaz de identificar os pontos frágeis, a capacidade de avançar e recuar, capaz de identificar e aplicar o estímulo necessário ao crescimento ou, ao menos, ao controle de indicadores negativos no momento em que surgissem.

Tudo isso implica, necessariamente, a exigência de um corpo gerencial que, surpreendentemente, parece faltar à Argentina. Por ser uma entidade que não pode pedir falência nem sumir do mercado, a nação tem que necessariamente dispor de modelos, de simulações para qualquer circunstância, e isso é matéria-prima de gerenciamento, material corrente dos administradores públicos ou privados. Deles, é óbvio, não se espera lances mágicos, mas o trabalho sistemático e a interferência sobre os programas públicos na forma em que forem postos.

Da capacidade gerencial, mesmo com todas as históricas deformações que conhecemos em toda a América Latina, o mínimo que se espera é a possibilidade de traçar c enários, apontar rumos, indicar conveniências, agora mais do que nunca, com o desenvolvimento de processos acadêmicos altamente avançados, como o nascimento de incubadoras de empresas, processadas pela parceria de governos, universidades e sociedade civil organizada, como forma racional de se conquistar um crescimento sustentável.

Esse é um modelo aplicável a qualquer instituição, pública ou privada, e também, um cenário que deve servir de sobreaviso para todas as nações, em especial para nós brasileiros, por sermos a mais poderosa economia do hemisfério sul. As lições de falência devem ser modelos de gerenciamento que caibam em qualquer circunstância e que representem, sobretudo, o antídoto de crises.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

Eleição sem graça
Como já foi dito nesta coluna, dificilmente a eleição para o governo estadual empolgará os pernambucanos. A pesquisa Exatta/JC diz exatamente isto. Por absoluta falta de adversários, Jarbas Vasconcelos lidera as prévias em todas as regiões de Pernambuco. Humberto Costa não empolgou, Humberto Barradas não disse a que veio e os outros candidatos cumprem tarefa.

De certa forma, esse cenário político já era previsto. Desde que embolsou, há cerca de dois anos, cerca de R$ 2,3 bilhões em decorrência da venda da Celpe, o governo estadual jogou pesado para construir em Pernambuco um “partido único”. Aliciou prefeitos da oposição em troca de favores, do que resultou um “alianção”, que, de tão inchado e heterogêneo, só sobreviverá, no máximo, até a eleição municipal de 2004.

Até lá, como medo de retaliação, como acontece com Carpina e Tracunhaém, os prefeitos do interior estão sendo obrigados a se aliar ao “PG” (Partido do Governador).

A única graça desta eleição será a disputa pelo Senado. O governo dará a carga máxima para tentar eleger Marco Maciel e Sérgio Guerra, malgrado o favoritismo de Carlos Wilson, que é apoiado pelas oposições. Este deve disputar com Guerra a segunda cadeira.

Fato novo
Reviravolta na política Paulista. 12 dos 20 vereadores governistas não irão seguir a orientação do prefeito Antonio Speck, do PMDB. Em vez de Nena Cabral (PMDB), que é o candidato oficial, estão apoiando Cláudio Russel (PSL), presidente da Câmara Municipal, para a Assembléia Legislativa. Também estão no palanque do vereador os ex-deputados estaduais Geraldo Pinho Alves Filho, Gedeão Rosa, José Resende e Ademir Cunha.

Suando a camisa
Segundo José Jorge (PFL), o fato de ter ido a São Paulo, a convite do seu partido, para participar de uma caminhada com o governador Geraldo Alckmin não significa que não esteja engajado nas campanhas de Jarbas e Marco Maciel. “Já trouxe a família para cá e aqui ficarei, suando a camisa, até o dia da eleição”, disse o senador.

Cai fora, José!
Cada vez que o presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez (PR), oferece explicações sobre um negócio que fez com PC Farias para a compra de um canal de TV, no Rio, mais constrangimentos cria para a campanha de Ciro Gomes. Está certo, pois, Roberto Freire, ao defender o afastamento dele da campanha até que o fato seja esclarecido.

Mais 2 comitês serão abertos nesta 5ª feira
Nesta quinta-feira, 1º de agosto, mais dois candidatos à Câmara Federal abrirão oficialmente os seus comitês: Roberto Magalhães (Rua Ricardo Hardman, 22, Aflitos) e Pedro Eugênio (Av. João de Barros, 889, Santo Amaro).

Candidato do PPS contrata mais três jornalistas
Com pinta de quem chegará ao 2º turno, Ciro Gomes ampliou a sua retaguarda de comunicação. Para ajudar o jornalista cearense Egídio Serpa, entraram na equipe Carlos Chagas, José Augusto Ribeiro e Sebastião Nery.

Deixa pra lá
Há um acordo infomal na cúpula regional do PFL para encarar com indiferença declarações e atitudes políticas do deputado Joaquim Francisco. Por essa razão, o apoio do ex-governador a Ciro Gomes no exato momento em que o candidato do PPS está subindo nas pesquisas foi interpretado lá como “oportunismo”.

Máquina azeitada
Mesmo com a sua alta taxa de reprovação, que é decorrência, em grande parte, da situação de dificuldades em que encontrou a prefeitura, a prefeita de Olinda, Luciana Santos, está trabalhando com afinco pelos dois candidatos do PCdoB: Renildo Calheiros (federal) e Nélson Pereira (estadual).

De certa forma, o apoio de Inocêncio Oliveira (PFL) a Ciro Gomes já era esperado. O deputado ficou engasgado com José Serra desde o episódio da “Lunus”, no Maranhão, responsável pelo encolhimento da candidatura de Roseana. E disse sucessivas vezes que o “candidato do governo” não tinha viabilidade eleitoral.

A exemplo do PFL, o governador de Minas, Itamar Franco, também tem o “faro” do poder. Oficialmente apóia Lula, mas dois colaboradores seus, Henrique Hargreaves e José Aparecido de Oliveira, estão com Ciro. O PFL não faz diferente. ACM e Bornhausen estão com Ciro, e Marco Maciel com José Serra.

O general Euler Bentes Monteiro, que morreu no Rio, semana passada, aos 85 anos, tinha forte ligação com Pernambuco. Além de ter sido superintendente da Sudene, teve no ex-senador Marcos Freire um dos principais coordenadores de sua eleição indireta para a presidência da República (1978), com Paulo Brossard na vice.

Aos 75 anos, morreu na última quinta-feira, em Caetés, o ex-prefeito (três vezes) Rafael Brasil. Ex-distrito de Garanhuns e terra natal de Lula, Caetés foi emancipado em 63 durante o 1º governo de Miguel Arraes. Rafael morreu com fama de administrador sério e eficiente, porém não deixou herdeiro político.


Editorial

EMPRESAS-CIDADÃS

A reportagem deste jornal divulgou dados de um importante levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão do Ministério de Planejamento e Orçamento, sobre o grau de responsabilidade social do empresariado brasileiro. Os dados são do ano 2000, mas só foram liberados pelo Ipea no mês passado.

Por esse meio, fica-se sabendo que se vem reduzindo aquela antiga postura egoísta e radical de responder a qualquer cobrança de ação comunitária ou social com o grosseiro chavão de que uma empresa é uma entidade que está comprometida com a eficiência e o lucro, e não tem caráter filantrópico. Isto continua a ser verdadeiro, mas parece estar ficando mais claro aos seus executivos que tanto o cidadão comum, como pessoa física, quanto a empresa, como pessoa jurídica, por fazerem parte da sociedade, estão igualmente comprometidos com o seu desenvolvimento ético e material. Parece que se ameniza também outra atitude simplista: a de colocar nas costas do poder constituído toda a responsabilidade pelo desenvolvimento social do país.

Na série de reportagens sobre o assunto, assinada por Dario Brito e Simone Gouveia, é lembrado de início o fato de que, na segunda metade da última década do século passado, começou a fazer-se notar com mais nitidez uma espécie de “despertar para o social” no universo empresarial brasileiro. Os motivos apontados são vários, desde e maturação do processo de redemocratização, às campanhas contra a fome e a miséria que tomaram conta dos meios de comunicação. Vale lembrar o grande alerta do movimento Ação pela Cidadania Contra a Fome e a Miséria, sob a inspiração de Herbert de Souza, o Betinho, o esforço de bispos como Dom Hélder Câmara para eliminar a fome no limiar do novo milênio, a multiplicação de ONGs ligadas aos problemas sociais e outros movimentos semelhantes.

O conjunto dessas iniciativas teria criado um clima de pressão e obtido a adesão de empresários. E o engajamento empresarial, diga-se a bem da verdade, não precisou ser alimentado por incentivos fiscais compensatórios, como em out ras ocasiões. A pesquisa comentada confirma que apenas 6% das empresas brasileiras que investiram no social utilizaram os benefícios concedidos, ora porque os consideram insignificantes, ora porque o labirinto burocrático criado para recebê-los foi considerado indevassável.

É certo que, muito antes desse recente “despertar para o social”, houve grandes empresários brasileiros que revelaram sensibilidade para os problemas humanos que cercam qualquer empreendimento produtivo. Afora os exemplos clássicos de Mauá, no Centro Sul, e de Delmiro Gouveia, aqui no Nordeste, muitos empresários dos setores têxtil e canavieiro construíram casas e centros de diversão para trabalhadores. Os ingleses da Great Western, cujas oficinas centrais ficavam em Jaboatão, e que chegaram a ter mais de 2000 operários, construíram ruas, financiaram uma banda de música e foram responsáveis por festas e espetáculos artísticos.

Segundo a pesquisa do Ipea, os empresários brasileiros investiram, no ano 2000, cerca de R$ 4,7 bilhões em ação social. Sem dados comparativos em relação aos anos anteriores, fica difícil aquilatar o nível de crescimento dos recursos aplicados. Mas, em números absolutos, esse valor chega a impressionar. Não tanto em relação ao que acontece em países como os Estados Unidos, onde milionários fazem doações que nos parecem astronômicas para hospitais, museus, bibliotecas e universidades, entre outras instituições de grande interesse social.

Mas é o começo auspicioso de um movimento de solidariedade que só tende a crescer.

Uma ordem socioeconômica mais justa não é responsabilidade isolada do governo. É desafio para todos os setores da sociedade e para cada empresa e cidadão em particular.


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07/30/2002


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