Raupp aplaude pedido de peruanos para EUA coibirem comércio de armas na América Latina



O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) destacou a importância de documento elaborado por 71 parlamentares peruanos e encaminhado ao Congresso dos Estados Unidos solicitando que os norte-americanos reorientem sua política de vendas de armas aos países latino-americanos. No documento, informa Raupp, os peruanos listam as conseqüências funestas que esse tipo de comércio acarreta para a região e pedem que o governo de Washington retome a iniciativa do presidente Jimmy Carter, anunciada em 1977, de coibir esse "caríssimo" comércio.

A decisão de Carter foi revogada pelo ex-presidente Bill Clinton, de acordo com Raupp, como resultado de provável pressão exercida pelos grupos empresariais que lucram com o comércio de armas. Portanto, acrescentou o senador, o que se pede não é algo inédito, mas somente o retorno do quadro vigente em fins da década de 70.

O resultado imediato desse comércio, argumentou o senador, é drenar os já parcos recursos orçamentários dos países, desviando-os dos programas sociais de alta relevância, a exemplo dos projetos voltados para a universalização do sistema educacional público e para criação e manutenção de um adequado serviço de saúde. Além disso, acrescentou o senador, a aquisição de armas contribui para elevar a dívida externa desses países, uma vez que as compras normalmente se efetivam com recursos de empréstimos internacionais.

- A manutenção do comércio dessas armas, sob o ponto de vista moral, político, econômico e social, é indecoroso e deplorável. Não posso admitir que um continente historicamente marcado por absurdos desníveis sociais possa, acintosa e inescrupulosamente, desviar recursos vitais à luta para a superação da miséria e das iniqüidades sociais para saciar a sede de ganho imoral por parte de uns poucos - argumentou Raupp.

Outro aspecto mais "tenebroso" da compra desenfreada de armas de tal porte pela América Latina, ressaltou Raupp, é que isso poderá desencadear uma corrida armamentista "anacrônica e deletéria", levando à derrota da decisão tomada ainda na década de 60 de fazer do Atlântico Sul zona livre de armas nucleares. A constituição de arsenais dessa natureza, advertiu o senador, poderá reavivar antigas rivalidades que as nações da América Latina vêm superando e vai na contramão de iniciativas de integração como a constituição do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e da Comunidade Andina, assim como das negociações em torno de uma futura Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

O gigantismo desse comércio de armas especiais também viola, lembrou Raupp, os acordos voltados para a paz e o desarmamento na região, celebrados pelos chefes de Estado dos países integrantes do Grupo do Rio. Agride ainda, acrescentou o senador, a carta da Organização dos Estados Americanos (OEA) na qual se determina a obrigatoriedade de "luta coletiva para suprimir a pobreza extrema que constitui obstáculo para o pleno desenvolvimento democrático dos povos do hemisfério".

O documento dos peruanos, ressaltou Raupp, ganha atualidade nessa conjuntura mundial em que as mais sofisticadas armas deixam de ser monopólio de Estados e passam a ser utilizadas por grupos terroristas radicais.



22/04/2004

Agência Senado


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