Reação à greve dos professores demonstra despotismo do governo, afirma Lauro Campos



Em discurso nesta sexta-feira (23), o senador Lauro Campos (PDT-DF) manifestou sua opinião de que a forma como o governo federal vem reagindo às greves no serviço público demonstra como a administração do presidente Fernando Henrique Cardoso é "despótica e autoritária". O senador chamou o governo de "ditadura-moleque" por não cumprir a determinação judicial de pagar o salário dos professores grevistas e pelo pacote de medidas para evitar paralisações no serviço público, considerado inconstitucional por diversos juristas.

- Mais que desrespeito, isso está virando molecagem, não é coisa séria. É uma ditadura-moleque. Paulo Renato (ministro da Educação) recebe determinação judicial de pagar professores e diz que a responsabilidade não é dele, mas do presidente da República, que já pode tudo, que tem todos os poderes de ditador e agora também assumiu o poder de autorizar o pagamento dos funcionários públicos, principalmente daqueles em greve - afirmou Lauro Campos.

O senador citou o livro Sua majestade, o Presidente da República, do cônsul inglês no Brasil no início do século XX Ernest Hambloch, e afirmou que o segundo mandato de Fernando Henrique é um "segundo reinado, conquistado à custa de compra de votos de deputados". Enquanto isso, acrescentou, as altas taxas de desemprego aumentam o desespero e a agressividade da população, colocando "em cada esquina um irmão transformado em agressor, uma criança, em bandido".

- Temos consciência perfeita de que o regime é ditatorial, que descambou para o autoritarismo. O mais cínico autoritarismo revestido com o cada vez mais roto manto legal que a cada dia é desprezado e vilipendiado - declarou.

Para o senador, o governo tem um comportamento duplo. Em relação ao povo brasileiro, aos desempregados e às crianças, tem coragem para achatar e não pagar salários e de pôr a polícia na rua. Em relação ao Fundo Monetário Internacional (FMI), conforme análise de Lauro Campos, o presidente perde a coragem, paga todas as dívidas e reserva bilhões das receitas da União, "arrecadadas da fome, para pagar os asseclas do FMI, os bancos credores".

- Parece que o governo está distante dos sofrimentos reais da fome e do desemprego. Se caracteriza pelo desprezo à cidadania, às leis, ao Judiciário e aos senadores a quem considera venais, títeres manipuláveis por um governo imperial - avaliou.

23/11/2001

Agência Senado


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