Reação à greve dos professores demonstra despotismo do governo, afirma Lauro Campos
- Mais que desrespeito, isso está virando molecagem, não é coisa séria. É uma ditadura-moleque. Paulo Renato (ministro da Educação) recebe determinação judicial de pagar professores e diz que a responsabilidade não é dele, mas do presidente da República, que já pode tudo, que tem todos os poderes de ditador e agora também assumiu o poder de autorizar o pagamento dos funcionários públicos, principalmente daqueles em greve - afirmou Lauro Campos.
O senador citou o livro Sua majestade, o Presidente da República, do cônsul inglês no Brasil no início do século XX Ernest Hambloch, e afirmou que o segundo mandato de Fernando Henrique é um "segundo reinado, conquistado à custa de compra de votos de deputados". Enquanto isso, acrescentou, as altas taxas de desemprego aumentam o desespero e a agressividade da população, colocando "em cada esquina um irmão transformado em agressor, uma criança, em bandido".
- Temos consciência perfeita de que o regime é ditatorial, que descambou para o autoritarismo. O mais cínico autoritarismo revestido com o cada vez mais roto manto legal que a cada dia é desprezado e vilipendiado - declarou.
Para o senador, o governo tem um comportamento duplo. Em relação ao povo brasileiro, aos desempregados e às crianças, tem coragem para achatar e não pagar salários e de pôr a polícia na rua. Em relação ao Fundo Monetário Internacional (FMI), conforme análise de Lauro Campos, o presidente perde a coragem, paga todas as dívidas e reserva bilhões das receitas da União, "arrecadadas da fome, para pagar os asseclas do FMI, os bancos credores".
- Parece que o governo está distante dos sofrimentos reais da fome e do desemprego. Se caracteriza pelo desprezo à cidadania, às leis, ao Judiciário e aos senadores a quem considera venais, títeres manipuláveis por um governo imperial - avaliou.
23/11/2001
Agência Senado
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