Reação contra bancos une políticos



 




Reação contra bancos une políticos
Governo e oposição se uniram para reagir à pressão do sistema financeiro sobre o processo eleitoral. As críticas foram unânimes na condenação dos relatórios de bancos de investimento estrangeiros que desaconselharam negócios com papéis brasileiros, com base na perspectiva de vitória do candidato petista à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o País foi vítima de ataque especulativo e determinou investigação rigorosa pela Comissão de Valores Mobiliários, para apurar se essas instituições lucraram com o movimento do mercado.

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, pediu serenidade e cautela aos investidores internacionais ao avaliar pesquisas de intenção de voto. Lula chamou de aventureiros os agentes do mercado. O candidato do PSDB, José Serra, disse que tais análises perturbam o processo eleitoral. (pág. 1, 2,

Quatro grandes bancos estrangeiros mantiveram ontem a recomendação aos investidores para que continuem aplicando recursos no Brasil. JB Morgan, Dresdner, Lloyds e Barclays minimizaram os riscos de uma guinada radical com a vitória de Lula, manifestaram confiança no País e, com estas posições públicas, derrubaram os ganhos de um grupo de investidores que vinha forçando a alta de juros e a queda dos títulos da dívida externa.

O dólar, no entanto, subiu e fechou a R$ 2,408, maior cotação desde fevereiro, diante do temor de que empresas brasileiras tenham dificuldades para captar recursos no exterior.


- A marca dos 40% atingida pelo candidato à Presidência do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, nas pesquisas eleitorais, nas últimas duas semanas, foi a senha. O mercado financeiro reagiu ao risco de uma vitória do petista na disputa pelo Palácio do Planalto.

Somado ao efeito Lula, surgiu uma onda de boatos sobre uma suposta denúncia que atingiria em cheio a candidatura presidencial do tucano José Serra. A bomba deveria explodir neste final de semana. (...)


- Num templo abarrotado com mais de três mil pastores, a Convenção Nacional da Assembléia de Deus tornou oficial o que já estava decidido há várias semanas. José Serra, do PSDB, é o candidato da igreja.

Cerca de 7 milhões de fiéis serão instruídos a votar no tucano em outubro. Enquanto o presbiteriano Anthony Garotinho (PSB) rejeitava o rótulo de representante da classe, Serra agia nos bastidores. Acabou conquistando uma fatia do valioso eleitorado evangélico. (...) (pág. 4)


O Mapa da Violência III
Estudo realizado pela Unesco e divulgado ontem, mostra aumento das taxas de homicídios em 17 estados brasileiros na última década. O índice saltou 212% em dez anos. Sete estados conseguiram reduzir o número de assassinatos.

Os resultados da pesquisa impressionaram o secretário de Estado dos Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro. Ele qualificou os assassinatos de jovens no Brasil como uma "epidemia" e afirmou que o País tem uma política "suicida" para a juventude. "O relatório é um tiro no pé do Brasil", disse. (...)


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA - Dora Kramer

Havia, tempos atrás, um bordão de programa humorístico que dizia ser a ignorância a grande parceira do atraso. Para enfatizar o conteúdo, usava-se a seguinte forma: "A ingnorança é que astravanca o pogresso". Pois, eis que temos agora, na interpretação do cenário brasileiro por parte de agências estrangeiras de análise política e econômica, um exemplo de que falta de informação e erros de avaliação são também excelentes condutores da má-fé.

Sim, por que só o dolo com objetivos escusos explica a obtusa ação de elevação do risco Brasil por causa da posição privilegiada do PT nas pesquisas eleitorais.

Por Deus do céu, onde andavam tão acurados analistas nas outras vezes em que Luiz Inácio Lula da Silva foi, da mesma forma, apontado como provável futuro presidente da República. (...) (pág. 2)


Editorial

"ZONA DE RISCO"

Ao avaliar as economias de países em desenvolvimento, o Fundo Monetário Internacional é rigoroso com o equilíbrio do balanço de pagamentos. Traça metas rígidas para o déficit em conta corrente (diferença entre o capital que entra e o que sai do País) e cobra seu cumprimento.

No momento, o FMI tenta empurrar a pílula amarga pela garganta da Argentina sem se compadecer com a crise social que vitimou o país. (...)

A dependência dos EUA do fluxo de capital estrangeiro é enorme. Pelas contas do Federal Reserve, nos últimos seis anos, cerca de 40% do aumento do estoque de capital nos EUA foram financiados por investimento externo.

Como as importações não param de crescer, a dependência cresce ainda mais. Se houver abalo de confiança no dólar, estará ameaçada a capacidade de financiar o déficit em conta corrente.

Queira ou não Paul O'Neill, a preocupação com a economia americana faz sentido. E muito.


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05/04/2002


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