Reale diz que recuo de FHC fortalece crime organizad
Reale diz que recuo de FHC fortalece crime organizado
Ex-ministro critica decisão de engavetar intervenção no ES
Em seu último dia como ministro da Justiça, o advogado Miguel Reale Júnior, 58, criticou o presidente Fernando Henrique Cardoso e classificou de "risível" e "absurda" a criação de uma força-tarefa para enfrentar o crime organizado no Espírito Santo.
Para o ex-ministro, a opção de engavetar o pedido de intervenção federal no Estado adotada pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, e aprovada por FHC, fortalece o crime organizado, que deve estar soltando "fogos de artifício".
O anúncio da criação da força, semelhante à que atua no Rio de Janeiro e com o apoio da Polícia Federal, foi feito anteontem por Brindeiro, após reunião com FHC e foi um dos motivos do pedido de demissão de Reale.
Ele se sentiu desautorizado ao não ficar sabendo da mudança de planos.
A saída de Reale do Ministério da Justiça resultou no pedido de demissão de outros cinco assessores do ex-ministro. Para evitar maiores desgastes, FHC dará posse hoje ao novo ministro Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, que estava na Secretaria de Direito Econômico.
"Fazer força-tarefa, tal como no Rio de Janeiro, no Espírito Santo é apenas risível. Criar a força com as instituições policiais sem nenhuma credibilidade é um verdadeiro absurdo", disse Reale.
O recuo do governo federal, que na quinta-feira aprovou a intervenção no Espírito Santo e quatro dias depois arquivou o processo na Procuradoria Geral, segundo o ministro, leva risco às testemunhas e vítimas do narcotráfico. "Quem deve estar feliz, quem deve estar soltando fogos de artifício é o crime organizado."
Reale Júnior endureceu o discurso sobre a decisão de engavetar o pedido de intervenção federal no Espírito Santo, aprovado pelo CDDPH (Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana). Para ele, a "análise política" que foi feita, em detrimento de uma avaliação jurídica, foi equivocada. "Nesta matéria não se pode fazer avaliações de ordem política porque o que está em jogo são vidas humanas", afirmou, ressaltando que "o crime organizado saiu fortalecido".
Reale Júnior voltou a afirmar que o envolvimento de FHC com a decisão de engavetar a intervenção o desautorizou na posição de titular da pasta da Justiça. "As posições do presidente da República entraram em absoluta dissonância com a posição do ministério."
O advogado desembarcou em Brasília por volta das 10h20 de ontem. Ele esteve em São Paulo anteontem, onde assinou acordo para combater crimes econômicos.
Caso continuasse no governo, Reale Júnior afirmou que se transformaria em um "ministro meia-boca", por não ter mais autonomia de decisão em relação a seus subordinados. Segundo ele, a criação de força-tarefa é de responsabilidade do ministro da Justiça, e não do procurador-geral.
Segundo Reale Júnior, não havia "descompasso" entre a aprovação do relatório pelo CDDPH e a opinião do presidente, porque os dois já haviam conversado antes da reunião do dia 4.
O ministro respondeu às declarações de José Carlos Gratz, presidente da Assembléia Legislativa capixaba, que endossou a decisão de Geraldo Brindeiro de arquivar o processo de intervenção. Ontem, o deputado afirmou que a opção tinha "lucidez jurídica".
"O senhor Gratz, que conhece o direito na posição de réu, não tem possibilidade de dar lição de direito para mim", disse o ministro que afirmou haver 14 processos criminais contra o deputado.
Rita critica FHC por arquivamento de pedido
A candidata a vice na chapa de José Serra, Rita Camata (PMDB-ES), criticou ontem o presidente Fernando Henrique Cardoso e o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que decidiram arquivar o pedido de intervenção federal no Espírito Santo.
Rita considerou que FHC foi precipitado, pois a tramitação do processo previa que ele fosse examinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) antes de o presidente se manifestar.
"Houve um relatório pedindo a intervenção que deveria ter sido examinado pelo STF antes da manifestação do presidente. Esse era o procedimento adequado", afirmou a deputada. Quando questionada se o presidente se precipitou, Rita concordou.
Deputada em quarto mandato pelo Espírito Santo, Rita é inimiga política do atual governador, José Ignácio (PTN, ex-PSDB), e apóia o candidato do PSB ao governo, Paulo Hartung.
A vice de Serra era favorável à intervenção no Estado. Para ela, o relatório do CDDPH (Conselho da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) concluiu que a medida era necessária: "Havia elementos suficientes para que a intervenção fosse decretada".
Reale Júnior
Rita não quis opinar se houve interferência política na decisão do arquivamento. E lamentou a saída do ministro Miguel Reale Júnior (Justiça), dizendo que aprovava seu trabalho no governo. O ministro defendia a intervenção. Pediu demissão por se sentir desautorizado com o arquivamento do processo.
José Serra também lamentou o pedido de demissão do ministro: "É uma pena, o Reale estava indo muito bem".
O presidenciável, porém, não quis comentar a decisão sobre o Espírito Santo: "Sei do assunto tanto quanto vocês. Apenas li o que saiu nos jornais".
Ele também não comentou a saída do diretor da Polícia Federal, Itanor Carneiro, dizendo que não tinha nenhum relacionamento com ele.
Com arma na mão, Serra fala em "politizar a segurança"
Tucano segura pistola descarregada e faz crítica velada a FHC
O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, fez ontem uma crítica velada à política de segurança de seu colega de partido, o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Na democracia, ou se politiza um problema ou não há solução. Eu vou politizar a segurança pública com uma seriedade que nunca houve no país", afirmou Serra, durante visita a Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia, uma das principais portas de entrada ilegal de entorpecentes e armas contrabandeadas no Brasil.
O tucano disse que planeja criar uma tropa fardada da Polícia Federal para combater o tráfico de drogas e de armas nas fronteiras do Brasil. Para falar sobre o assunto, pegou uma pistola automática, descarregada, de um policial federal que o escoltava.
Diante de um grupo de políticos e jornalistas, no último posto da fronteira brasileira antes de Puerto Quijaro (Bolívia), o candidato manuseou uma Glock alemã, de calibre 9 mm, para falar que milhares de armas como aquela entram no Brasil ilegalmente pelas fronteiras.
"Não sei dizer se isso é uma 9 mm ou uma 9 cm. Só sei dizer que isso tem que ser combatido", declarou o tucano. A pistola estava na pasta do policial federal que acompanhava Serra desde a chegada ao aeroporto da cidade. O policial já estava sabendo da intenção do candidato em pegar a arma, pois a entregou assim que Serra se virou para ele.
A arma ficou cerca de cinco minutos nas mãos do presidenciável, que estava ao lado do presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), da candidata a vice em sua chapa, Rita Camata (PMDB-ES), e da candidata tucana ao governo do Estado, Marisa Serrano, entre outros políticos. Todos se espantaram ao ver a pistola com Serra, mas se acalmaram quando ele mostrou que o pente de balas havia sido retirado.
A segurança é um dos principais problemas do Mato Grosso do Sul, principalmente nas áreas de fronteiras. O tema também é um dos mais importantes da campanha presidencial, devido à crise de violência nas grandes cidades -mais notadamente Rio e São Paulo- e ao pedido de intervenção federal no Espírito Santo devido à influência do crime organizado nos poderes constituídos. O pedido foi arquivado anteontem, o que provocou crí ticas de Rita Camata a FHC.
Em um eventual governo do tucano, sua intenção é triplicar o efetivo da Polícia Federal, alcançando cerca de 20 mil homens. Desses, 10 mil trabalhariam fardados nas fronteiras, combatendo, além do tráfico de drogas e de armas, crimes relacionados ao meio ambiente. O restante do efetivo seria responsável por ações de inteligência e de informação.
Serra também quer envolver os municípios no combate a pequenos delitos e aumentar a responsabilidade dos Estados no setor de segurança. Também promete modificar a legislação penal a fim de tornar mais rápidas e eficientes as condenações de criminosos. O programa da campanha presidencial do PSDB para o setor de segurança é elaborado por Milton Seligman, ex-secretário executivo do Ministério da Justiça, e pela juíza federal aposentada Denise Frossard.
Desemprego
Em sua passagem por Corumbá, Serra prometeu criar empregos em seu eventual governo desenvolvendo o turismo, a construção civil habitacional, a saúde, a educação e a agricultura irrigada. Com isso, pretende reduzir a taxa de desemprego a "níveis administráveis", que seriam em torno de 4% da população economicamente ativa.
Garotinho admite alterar orçamento por salário maior
Candidato promete permitir divulgação de fitas embargadas
O candidato do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, afirmou ontem que remanejaria o Orçamento da União para poder, em eventual vitória, aumentar o salário mínimo para R$ 280 em maio do próximo ano. O valor atual é de R$ 200,00.
O presidenciável, que fez a afirmativa ontem no "Jornal Nacional", rebateu a pergunta do apresentador William Bonner, de que o orçamento é contingenciado [para algumas rubricas, tem percentuais obrigatórios". Disse: "Tenho certeza que a população vai ficar bem mais satisfeita em saber que o dinheiro que iria para uma obra superfaturada será usado para um salário mínimo justo."
A entrevista durou 10min38s. Garotinho falou por 7min07s (66,9%), e os apresentadores, Bonner e Fátima Bernardes, por 2min17s e 1min14s, respectivamente, ou por 33,1% do tempo.
O presidenciável foi o segundo candidato à Presidência a ser entrevistado no horário nobre da TV Globo, depois de Ciro Gomes, na segunda-feira. Hoje, será a vez de José Serra, do PSDB.
A audiência do "JN" ficou praticamente inalterada com a entrevista de Garotinho. O noticiário continuou com os 38 pontos que tinha antes do início da conversa. Isso significa que cerca de 1,809 milhão de domicílios na Grande São Paulo estavam sintonizados na Globo, pouco maior que a audiência da entrevista de Ciro.
Apenas o share (porcentagem de aparelhos ligados que estão sintonizados no canal) diminuiu de 51% para 50%, segundo dados preliminares do Ibope.
Os apresentadores questionaram o candidato da Frente Brasil Esperança (PSB/PTC/PGT) sobre o que faria, sendo de um partido pequeno, para ter apoio no Congresso para aprovar o mínimo. "Tenho certeza que os deputados não ficarão insensíveis ao problema da maioria dos brasileiros."
Fátima Bernardes, indagou Garotinho se todo político não teria tentado fazer o mesmo com o mínimo. "Estarei cumprindo uma promessa do presidente Fernando Henrique Cardoso, não cumprida, de aumentar o mínimo para US$ 100." Em 1995, o salário mínimo chegou a ser de US$ 100.
No início do telejornal, Bonner questionou o presidenciável se não acharia sua candidatura "precoce" porque teria deixado muitas obras inacabadas no Rio, ao deixar o governo em abril.
Garotinho respondeu que "deixou condições" para sua sucessora, Benedita da Silva (PT), concluir suas obras. "Se por incapacidade ela não o fizer, a governadora que vai sucedê-la será capaz", em referência à mulher, Rosinha, candidata ao governo do Rio.
Garotinho afirmou que houve um "desmoronamento de seu esquema de segurança" no Rio porque falta um "gesto de autoridade" da atual administração.
Bonner indagou Garotinho sobre o fato de ele ter proibido a publicação de fitas gravadas ilegalmente por um ex-colaborador seu, Guilherme Freire. Garotinho disse que proibiu a divulgação porque havia "conversas pessoais" de colaboradores seus. No final, o apresentador teve a promessa do candidato em permitir a divulgação de trechos das fitas.
Mais tarde, em entrevista à GloboNews, prometeu diminuir o número de impostos, caso eleito.
Ciro procura PFL e tenta polarizar com Lula
Candidato critica petista por aliança com o PL; Roberto Freire diz agora que apoio pefelista é bem-vindo
Recebido em Minas Gerais por um PFL em festa, que vem aderindo à sua candidatura na proporção de seu crescimento nas pesquisas, o presidenciável do PPS, Ciro Gomes, disse que precisará dos pefelistas para governar. Com ataques a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro tenta agora polarizar a disputa com o candidato petista.
""Enquanto o apoio do PFL não for nos 27 Estados, não sossegarei", disse Ciro. Num eufemismo para designar a ligação do PFL com o poder, o presidenciável afirmou que ""o partido tem uma tradição política, que é respeitável, de manejo de Estado".
Ciro disse que Lula, por sua vez, terá de explicar suas recentes alianças com o PL e com o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB), porque passou 16 anos como ""a majestade solitária da ética e dos bons costumes".
""Quem vai morder a língua por dizer "eu sou o puro, os outros são impuros" não sou eu. É o Lula, que está com o PL e se abraçando com o Quércia. Eu não. Com as minhas cicatrizes, meus calos e minha calva, compreendo que o próximo presidente do Brasil vai fazer uma transição delicadíssima e é preciso sustentação. É preciso quadros para governar, interlocução federativa e mediação no Congresso", declarou Ciro.
O presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen (SC), manifestou seu apoio formal pessoal a Ciro em Uberaba (MG) e anunciou o início de uma ""mobilização nacional" para ampliar as adesões de pefelistas à candidatura. ""Vamos dar uma boa mexida na eleição presidencial", disse.
Ontem, a cúpula pefelista recebeu a notícia de mais dois Estados onde uma ala majoritária do PFL decidiu apoiar Ciro: Goiás e Espírito Santo. ""Serra é qualificado, mas ninguém o apóia com convicção", disse o deputado federal Vilmar Rocha (PFL-GO).
Após perder sua pré-candidata à Presidência, Roseana Sarney (MA), e o espaço político na aliança governista, dirigentes pefelistas apostam no crescimento de Ciro. Para eles, se Serra vencer, o PFL não passaria de coadjuvante do PSDB e do PMDB.
O presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE), que resistiu ao apoio do PFL a Ciro, afirmou ontem que a adesão dos pefelistas agora é ""bem-vinda", já que o projeto político de centro-esquerda do candidato está preservado.
Ciro disse ainda que Lula ""traiu a confiança" dos brasileiros que o apóiam e acreditam em suas promessas de transformação do país, com a posição manifestada na ""Carta ao Povo Brasileiro", destinada a acalmar o mercado.
Em Belo Horizonte, Ciro disse que, se for eleito presidente, quer "preparar o país para o parlamentarismo". Prometeu devolver ao país a estratégia do crescimento econômico e instituir novos caminhos para enfrentar a miséria.
Ibope confirma o crescimento de Ciro
Na esteira dos resultados de Datafolha e Vox Populi, o Ibope confirmou o crescimento de Ciro Gomes (PPS), que subiu de 11% para 18% na mais recente pesquisa de intenção de voto para presidente.
O salto deixou Ciro em situação de empate técnico com José Serra (PSDB) e, assim como no levantamento do Vox, numericamente à frente do tucano, que oscilou de 19% para 17%. À frente de ambos está Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que caiu de 38% para 34%. Também Anthony Garotinho (PSB) experimentou oscilação negativa, de 1 3% para 12%. A margem de erro é de 2,2 pontos.
Márcia Cavallari, diretora do Ibope Opinião, avalia que a ascensão de Ciro será testada nas próximas pesquisas. "Por ora", diz, "ele repetiu o movimento que adversários haviam registrado depois de semelhante exposição na TV."
Na simulação de segundo turno, Ciro ficou tecnicamente empatado com Lula (41% contra 43% do petista). Serra havia conseguido o mesmo em março.
A pesquisa foi encomendada pela agência de publicidade Casa de Criação. Cavallari afirma não ter notícia de que haveria financiador por trás da agência -circulou a informação de que seria empresa de navegação do mesmo grupo proprietário de um banco.
Há dias, o Ibope se viu no centro de polêmica quando um cliente, a corretora Ágora, decidiu ocultar os resultados de levantamento registrado no TSE. Segundo a diretora, agora os contratantes que manifestarem intenção de divulgar pesquisas terão de se comprometer por escrito a fazê-lo.
Artigos
Falta "pegadinha"
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - Escrevo, por motivos industriais, antes da entrevista de Anthony Garotinho (PSB) ao "Jornal Nacional", a segunda da série organizada pela Rede Globo. Corro, pois, o risco de queimar a língua.
Ainda assim, vamos lá: pela primeira amostra, a de Ciro Gomes (PPS/ PDT/PTB), parece pouco razoável imaginar que as entrevistas provocarão mudanças substanciais no cenário desenhado pela mais recente pesquisa Datafolha.
Por mais louvável e necessário que seja discutir idéias e programas, em vez de fazer ataques, como os âncoras do telejornal anunciaram, o fato é que, por esse caminho, não se vai longe. Os candidatos, todos, têm enorme quilometragem rodada na estrada da política e das campanhas eleitorais para tropeçarem feio em perguntas apenas sobre programas.
E aí não é culpa nem de Fátima Bernardes nem de William Bonner, mas do fato de que, feliz ou infelizmente, jornalistas não dispõem de "pau-de-arara" ou de "cadeira do dragão" para obrigar o entrevistado a dizer algo comprometedor (mesmo que seja apenas a verdade).
Vamos ser francos: o que faz eventualmente a diferença, em entrevistas de candidatos ou em debates entre eles, é a "pegadinha", exatamente o que a Globo anunciou que não fará.
"Pegadinha", por exemplo, como a que Boris Casoy usou para encalacrar Fernando Henrique Cardoso em debate durante a campanha eleitoral municipal de 1985 ao perguntar ao senador sobre o seu ateísmo. Há quem ache que FHC perdeu (para Jânio Quadros) por isso.
Se o Boris me perdoa, a pergunta era irrelevante. A votação não era para papa, mas para prefeito. E prefeitos ateus podem ser tão bons ou até melhores do que prefeitos autenticamente religiosos.
O fato é que falar sobre programas e propostas é o que os candidatos mais sabem. Não será por aí que cairão em embaraços suficientes para modificar substancialmente o cenário eleitoral.
Colunistas
PAINEL
Fio a pavio
Jorge Bornhausen, presidente do PFL, não apenas declarou apoio à candidatura Ciro Gomes (PPS) como comprometeu-se a participar da arrecadação de recursos para o financiamento da campanha do presidenciável.
Perto do cofre
O presidente do PFL é irmão de Roberto Bornhausen, ex-presidente da Federação Brasileira dos Bancos. O Unibanco, então presidido por Roberto, foi o terceiro maior colaborador da campanha de FHC em 94, com doação oficial de R$ 601 mil.
Brasília em ação
José Serra foi recepcionado ontem em MS por faixas com a mensagem: "Santa Casa de Corumbá confia no senador Serra". Quando era ministro da Saúde, o tucano liderou R$ 700 mil para a construção de uma maternidade no hospital.
Memória de campanha
Serra elogiou ontem Ramez Tebet (PMDB) no palanque em Corumbá e disse que votou nele para presidente do Senado. O presidenciável equivocou-se. Quando Ramez foi eleito, em 2001, Serra era ministro e estava licenciado do Senado.
Ali pertinho
Dando mais um sinal de que não pretende abandonar a disputa, como espalham seus adversários, Anthony Garotinho (PSB) vai inaugurar um escritório de campanha no Lago Sul de Brasília na semana que vem.
Aliança de peso
Resposta do deputado João Caldas, do PL de Alagoas, ao ouvir um não ao seu pedido de liberação de verba para emenda parlamentar: "Com o Lula [na Presidência" vai ser diferente".
Carona publicitária
O governo aproveitará a vitória na Copa para lançar uma campanha publicitária na Europa a fim de atrair turistas para o país. Nas peças, encomendas por Caio Luiz de Carvalho (Turismo), garotos dizem a palavra "obrigado" nas línguas de países que estiveram na competição.
Imagem de exportação
No final da peça publicitária, em preparação para ser exibida na Europa, o locutor diz que o país, pentacampeão, não é só o país do futebol, é também o país da paz. "Você precisa visitar o Brasil para conhecê-lo melhor".
Calendário eleitoral
Dirigentes do PSDB pressionaram o Planalto a arquivar o pedido de intervenção no ES. Alegaram que o governador José Ignácio (PTN) sempre foi tucano e que sua retirada do cargo poderia desgastar o partido e ser utilizada por adversários para atacar a candidatura de Serra.
Arquivo tucano
Os tucanos também argumentaram que o governador José Ignácio poderia atacar o Planalto e o partido se fosse retirado do comando do ES. Por mais de dez anos o atual governador pertenceu à cúpula do PSDB.
Salvos pelo gongo
Habituais financiadores de campanha no ES também se dizem contentes com o arquivamento do pedido de intervenção no governo do Estado. Achavam que o pagamento de suas obras pudesse sofrer atrasos ou nem sair, se um eventual novo governo decidisse auditá-las.
Urna vazia
O resultado da pesquisa Datafolha sobre a sucessão em SP, RJ e MG acendeu o sinal amarelo na cúpula do PT. Os petistas estão preocupados com o fraco desempenho dos candidatos do partido nos três principais colégios eleitorais do país.
SOS eleição
Para tentar reverter o quadro desfavorável, Lula deverá pedir votos mais ativamente para José Genoino (SP), Benedita (RJ) e Nilmário Miranda (MG). Em SP, 40% dos que se dizem eleitores de Lula declaram apoio ao candidato do PPB.
TIROTEIO
Do senador Paulo Hartung (PSB), candidato ao governo do ES, sobre o arquivamento do pedido de intervenção:
- Com essa inesperada medida, o governo FHC encerra com "chave de ouro" um mandato marcado por omissão e fracasso na segurança pública. A manutenção de José Ignácio é um gol da impunidade.
CONTRAPONTO
Especialista na matéria
O presidenciável do PSDB, senador José Serra, foi anteontem a uma chácara perto de Barretos (SP) para participar de uma festa em comemoração à obra de ampliação do Hospital de Câncer do município, a 438 km de São Paulo.
Pela enésima vez na atual campanha, Serra contou a mesma história. Segundo ele, é "lenda" a versão de que só teria visto uma vaca de perto quando já estava com mais de 20 anos de idade, nos anos 60. O senador, que foi criado no bairro paulistano da Mooca, disse que foi o presidente FHC quem espalhou o boato, de brincadeira, e que na verdade viu uma vaca quando tinha cerca de 12 anos de idade, num sítio em São Paulo.
Dito isso, Serra se aproximou de um boi que estava no curral da chácara. Olhou, olhou, virou-se para os funcionários da propriedade e, por fim, perguntou:
- É macho ou fêmea?
Editorial
ECONOMIA FRACA
Voláteis, nervosos, os movimentos do mercado financeiro costumam dominar o noticiário. Mas é evidente que, mais do que nas mesas de operações do mercado financeiro, o drama da economia se desenrola sobretudo no cenár io menos agitado, mais "frio", da chamada economia "real": no dia-a-dia das empresas do setor produtivo.
Os sinais recentemente emitidos pela economia real não são positivos. O mais abrangente aparece na pesquisa do IBGE sobre a produção da indústria em maio. A produção revelou debilidade nas várias comparações habitualmente feitas. Teve queda muito forte sobre abril (que havia sido um mês atipicamente favorável) e pequena contração sobre maio de 2001. Mais importante, teve piora o indicador que o próprio IBGE, reconhecendo a irregularidade inerente a suas apurações mensais, considera o mais apropriado para aquilatar a tendência da produção: a média móvel trimestral.
A despeito das oscilações dos dados mensais, desde dezembro esse indicador vinha exibindo altas sucessivas, refletindo a retomada da atividade propiciada pelo relaxamento do racionamento de energia elétrica. Mas em maio ele recuou 0,4%, sobre abril, sinalizando que a produção efetivamente perdeu força.
Mesmo antes da divulgação desses dados, essa percepção já se generalizara. No começo do ano falava-se em expansão do PIB de 2,5%, até 3%. Hoje a projeção média do mercado, segundo o Banco Central, é de 2%.
A turbulência vivida pelo mercado financeiro desde maio contribuiu para a piora das expectativas, pois a incerteza inibe a produção. Mas a perda de dinamismo já não é só algo que se espera: é algo que está em curso.
Com isso, caminha-se para mais um ano de crescimento muito baixo da economia, estendendo a virtual estagnação da renda per capita observada desde 1998. Baixo crescimento que é consequência da fragilidade das contas externas. Baixo crescimento que impede a melhoria das contas públicas, que torna crônicos o desemprego e a violência -e que o próximo presidente terá de encontrar meios de superar.
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07/10/2002
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