Regras para funcionamento de ONGs serão votadas pelo Senado



Com base nos resultados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a atuação de organizações não-governamentais (ONGs) no país e no projeto de lei (PLS 7/03) de autoria do senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR), que propõe regras mais rígidas para o trabalho dessas entidades, o Plenário do Senado poderá votar, antes do recesso do julho, o relatório do senador César Borges (PFL-BA) já aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). -O substitutivo foi incluído na ordem do dia para votação e devido à urgência de construir um novo arcabouço legal que reconheça o caráter público dessas entidades, acredito que conseguiremos votá-lo logo-, afirmou Mozarildo. A CPI investigou denúncias envolvendo entidades em vários estados com foco especial na região amazônica, onde foram constatadas inúmeras ações irregulares. Entre as ONGs investigadas pela CPI, destaca-se a Associação Amazônia, criada em 1999, e integrada por brasileiros e estrangeiros. Entre as denúncias que pesam sobre a entidade está a de biopirataria. - Diante dos depoimentos e inspeções que fizemos foram levantados indícios concretos de que o presidente da associação, Christopher Julian Clark, mantém estreita ligação com o notório biopirata internacional Bruce Dakowsky, diretor-presidente da ONG inglesa The Foundation for Ethnobiology - afirmou Mozarildo, que presidiu a CPI. Os senadores também apontaram casos de desvios de recursos captados pela associação no exterior. Embora pesem graves denúncias contra a entidade, a Associação Amazônia mantém parcerias com importantes instituições brasileiras, entre elas, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de universidades e ONGs estrangeiras. Diante dos problemas constatados pela CPI, César Borges decidiu incluir no seu substitutivo duas exigências que, na sua opinião, irão dificultar o desvio de finalidade na atuação das ONGs: a primeira condiciona todas as entidades que pretendam beneficiar-se do fomento público à prévia detenção de títulos e qualificações legais mínimas obrigatórias. A segunda exigência determina que todas as ONGs constituídas a partir da vigência das novas regras credenciem-se como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), se quiserem ser objeto de fomento governamental. - Muitas ONGs têm parcerias onerosas com o poder público, ávidas de lançar mão de verbas, especialmente via convênios, para escapar à licitação e sem submeter-se a edital público para seleção dos melhores projetos - justificou César Borges. Em seu relatório, o senador procurou também reforçar a finalidade social das ONGs. De acordo com o texto, é reconhecida como organização não-governamental -qualquer pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais e normais estatutárias visem fins de interesse público-. Sobre a proposta de enquadrar as ONGs como Oscip, Mozarildo afirmou que -o que se vê hoje é intolerável- e sustentou que a maioria esmagadora de entidades evita qualificar-se como Oscip para poderem continuar a beneficiar-se do mecanismo, que hoje prevalece, pelo qual o poder público distribui recursos a essas organizações por meio de convênios, sem recorrer a edital público para selecionar os melhores projetos.

- Em função de uma duvidosa concepção doutrinária do direito brasileiro, dá-se uma espécie de ação entre amigos - acusou o senador. De acordo com ele, -há ONGs que sequer possuem sede ou endereço certo e conseguem viabilizar emendas orçamentárias, receber abundantes recursos do erário e aprovar prestações de contas sumárias-.



21/06/2004

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senado pode votar nesta terça regras de funcionamento para ONGs

Novas regras para lotéricas serão votadas no dia 10

Novas regras para suplente de senador serão votadas na próxima semana

Regras de revisão para tarifas de energia serão votadas nesta terça-feira

Regras mais rígidas para competições de automóveis em vias públicas serão votadas na CCJ

Regras gerais para concursos públicos serão votadas em turno suplementar nesta quinta