Regularizar trabalho rural temporário é medida modernizadora, afirmam produtores rurais



Para a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) a legislação que regula as atividades rurais precisa estar atualizada e coerente com o tempo em que é aplicada. Com esse argumento, a senadora defendeu a aprovação do projeto (PLS 171/2004), do qual é relatora, que altera a legislação para permitir a utilização do trabalho temporário na área rural. A matéria tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) onde foi realizada nesta quarta-feira (23) uma audiência pública entre defensores e opositores da matéria.

A parlamentar, que presidiu o encontro e também é presidente da Confederação da Agricultura ePecuária (CNA), afirmou que o setor agropecuário nacional evoluiu ese modernizou, sendo responsável por grande parte do crescimento econômico do país, demandando uma legislação também moderna.

- Defendo produtores rurais de bem e não pessoas de má-fé. Eu me recuso a fazer leis para os desonestos. Faço leis para pessoas de boa-fé - esclareceu a senadora, opondo-se aos especialistas que consideram o projeto uma facilitação para a ilegalidade.

A seu ver, é incabível que o empresário rural não tenha o mesmo direito que tem o empresário urbano de contratar temporariamente um trabalhador do campo. Em sua avaliação, a medida seria, ainda, uma forma de os agropecuaristas formalizarem uma situação que já existe de fato, considerando que a atividade vive de acordo com a sazonalidade climática.

Também o senador Valter Pereira (PMDB-MS) defendeu o projeto, sugerindo que todos lessem com atenção o texto proposto para entender que a proposição oferece, exatamente, uma solução para evitar que o trabalhador rural fique desempregado no período da entressafra agrícola. E o cumprimento dessa ação, explicitou ele, ficaria por conta do próprio produtor rural, sem ônus para o Estado.

Nesta mesma linha, o representante da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Adriano Campo Alves, afirmou que o projeto que autoriza a admissão do trabalhador rural por meio de contrato temporário harmoniza e moderniza a legislação atual, equiparando este trabalhador ao que vive na cidade. Ele lembrou que a lei já permite o contrato por tempo determinado, pelo período de 60 dias, para colheita de safra, por exemplo. O projeto, porém, explicou, admite essa possibilidade e também o contrato temporário, por até 90 dias, e ainda a instituição das chamadas cooperativas de trabalho para gerenciamento desse tipo de contrato.

Ainda o representante da CNA, Henrique Soares, disse que o projeto é uma mera regularização e acompanhamento da modernidade e da globalização que ocorrem no meio agrícola. Ele ressaltou a contribuição do campo para o avanço da economia do país e disse que, por esse motivo, essa atividade não pode ser diminuída.

Henrique Soares lembrou que o contrato por tempo determinado, previsto na Consolidação das Leis do Trabalho, estabelece uma relação entre pessoas físicas - trabalhador e patrão rurais -, em uma situação com prazo fixo de 60 dias, em que o funcionário não tem carteira de trabalho assinada, prestando-se mais para as colheitas de safra. No caso do projeto, disse ele, ao contrário do que alguns alegam, não há a "legalização do gato", mas sim a tentativa de extirpação dessa situação por meio da legalização, evitando que o empregado fique na informalidade.

- O 'gato' existe porque não há regularização dessa situação. Não podemos negar que a terceirização é uma realidade e que o terceirizador já é visto como um parceiro - finalizou, acrescentando que o projeto, se aprovado, irá aumentar a especialização e os postos de trabalho no meio rural.



23/09/2009

Agência Senado


Artigos Relacionados


Proposta regulariza trabalho temporário na área rural

Regularização de trabalho temporário na área rural terá debate

Especialistas divergem sobre utilização de trabalho temporário em meio rural

Benefícios de apoio a produtores rurais e ampliação do mercado de trabalho são temas do programa Conversa com a Presidenta

Produtores de orgânicos têm até dia 31 para se regularizar

Produtores orgânicos têm até o fim do ano para se regularizar