Relator da CPI do Futebol diz que Vasco financiou campanha de Eurico
O Vasco da Gama foi um dos principais patrocinadores da campanha do então vice-presidente de futebol do clube, Eurico Miranda, a deputado federal, em 1988, segundo afirmou o relator da comissão parlamentar de inquérito (CPI), senador Geraldo Althoff (PFL-SC). O clube, segundo o senador, repassou ao dirigente vascaíno cerca de R$ 600 mil usando um "laranja" de nome Aremithas José de Lima, funcionário do departamento de futebol do Vasco com mais de 20 anos no clube.
Althoff revelou também que o clube carioca drenou recursos para a campanha eleitoral de três candidatos a deputado estadual ligados ao clube. E que de 1995 a 1997, cheques no valor de R$ 435 mil, devidamente assinados pelo presidente do clube, Antônio Soares Calçada, e pelo vice-presidente de Finanças, Mário Cupello, foram parar nas contas de Eurico Miranda. As revelações foram feitas na presença de Cupello, que ainda ocupa o cargo de vice-presidente de finanças e comparece à CPI pela segunda vez.
Mário Cupello negou que o Vasco tenha dado dinheiro para a campanha eleitoral de Eurico. Alegou nunca ter tomado conhecimento de movimentações bancárias paralelas motivadas por interesses eleitorais. E afirmou desconhecer que Aremithas José de Lima seja um "laranja". Depois de manusear cópias de vários cheques apresentados a ele, disse que os cheques eram destinados ao "ressarcimento de despesas".
Com base em informações retiradas dos próprios livros contábeis do Vasco, o relator da CPI revelou que o clube, ao longo desses anos, pagou até as despesas pessoais de Eurico Miranda. Além disso, quatro empresas em que Eurico Miranda é sócio, entre as quais a Imobiliária Same, foram beneficiadas com dinheiro do clube, com depósitos provenientes da conta de Aremithas, que se nega a depor na CPI alegando "problemas de saúde".
Mário Cupello informou que cerca de R$ 2,3 milhões foram depositados no passado na conta de Aremithas José de Lima. Segundo ele isso ocorreu porque as contas do clube estavam bloqueadas em razão de um processo judicial relacionado ao Caso Denner, atacante do clube morto em abril de 1994 em um acidente automobilístico. Cupello não soube responder, no entanto, por que o clube, entre 1995 e 1997 - mesmo período em que as contas bancárias estavam supostamente bloqueadas - movimentava contas no valor de R$ 16,5 milhões no Bradesco e no HSBC.
25/09/2001
Agência Senado
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