RELATOR QUESTIONA EDUARDO JORGE SOBRE LIGAÇÕES TELEFÔNICAS DE NICOLAU



Primeiro parlamentar a questionar o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, o senador José Jorge (PFL-PE), relator da Subcomissão do Judiciário, apontou a necessidade de se esclarecer por que o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto fez tantas ligações telefônicas para o Palácio do Planalto e quando o ex-secretário teve conhecimento das denúncias de superfaturamento das obras do TRT de São Paulo.
Segundo levantamento divulgado à subcomissão por Eduardo Jorge, foram registradas 199 ligações de Nicolau para o gabinete da secretaria-geral da Presidência da República. Desse total, afirmou, 20 ligações teriam ocorrido antes da posse do presidente Fernando Henrique Cardoso. Outras 94 teriam durado menos de um minuto, o que indicaria que não chegou a haver nenhuma conversa entre os dois. Em apenas 27, das 199 tentativas, o ex-secretário admitiu ter efetivamente conversado com Nicolau.
Eduardo Jorge insistiu em que o tema predominante das conversas era a indicação de juízes para o TRT de São Paulo. Lembrou que, durante o período das ligações, foram indicados 72 juízes, dos quais 58 classistas e 14 togados. E que havia sempre muitos candidatos a cada uma dessas indicações. "Considerando tudo isso, falei muito pouco com o juiz Nicolau", afirmou.
A respeito do superfaturamento das obras do TRT, o ex-secretário insistiu em que não tinha interferência sobre a liberação de verbas e que não considerava sua função acompanhar a execução do Orçamento da União. "Se a bancada de oposição em São Paulo não tinha conhecimento das irregularidades, por que eu deveria ter?", questionou.
O senador José Jorge procurou ainda saber do ex-secretário como adquiriu um imóvel no valor de R$ 1 milhão no Rio de Janeiro, após deixar o governo. Eduardo Jorge informou que vendeu quatro imóveis adquiridos a partir de 1974 - dos quais um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio, dois apartamentos no Plano Piloto e um terreno no Lago Sul, em Brasília - e aplicou o dinheiro. Afirmou ainda ter resgatado as aplicações neste ano, no valor total de R$ 1.041.000,00, e ter contratado empréstimo para reformar o imóvel, que, segundo seu relato, encontrava-se em condições precárias.
Eduardo Jorge disse que o apartamento, pelo qual o antigo proprietário havia pago o equivalente a 400 mil dólares em um leilão público, ainda tinha "três ou quatro" gravames de penhora. O imóvel não correria risco jurídico, afirmou, mas também não possuía grande liquidez. "E por que então você, otário, comprou?", perguntou Eduardo Jorge, fazendo ironia com ele mesmo. "Porque buscava uma residência permanente", informou à subcomissão.

03/08/2000

Agência Senado


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