Relatório da ONU sobre aquecimento global prevê futuro dramático, alerta Simon



Em discurso no Plenário nesta segunda-feira (26), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) alertou para as graves conseqüências do chamado aquecimento global. Ele comentou a divulgação, pela Organização das Nações Unidas (ONU), do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que apontou o aquecimento global como o principal problema ambiental do planeta. Pedro Simon disse ainda que a imprensa já apontou os países mais poluidores da atmosfera, os integrantes do chamado G7: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá.

O documento demonstra, disse Pedro Simon, que as temperaturas médias globais devem aumentar entre 1,8 e 4 graus Celsius nas próximas décadas. Uma das conseqüências dessa elevação, "num futuro nem tão longínquo", avaliou o senador, será a elevação dos níveis dos mares e oceanos. Ou seja: cidades litorâneas seriam inteiramente devastadas, incluídas cidades costeiras do Nordeste e Sudeste brasileiros.

O aquecimento global também afetará a agricultura, disse Simon. A produção diminuirá e culturas, como os cafezais paulistas e mineiros e a soja gaúcha, poderão desaparecer. Outras conseqüências apontadas pelo relatório da ONU, sublinhou Simon, serão o aumento das ondas migratórias pelo mundo; grandes secas e enchentes; aumento da favelização nos centros urbanos e conseqüente elevação da miséria, da fome e da violência.

- É uma situação que, se nada for feito, será vivida por nós e, principalmente, pelos nossos filhos e nossos netos. É palpável, é sentida, é presente - alertou.

Entretanto, para Simon, a humanidade já enfrenta catástrofe semelhante: a fome. A mesma ONU, informou o senador, já divulgou que quase um bilhão de seres humanos passam fome atualmente.

- Uma em cada seis pessoas, as que não morreram ainda hoje, dormirá, na próxima noite, com fome crônica. A mesma fome que mata um ser humano a cada intervalo menor que quatro segundos - lamentou.

De acordo com o senador, quase metade da população mundial (três bilhões de pessoas) sobrevive com menos de dois dólares por dia, a metade disso com apenas um dólar por dia. Informou que, no exato momento em que falava, 130 milhões de crianças passavam fome ao redor do mundo. E quase um bilhão de pessoas moram em favelas.

- Não haverá humanidade, no seu verdadeiro sentido, enquanto a morte pela fome continuar seguindo o ritual dos ponteiros dos segundos - afirmou Simon.

Apesar da "dimensão de tais catástrofes", o senador disse ainda ser um otimista. Para ele, a discussão do relatório da ONU pode ajudar na busca de soluções para a devastação ambiental e para a fome mundial. Em aparte, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) elogiou o discurso do colega e disse que o aquecimento global é causado principalmente "pela forma equivocada de produzir dos países ricos". Para o líder do PSDB, "o desafio é começarmos a produzir de maneira diferente e começarmos a viver de maneira mais solidária".



26/02/2007

Agência Senado


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