Relatório denuncia: Ricardo Teixeira usou o nome da CBF em benefício próprio
A comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga o futebol brasileiro concluiu os trabalhos de investigação nesta terça-feira (4), com a leitura do relatório final do senador Geraldo Althoff (PFL-SC). O documento, de 1.600 páginas, aponta várias irregularidades cometidas por dirigentes de clubes, federações e pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e pede ao Ministério Público que aprofunde as investigações. Os dirigentes são suspeitos de terem cometido, conforme revela o relatório, crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal.
A maior parte do relatório é dedicada à Confederação Brasileira de Futebol e ao seu presidente, Ricardo Terra Teixeira. Ele é acusado de ter usado o nome e o prestígio da CBF em benefício próprio como, por exemplo, para obter empréstimos pessoais junto ao Banco Delta a uma taxa de 10% de juros ao ano. Em contrapartida, informa o relatório, a CBF tomava um empréstimo no mesmo banco no valor de US$ 10 milhões, a uma taxa de 53% ao ano.
O relatório aponta "vários descalabros administrativos" patrocinados pela Confederação Brasileira de Futebol, e revela a total falta de controle sobre planos e investimentos. "A CBF vem sendo conduzida de forma negligente", afirma Geraldo Althoff, para depois lembrar, tomando por base o relatório, que a empresa SBTR, que presta serviços à CBF, gastou de 1998 a 2000 R$ 31 milhões entre viagens, hospedagens e outros itens, sem, entretanto, comprovar por meio de notas fiscais as despesas efetuadas.
O relatório Althoff revela ainda que a gestão Ricardo Teixeira chegou a bancar campanhas políticas nas eleições de 1988, com gastos em torno de R$ 2,4 milhões, apesar de já apresentar, segundo o relatório, dificuldades de caixa. No mesmo ano, patrocinou viagens e hospedagens de cinco desembargadores para a Copa do Mundo, que estava sendo realizada na França, gastando US$ 75 mil. Atualmente, de acordo com o documento, a confederação acumula prejuízos em torno de R$ 55 milhões.
04/12/2001
Agência Senado
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