Renan: se quiserem me tirar da cadeira de presidente, terão de sujar as mãos
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira em Plenário que os que quiserem tirá-lo do cargo "terão de sujar as mãos". Renan pronunciou-se em resposta à interpelação que lhe fora feita pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio, poucos minutos antes. Este considerou grave o fato de Renan ter entrado com recursos no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar sem se desligar da Presidência do Senado.
- Não temos nada contra a Vossa Excelência se defender, mas o PSDB entende que fazê-lo na condição de presidente, e não de senador, é um obstáculo à livre investigação - observou Virgílio.
Renan disse considerar um direito seu defender-se perante o conselho e voltou a argumentar que sua condição de senador não pode ser separada da de presidente do Senado, o que, segundo ele, seria verdade também para quem, por exemplo, exerce a função de líder de um partido.
Ao referir-se explicitamente ao PSDB e ao DEM como partidários de sua saída da presidência, Renan disse que as manifestações para que se licencie do cargo enquanto estiver tramitando a representação movida contra ele pelo PSOL decorrem de interesses políticos, apenas. E lançou uma nova advertência para classificar as pressões contra sua permanência no cargo de condenação e execução brutais:
- Que armem uma forca ou façam uma fogueira na porta do Senado, mas eu vou me defender, vou exercer o meu direito constitucional. Vou até o fim. Não arredarei pé. Na adversidade é que a alma cresce - exclamou.
Para o presidente do Senado, se a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), uma das novas relatoras do processo contra ele, não sabe o que é uma petição, não poderia estar ocupando o cargo de relatora. Por meio de seu advogado, Eduardo Ferrão, Renan está questionando a linha de investigação do conselho, que inclui análise de sua atividade rural, tema ausente da representação do PSOL.
- Não vão me tirar da presidência com cara feia - disseRenan, depois de reafirmar que apresentou provas de sua inocência, e que estaria disposto a abrir seus sigilos bancário e fiscal, além de comparecer ao Conselho de Ética para se defender.
- Sinceramente, ainda não sei do que me acusam e também não vejo a opinião pública contra mim. Ontem [segunda-feira] estive em São Paulo e colhi várias manifestações de solidariedade - disse o parlamentar alagoano, que informou ter solicitado ao Ministério Público que o investigue.
Frisando sua intenção de cumprir o mandato "até o último dia", Renan prometeu deixar o cargo, antes mesmo de um eventual julgamento do caso no Plenário do Senado, caso encontrem "alguma culpa" dele. Enquanto isso, salientou irá exercer suas funções normalmente, inclusive convocando a Ordem do Dia (sessões para votação de matérias).
- O Senado não está em perigo. Quem quiser que vote, saia do Plenário ou obstrua a sessão -afirmou, referindo-se aos que estariam tentando se comportar "como Catão", político romano célebre pela sua inflexibilidade e integridade moral. Adversário de Júlio César, suicidou-se para não ter de aceitar o perdão do imperador.
Em resposta, Arthur Virgílio disse não gostar "das figuras dos catões" e que não estaria fazendo cara feia. Tampouco seria do interesse do PSDB uma condenação de Renan "à Torquemada", em referência a Tomás de Torquemada, inquisidor-geral na Espanha e conhecido por sua disposição em atirar pessoas à fogueira.
Ao final dos pronunciamentos de Virgílio e Renan, o senador Jefferson Péres (PDT-AM), que por várias vezes sugeriu a Renan que se licenciasse do cargo, disse que não havia "animosidade pessoal" em relação ao presidente do Senado e que seu objetivo "nunca foi constranger" Renan.
10/07/2007
Agência Senado
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