Renda produzida pela floresta ajudará a preservar a Amazônia, diz especialista



A criação de alternativas para a geração de renda a partir do uso sustentável da floresta será uma "importante estratégia" para a conservação da Amazônia, disse nesta quarta-feira (3) o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia, Luiz Antonio Barreto de Castro. Um dos campos mais promissores nesse sentido, observou, é o da utilização da biodiversidade amazônica para a criação de novos medicamentos pela indústria farmacêutica.

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Durante audiência pública promovida pelas Comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) e de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ele defendeu a pesquisa de moléculas com interesse farmacêutico. E recordou que metade das drogas em testes atualmente em todo o mundo têm por base recursos naturais. Apesar disso, salientou o secretário, não existem drogas brasileiras de origem amazônica.

- Precisamos demonstrar, com argumentos econômicos, que é melhor não derrubar a floresta. Se a floresta for vista como fonte de commodities, como a madeira, viveremos um grande desconforto - afirmou Castro, para quem o desenvolvimento sustentável da Amazônia será o "maior desafio" do país nas próximas décadas.

Para que se promova o desenvolvimento sustentável, no entanto, é preciso investir mais no desenvolvimento regional de ciência e tecnologia, segundo interpretação consensual dos participantes da audiência, realizada a partir de requerimentos dos senadores Renato Casagrande (PSB-ES), Wellington Salgado (PMDB-MG), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG). E, apesar de reconhecerem os esforços do governo, os convidados da audiência pediram maiores investimentos na Amazônia.

Sugestões

O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis, defendeu a adoção de medidas imediatas, capazes de promover o que chamou de uma "pequena revolução" na região. Entre elas, a criação de um canal de satélite para melhorar a comunicação eletrônica entre núcleos de pesquisa; a concessão de bolsas mais atraentes para pesquisadores, com recursos federais e estaduais; a criação de novas universidades; e o estabelecimento de novos institutos de pesquisa, dedicados a temas como recursos minerais, recursos hídricos e biodiversidade.

Ao mencionar as mais recentes ondas de inovação na economia mundial, a diretora-presidente em exercício da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Tatiana Deane de Abreu Sá, ressaltou a importância do chamado "capital natural". Depois da forte ênfase na tecnologia da informação, observou, situam-se atualmente na fronteira do conhecimento áreas como biomimética, energia renovável e nanotecnologia verde.

A importância estratégica da região para o Brasil foi lembrada pelo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto Luis Val. Ele observou que 60% da produção científica sobre a Amazônia é feita no exterior. Dos aproximadamente 100 mil doutores em atividade no Brasil, ressaltou, apenas 3.500 estão na região. Os institutos de pesquisa não têm conseguido sequer, segundo comentou, contratar pesquisadores suficientes para repor os que estão se aposentando.

- A Amazônia é uma questão de soberania e de segurança nacional. Precisamos de gente qualificada fixada na região. Sem isso, só teremos um discurso - alertou.

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03/06/2009

Agência Senado


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