Requião defende apoio à Argentina e fortalecimento do Mercosul



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) defendeu nesta quinta-feira (27), em Plenário, o apoio do Brasil à Argentina, que atravessa período de crise econômica, e o fortalecimento do Mercosul, grupo econômico que une os dois países ao Uruguai e ao Paraguai. Ele criticou ainda os subsídios concedidos à agricultura pelos Estados Unidos e pela União Européia e apontou o multilateralismo como melhor opção para a política externa brasileira.

Presidente da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, Requião afirmou que o Brasil deve ajudar neste momento a Argentina a sair da situação difícil em que se encontra. Uma vez superada a atual crise com a solidariedade brasileira, previu, os dois países poderiam atuar unidos nas negociações internacionais de comércio.

- A crise da Argentina leva à certeza de que o nosso caminho é o Mercosul. Em vez de concentrar tropas na fronteira, como no passado, temos de buscar um mercado aberto, em que possamos trocar vagas nas universidades e nossos empresários possam transitar sem dificuldades de fronteira - sustentou Requião.

O senador condenou a atitude do presidente Fernando Henrique Cardoso de reiterar, durante reunião de cúpula do Mercosul em Montevidéu, o apoio à criação em 2005 da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Ele recordou que, dias antes, Cardoso havia criticado a decisão da Câmara de Deputados norte-americana de excluir da negociação da Alca produtos nos quais o Brasil seria mais competitivo.

Requião lamentou que o Senado não tenha sido tão ágil como a Câmara dos Deputados brasileira, que aprovou moção pedindo afastamento do Brasil das negociações para a criação da Alca. Ele recordou ter apresentado proposta com o mesmo teor, juntamente com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Em aparte, Suplicy informou que o requerimento será apreciado em fevereiro pela Comissão de Relações Exteriores e que o governo norte-americano já recebeu cópia da decisão dos deputados brasileiros.

Ao recordar sua participação em encontro de parlamentares brasileiros e europeus em Estrasburgo, na França, Requião elogiou a disposição dos anfitriões ao diálogo com o Mercosul, mas advertiu que os europeus não têm a menor intenção de abrir suas economias para a exportação de produtos agrícolas e agro-industriais do Brasil. Com o ingresso da Polônia na União Européia, advertiu, haverá excesso de oferta desses produtos no continente europeu.

O senador lamentou que a Europa e os Estados Unidos mantenham altos subsídios à agricultura. Ele recordou que a soja brasileira tem produtividade 40% superior à dos Estados Unidos, que garantem a seus produtores US$ 3 bilhões anuais em subsídios. Na França, lembrou ainda, cada vaca leiteira representa subsídios de US$ 2500 anuais. Em aparte, o senador Lúdio Coelho (PSDB-MS) afirmou não ver disposição desses países para a redução dos subsídios.

Requião advertiu que o Brasil não terá facilidade para colocar seus produtos nos Estados Unidos e na Europa. Por isso, ele defendeu maior ênfase do Brasil nas negociações multilaterais de comércio.

27/12/2001

Agência Senado


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