Requião diz que "Alca morreu" e defende o fortalecimento do Mercosul



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) conclamou Brasil e Argentina a unirem suas forças para fazer reviver o Mercosul, que seria a única saída possível para dinamizar o comércio do Cone Sul, agora que as novas medidas protecionistas dos Estados Unidos sepultaram a idéia da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Segundo Requião, o governo George W. Bush e o Congresso norte-americano cederam às pressões dos lobbies internos e aprovaram restrições às importações de minério de ferro e do aço brasileiros. Ele apontou ainda para os subsídios concedidos pelo governo de Bush à agricultura, da ordem de US$ 171 bilhões.

- Essas medidas simplesmente inviabilizaram a Alca, cuja filosofia seria, exatamente, acabar com barreiras alfandegárias para estimular o comércio nas Américas. A Alca morreu e renasce, com força, a idéia de estimularmos o Mercosul - observou, asseverando que seria ingenuidade do governo brasileiro imaginar que os norte-americanos deixariam de lado o protecionismo econômico.

O senador pelo Paraná afirmou que a Argentina está atravessando uma crise terrível que parece representar o futuro do Brasil, se não forem adotadas mudanças na política econômica, que é essencialmente a mesma do governo argentino. De acordo com Requião, a solução para os dois países requer o estímulo a um comércio fraterno e solidário, baseado em princípios de cidadania latino-americana.

- Precisamos ver brasileiros trabalhando na indústria e no comércio argentinos e vice-versa. Somente a dinamização do Mercosul pode oferecer um futuro seguro para o Cone Sul. Morreu a Alca, renasce o Mercosul - disse.

Requião criticou ainda o anúncio, feito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, de que iria pessoalmente aos EUA para levar ao Congresso norte-americano uma moção de repúdio à Alca e às decisões tomadas pelos parlamentares daquele país. O senador lembrou que a economia norte-americana e as deliberações do Congresso são assuntos internos dos EUA. Requião alertou para o fato de que o Brasil não toleraria atitude semelhante de nenhum político estrangeiro.

13/12/2001

Agência Senado


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