REQUIÃO DEFENDE RENÚNCIA DO PRESIDENTE



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) defendeu nesta sexta-feira (dia 22) a renúncia do presidente Fernando Henrique Cardoso como "única saída para que o Brasil, sob um governo de união nacional, formado por homens e mulheres de fibra, compromissados com os interesses da população, possa deixar o atoleiro". Para Requião, a substituição das importações, o decisivo incentivo à indústria, à agricultura, às exportações nacionais, apresentam-se como única solução para os que levam em conta, acima de tudo, os interesses da nação. "Como Fernando Henrique não tem nada a ver com o Brasil, não é com essa saída que ele e equipe acenam. Ele ameaçou diminuir ainda mais as tarifas de importação, arrebentando os setores produtivos para manter o mito do controle da inflação".O senador pelo Paraná enfatizou que ninguém quer o disparo da inflação. "Mas para a reorganização da economia e o realinhamento da política industrial e agrícola, é inevitável que tenhamos que conviver com determinada taxa de inflação. Aliás, essa é a única forma de o presidente honrar aquela promessa tão alardeada em sua cavalgada reeleitoral: combater o desemprego".Requião observou que "entre os balbucios confusos, desconexos, patéticos de nosso Yeltsin tropical nesses dias desastrosos, nada indica que ele vá seguir o caminho que a realidade pressiona e aconselha. Pelo contrário, ele ouve mais Wall Street, Alan Greenspan, Michel Camdessus, George Soros, os aflitos especuladores nacionais e internacionais do que a voz das ruas, de um povo desesperado e suplicante".O parlamentar lembrou seu discurso de 28 de outubro último, dia de São Judas Tadeu, "esse sim, santo confiável", em que traçou panorama sombrio da situação econômica brasileira e do futuro do país, caso as diretrizes não fossem mudadas. Na época, Requião suspeitava que o governo havia perdido o controle da crise, "que o presidente e sua atrapalhada equipe econômica não estavam mais no comando das decisões, que o reeleito estava perdido, ou popularmente dizendo, no mato sem cachorro". ATROPELO Menos de três meses depois, ressaltou Requião, "a realidade dos fatos atropelou a fantasia fernando-henriquista e estraçalhou seu reino sustentado na "moeda forte", nos juros altos, na aposta na jogatina especulativa e na confiança burra nas receitas do FMI. Vimos um presidente aturdido, uma equipe econômica indo buscar bilhões de dólares do FMI e voltando com as mãos abanando. É a nave que vai, sem rumo, ao sabor do azar!", garantiu.O senador pelo Paraná citou Jeffrey Sachs, diretor do Instituto Harvard, que afirmou em artigo na Folha de S. Paulo de 19 do corrente: "O histórico do FMI se conserva perfeito. Em cinco pacotes de socorro desde meados de 1997, cinco grandes fracassos. O último trem a descarrilar foi o do Brasil". Segundo Requião, Sachs propõe acabar com a estratégia FMI/EUA de instruir países a defender suas taxas de câmbio, com juros altos apoiados por empréstimos de socorro, indicando o caminho da porta de saída ao diretor-gerente do FMI, Michel Camdessus. "Eu acrescento que não é apenas ao FMI que devemos indicar a porta de saída, mas também ao presidente Fernando Henrique. Tempo esgotado".Ao finalizar seu pronunciamento, Requião enfatizou que FHC está incapacitado a liderar um processo de reorganização do país. "Chega! Basta! O homem que nos conduziu ao atoleiro teima que a areia movediça em que mergulhou o país é ainda um chão firme. Por isso, seu tempo acabou e a renúncia é a única saída que lhe resta, deixando ao Brasil a opção de um governo de união nacional". EXTINÇÃOO senador Roberto Requião já havia aproveitado o discurso do senador Bernardo Cabral (PFL-AM) sobre a extinção do peixe-boi para pedir a renúncia do presidente Fernando Henrique Cardoso "por não ter a menor condição de resolver os problemas do país, dado os seus compromissos internacionais".- O único caminho que vislumbro para a retomada do desenvolvimento sob novas bases, para que o Brasil converse com o capital internacional e com os outros países a partir de uma posição independente, é a renúncia do presidente da República - sugeriu Requião.O senador pelo Paraná disse que, depois de quatro anos de sacrifício, o Congresso aprovando todas as medidas provisórias e emendas constitucionais propostas pelo governo, depois da "extinção" da agricultura e da "destruição" da indústria, o Brasil não resolveu seus problemas.

22/01/1999

Agência Senado


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