Requião pede renúncia de dirigentes e definição de rumos no PMDB
Governador eleito do Paraná, o senador Roberto Requião (PMDB) exigiu em Plenário, nesta quinta-feira (31), a renúncia da cúpula dirigente do partido e a convocação de uma convenção nacional para decidir os rumos da legenda frente ao governo Lula. Requião não reconhece a legitimidade da reunião da Executiva do partido com os cinco governadores eleitos, anunciada para a próxima semana, para definir se o PMDB irá fazer oposição ou aderir à gestão do PT na Presidência da República.
- Mal orientado e conduzido, o PMDB afundou em um tremendo desastre eleitoral - afirmou, em alusão ao apoio à candidatura presidencial do senador José Serra (PSDB-SP). O senador pelo Paraná lembrou -ter brigado muito- para que seu partido tivesse uma posição independente, afinada com os anseios de mudança da população brasileira, e candidato próprio a presidente da República. No entanto, a sigla teria optado por adotar -uma posição arcaica de adesismo remunerado-.
- Estranho a arrogância dos líderes (do PMDB) que passam por cima das bases partidárias e fazem alianças absurdas que só atendem ao fisiologismo - declarou Requião, que se diz disposto a -perdoar- esses dirigentes por -erros- na condução do processo político-partidário. Mas condiciona esse perdão, no entanto, ao cumprimento de um rito específico, inspirado na doutrina católica: arrependimento, confissão pública e penitência.
Censura
As considerações de Roberto Requião sobre a conduta do PMDB na eleição presidencial não se restringiram ao Plenário do Senado. Segundo informou, as mesmas foram objeto de entrevista ao Jornal do Brasil, mas sua publicação teria sido -censurada- pelo líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL). -Não entendo que o Renan leia antes a entrevista que dei, reclame dela e no dia seguinte saia a dele e a minha seja suprimida-, protestou.
Em aparte, o senador José Fogaça (PPS-RS) expressou apoio às reflexões de Requião ao também cobrar de seu partido uma postura -clara e ética- frente ao próximo governo. -Não pode haver adesismo do PPS em troca de vantagens e favorecimento pessoal-, sustentou. Diante das possíveis dificuldades de Lula em montar sua base de apoio parlamentar, Fogaça teme que seja instalado um -bazar persa- no Congresso Nacional, abrindo-se o flanco para uma composição política baseada em trocas de interesses, influências e em vantagens pessoais.
31/10/2002
Agência Senado
Artigos Relacionados
REQUIÃO PEDE RENÚNCIA DE FERNANDO HENRIQUE
Simon se diz desapontado com os rumos do PMDB
Requião alerta para risco de Brasil seguir rumos da Argentina
REQUIÃO DEFENDE RENÚNCIA DO PRESIDENTE
PMDB e PT defendem soberania do Parlamento na definição da pauta de votações
Cristovam diz que Geraldo Mesquita renuncia a vagas que ocupa na estrutura da Casa por indicação do PMDB