REQUIÃO DENUNCIA "MERCADO DE VOTOS"



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) apresentou hoje em plenário uma gravação que, em sua opinião, demonstra a existência de "um mercado de emendas e de votos" conduzido pelo governo junto a parlamentares. Ele pôs no microfone a reprodução magnética de um diálogo entre seu irmão, deputado Maurício Requião (PMDB-PR) e um funcionário do Ministério da Saúde.

Na conversa, o deputado indagava sobre emendas orçamentárias de interesse do Paraná que não haviam sido liberadas. O funcionário teria respondido que havia "um problema político" e que o deputado teria que telefonar para o gabinete do ministro da Coordenação Política, Luís Carlos Santos. No entender de Requião, isso caracteriza negociação de apoio político, daí por que sua "indignação é óbvia".

- Esse é o governo de Fernando Henrique Cardoso e dessa forma querem cooptar o PMDB, querem ganhar a convenção, querem evitar candidaturas a presidente da República. Assim querem conduzir o processo político, na forma sórdida da compra de votos que presidiu a votação da emenda da reeleição - afirmou.

Requião também narrou ter recebido comunicação oriunda do Ministério dos Esportes sobre a dificuldade de aprovação de uma emenda de sua autoria em razão da necessidade de uma série de documentos. Posteriormente, o prefeito de Campina Grande do Sul (PR) o procurou desesperado, pedindo-lhe que falasse a esse respeito com o ministro Luís Carlos Santos. "Pedi ao prefeito que procurasse Luís Carlos Santos em meu nome e lhe dissesse alguns desaforos", contou Requião.

O prefeito teria procurado a liderança do PSDB e liberado as emendas com a intervenção do líder Aécio Neves, segundo Requião, numa evidente troca de apoio político. Em seguida, o prefeito de Perobal (PR) teria recorrido às lideranças do PSDB e ao ministro Luís Carlos Santos com o mesmo propósito de liberar emendas. O ministro teria dito a esse prefeito que não lhe cabia fazer essas liberações, visto que emendas orçamentárias estariam subordinadas a parâmetros técnicos. Requião disse que, mesmo assim, a liberação foi feita pelo secretário do ministro, "numa demonstração clara de que sua função é o mercado de emendas e de votos no Congresso Nacional, porque se ele podia liberar, como liberou, é porque realmente o governo estava negociando com elas".

O senador se disse indignado com "a corrupção que toma conta do governo e que deseja abduzir o PMDB através de manobras sórdidas e corrupção eleitoral". Ele criticou também "os parlamentares abduzidos que pretendem subordinar o partido à reeleição do presidente e depor o honrado presidente da legenda, Paes de Andrade". Para o senador, isso tudo é pano de fundo da tentativa de evitar que o PMDB lance candidato.

Requião sustentou que seu nome "está à disposição partido" para ser levado à convenção nacional e lembrou ainda as candidaturas dos ex-presidentes José Sarney e Itamar Franco. Disse que "Sarney não é homem de frouxidão nem de meias palavras" e que Itamar voltou para o partido exatamente para disputar na convenção. Ele comentou que fatos como a tentativa de destituir Paes de Andrade da presidência do partido lhe causam "nojo e indignação".



08/01/1998

Agência Senado


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