Requião: dinheiro espúrio financiou campanha de Taniguchi



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) trouxe nesta terça-feira (6) ao Plenário do Senado as denúncias de irregularidades na contabilidade da campanha do atual prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi, do PFL. As denúncias, publicadas na edição desta terça do jornal Folha de S. Paulo , apontam a omissão de R$ 29,8 milhões na declaração feita pelo PFL ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná - o partido teria declarado apenas R$ 3,1 milhões, menos de 10% do que teria sido gasto nos dois turnos da campanha de 2000.

Requião vê relação direta entre as altas somas captadas - e não declaradas - e atos do governador do Paraná, Jaime Lerner, também do PFL.

- De onde esse dinheiro surgiu? Provavelmente, da grande corrupção das privatizações, do dinheiro indevidamente pago a grandes empreiteiros de hidrelétricas. Os 96 milhões que foram pagos pela construção da usina de Segredo, que foi feita por administração direta do Estado, de forma absolutamente injustificada e pouco transparente, podem ter alimentado, segundo rumores, com R$ 36 milhões, a contabilidade da campanha municipal - afirmou Requião.

Segundo o senador, o esquema de arrecadação do PFL consistia na captação de recursos junto a empresários, sob a forma de doação, mas que ocultava operação de lavagem de dinheiro.

- O empresário dava um cheque, que era contabilizado como doação, mas imediatamente a empresa recebia em espécie o mesmo valor. A certeza da impunidade era tão grande que eles assinaram recibos das devoluções. Era só uma forma para esquentar os recursos - afirmou Requião.

Segundo o parlamentar, a comprovação das irregularidades está em livro-caixa, escrito com a letra do tesoureiro da campanha de Taniguchi, Francisco Paladino, e que veio a público graças à dissidência do partido.

Outra forma de burlar a legislação que obriga à contabilização dos recursos utilizados em campanhas eleitorais, conforme o senador, foi cometida na campanha para a prefeitura por meio de subfaturamento ou pagamentos feitos a prestadores de serviços. Requião citou o caso do Instituto Vox Populi, que teria recebido do PFL R$ 560.934, sem que os gastos constassem da declaração entregue ao TER. O mesmo teria acontecido com outras empresas e pessoas físicas. Além disso, o espelho da contabilidade paralela do PFL, citado por Requião, traria pagamentos a deputados e vereadores do Paraná, em valores que chegariam a R$ 580 mil, como seria o caso do presidente do PTB, Emerson Palmieri.

Requião solicitou à Presidência da Sessão Plenária a transcrição nos Anais do Senado das 92 páginas do livro caixa.

06/11/2001

Agência Senado


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