REQUIÃO INDAGA AO PROCURADOR-GERAL SOBRE RESULTADOS DA CPI DO GRUPO ABRIL



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) apresentou nesta sexta-feira (dia 15) requerimento dirigido ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, solicitando informações sobre os resultados das conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara que, na década de 80, apurou as atividades da empresa Quatro Rodas, de propriedade do Grupo Abril. Voto em separado, de autoria do deputado Del Bosco Amaral e aprovado pela CPI, qualifica as relações envolvendo a Embratur, o Bancodo Nordeste, o Banco do Brasil e a Quatro Rodas para a construção de hotéis no Maranhão e na Bahia como "excepcionais, especiais, privilegiantes e imorais".De acordo com o voto em separado, aprovado pela CPI, e lido por Requião nesta sexta-feira (dia 15) em plenário, a empresa teve tratamento favorecido em financiamentos públicos para a construção dos hotéis, deixou de cumprir normas do Banco Central e do Banco do Brasil, e também violou a legislação em vigor. Ainda segundo o documento, posteriormente a empresa Quatro Rodas vendeu os hotéis para o grupo espanhol Sofitel, mas ficou com partes desmembradas daquelas áreas.Requião disse que não soube de mais nenhum resultado da CPI, junto ao Ministério Público. Ele cobrou da imprensa a apuração dos fatos e das autoridades a punição dos responsáveis pelas irregularidades cometidas. O senador citou vários nomes que o deputado Del Bosco Amaral relaciona em seu voto, entre os quais ex-ministros e dirigentes de órgãos públicos que teriam trabalhado para o Grupo Abril. "Houve uma relação incestuosa entre a empresa e a administração pública", frisou.Mais uma vez, Requião afirmou que o grupo enviou para o exterior US$ 250 milhões por meio de contas CC-5, de residentes no exterior. Essas contas, salientou, são um "instrumento de lavagem de dinheiro". Ele reclamou que os jornais, embora tenham feito ampla divulgação da CPI dos Precatórios, não publicaram nada sobre as atividades do Grupo Abril e a remessa de recursos ao exterior.Para o senador, há "conluio" na cobertura da imprensa, já que, na sua avaliação, os veículos de comunicação participam de interesses comuns que, muitas vezes, nada tem a ver com jornalismo. Disse ainda que não está acovardado em conseqüência das acusações feitas a ele pelo Grupo Abril.

15/10/1999

Agência Senado


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