Simon se diz desapontado com os rumos do PMDB



O senador Pedro Simon (PMDB-RS), em discurso nesta sexta-feira (26), manifestou desapontamento com os rumos que seu partido está tomando. Simon disse que o PMDB age de modo incorreto ao adiar a convenção nacional do partido para o dia 29 de junho, o que, para o senador, dificulta as decisões das convenções estaduais. Embora não tenha sido categórico, Simon sustentou que é provável que entre com recurso junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a fim de questionar a legitimidade da decisão partidária. O parlamentar acredita que o TSE lhe dará ganho de causa.

Simon também criticou os dirigentes do PMDB que, segundo afirmou, para justificarem a tese de não ter candidato próprio à Presidência da República, alegam que o partido deve empenhar-se em fazer o maior número possível de governadores. O senador afirmou que as principais lideranças partidárias - o ex-presidente José Sarney, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-governador do Pará Jader Barbalho - não têm candidato próprio a governador em seus respectivos estados.

O parlamentar gaúcho declarou a intenção de que seus discursos na tribuna do Senado sirvam para futuras análises históricas, ao demonstrar o distanciamento do PMDB de seu papel histórico como condutor do processo de redemocratização do país, na época da ditadura militar - com nomes do porte de Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, Mário Covas, Chico Pinto e dele próprio, Pedro Simon - e o PMDB de hoje.

- Hoje estamos vivendo a plenitude democrática. Mas o velho PMDB, que destino trágico o nosso! - desabafou Simon.

O parlamentar gaúcho sugeriu que o atual líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), se afaste da liderança a fim de se defender das denúncias de envolvimento com a "máfia dos sanguessugas", acusada de desviar recursos de emendas do Orçamento para compra superfaturada de ambulâncias para prefeituras.

Simon disse acreditar que o melhor nome do partido continua sendo o de Itamar Franco e que o ex-presidente da República aceita ser candidato à Presidência.

- Ontem, quando compusemos nossa chapa, dissemos que era para garantir que o PMDB vai ter candidato, mas não significa que tenhamos que mantê-la até o fim. Estou aqui dizendo que ainda é possível, ainda é viável - afirmou, voltando a defender a tese da candidatura própria.

Em aparte, o senador Gilvam Borges (PMDB-AP), embora reconheça a estatura moral de Simon, disse que o PMDB, por "maturidade política", não quer correr o risco de investir em uma candidatura sem chances de se eleger, com apenas 1% das intenções de voto, referindo-se à dobradinha Simon-Garotinho.



26/05/2006

Agência Senado


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