REQUIÃO QUER QUE PRESIDENTE OFEREÇA PROCURAÇÃO PARA ESCLARECER CAYMAN



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) apoiou sugestão do jornalista Janio de Freitas, publicada na edição desta segunda-feira (dia 16) da Folha de S. Paulo, para que o presidente da República forneça uma procuração plena para verificação, nas ilhas Cayman, do que insinuam os papéis que indicariam ser Fernando Henrique Cardoso, assim como Mário Covas (governador de São Paulo), José Serra (ministro da Saúde) e Sérgio Motta, morto em abril, sócios de uma empresa e de uma conta bancária naquele paraíso fiscal. Requião leu na íntegra o texto de Janio de Freitas e associou-se à idéia de que o presidente da República, em comum acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil, poderia, por exemplo, escolher um advogado de reconhecida idoneidade para verificar no Caribe o que sugerem os papéis que incriminam o governo. Para o senador, essa seria uma forma de o governo "restabelecer a tranqüilidade por intermédio da obtenção rápida da verdade a respeito das contas supostamente existentes nas ilhas Cayman". - Ao invés de declarações pré-programadas e de uma irritação superficial, caberia ao presidente da República aceitar a sugestão do jornalista Janio de Freitas e imediatamente procurar o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, pedindo a nomeação de um advogado que, junto com outro de sua indicação pessoal, receberia a procuração - observou o senador.Referindo-se ao fato de que no Brasil não existe o financiamento público de campanhas eleitorais, Requião disse considerar apenas duas hipóteses quando se encerra uma disputa dessas: "ou faltou dinheiro ou sobraram recursos". Ele informou que a maioria das pessoas que fazem doações para candidatos não exige recibo nem condiciona sua doação ao fornecimento de um recibo. - Se houve sobra de recursos, em qualquer campanha, incluindo a campanha passada do presidente, seguramente os recursos que sobraram não foram costurados num travesseiro ou num colchão. Eles, de alguma forma, se sobraram, foram aplicados provavelmente com a decisão ética - e não legal - de serem utilizados numa próxima campanha eleitoral. Se não faltou, sobrou, e se sobrou, onde está? - questionou o parlamentar. RESERVAS CAMBIAISRequião também comentou as referências de Janio de Freitas à aplicação, no mercado financeiro, dos dólares que compõem a reserva cambial brasileira. "Tomamos recursos para reservas cambiais pagando o teto de 42,5%. Mas o Banco Central aplica essas reservas lá fora por valores em torno de 5% a 6%", disse Requião. Para ele, está evidente que esses recursos, aplicados com essas taxas, podem estar retornando ao Brasil para suplementar nossa necessidade de reservas cambiais e sendo remunerados a 42,5%. Isso resulta num lucro líquido de 36,5% ao ano para aqueles bancos, considerando-se que o Brasil aplica os recursos a 6%. O senador afirmou que o Banco Central não disponibiliza informações sobre as comissões pagas por essas aplicações e sobre a escolha dos bancos e corretoras internacionais que operam essas divisas. "Não consta que haja concorrência para a escolha desses operadores privilegiados. Como é feita, então, a escolha? Mais importante ainda, quem participa dessa escolha tão valiosa? Ou, mais claramente, quem a negocia?", indagou o senador.Ele sustenta que o Senado não dispõe dessas informações. Requião também disse que já solicitou diversas vezes esses dados ao Banco Central, mas a resposta "é sempre tortuosa e, quando explicitamente requerida, é frustrada por essa conversa mole de sigilo bancário".

16/11/1998

Agência Senado


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