REQUIÃO QUESTIONA DOAÇÕES DA CAMPANHA DE FERNANDO HENRIQUE



"Não estaria na hora de o presidente da República pensar num código de autocontenção?". A indagação é do senador Roberto Requião (PMDB-PR), ao confrontar nesta quinta-feira (dia 26) em plenário notícias sobre o que o presidente da República pensa do poder da imprensa e sobre o que a imprensa divulgou a respeito das doações do grupo La Fonte Investimentos, do empresário Carlos Jereissati, para a campanha presidencial.- Como é que um grupo, denominado pelos seus ministros de "rataiada" e "telegangue" pode cobrir os furos de caixa da campanha do presidente da República, enquanto Sua Excelência propõe que o Congresso discuta limitações à imprensa ou, na vocalização do porta-voz Sérgio Amaral, propõe que a própria imprensa se auto-regulamente?, questionou o parlamentar.Requião referia-se à transcrição divulgada pelos jornais das conversas grampeadas de Luiz Carlos Mendonça de Barros e André Lara Resende, nas quais eles se referem com desprezo ao consórcio vencedor do leilão da Tele Norte Leste, do qual fazia parte o grupo La Fonte. Na opinião de Requião, quem precisa de uma auto-regulamentação é o próprio governo federal e o presidente Fernando Henrique Cardoso.- A "rataiada", depois de comer o queijo da Tele Norte Leste, retribuiu o favor, cobrindo furos de campanha do próprio presidente da República. É um paradoxo diante do qual o próprio filósofo Miguel de Unamuno teria dificuldades de lhe dar forma - argumentou o senador.Requião iniciou seu discurso lendo trechos de matérias publicadas nos jornais, segundo as quais, na opinião do presidente da República, a imprensa devia fixar os limites de sua atuação com normas de auto-regulamentação. Depois de comparar trechos de falas do presidente da República com declarações feitas pelo porta-voz Sérgio Amaral, que afirma ser Fernando Henrique contrário à censura, Requião apontou um antagonismo nessas manifestações.E leu matéria relatando que as contas da campanha à reeleição de Fernando Henrique Cardoso, aprovadas terça-feira pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram que um dos maiores doadores foi o grupo La Fonte Investimentos, integrante do consórcio que adquiriu a Tele Norte Leste. Requião lembrou que Carlos Jereissati foi acusado pelo ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros de ter grampeado os telefones do BNDES.Conforme o texto lido por Requião, o demonstrativo do TSE revela que após o primeiro turno da campanha, dia 20 de outubro, com o presidente da República já eleito, o grupo La Fonte doou para a campanha de Fernando Henrique Cardoso R$1 milhão. Para ele, o presidente da República é quem devia pensar num "código de autocontenção".

26/11/1998

Agência Senado


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