REQUIÃO SUGERE QUE A RECEITA EXAMINE RENDA DOS QUE CONTROLAM A GLOBO NO PARANÁ



Se atender a sugestão do senador Roberto Requião (PMDB-PR), a Secretaria da Receita Federal vai analisar a evolução patrimonial do grupo que controla a Gazeta do Povo e que retransmite a TV Globo no Paraná. Ao pedir da tribuna esse exame, o parlamentar disse que talvez se chegue a um "caso explícito de transferência de recursos públicos para patrimônio pessoal". Ele anunciou que apresentará requerimento nesse sentido e avisou: "Pretendo acabar com a corrupção da imprensa no Paraná, via tribuna do Senado. E vou acabar, custe o que custar".
Na opinião do parlamentar, se a Receita avaliar a evolução da riqueza de Francisco Cunha Pereira, diretor da Gazeta do Povo, talvez consiga "aprofundar as raízes da corrupção da imprensa no Paraná". Referindo-se a denúncias feitas da tribuna do Senado contra os que controlam a imprensa no estado, Requião criticou nota oficial divulgada pelo Sindicato das empresas proprietárias de jornais do Paraná (Sindejor) e assinada por seu presidente, Abdo Aref Kudri.
A nota protesta contra o que o parlamentar disse da tribuna, mas não menciona o que foi dito. "E eu denunciava o "caixa dois" do grupo que é afiliado à rede Globo no Paraná. Fiz denúncias em relação ao jornal Gazeta do Povo e em relação à própria TV paranaense, canal 12. E como não sou de fazer denúncia sem dar nomes, citei fatos e dei o nome de Francisco Cunha Pereira, que é o sócio da Globo no Paraná e sócio do jornal Gazeta do Povo, que não publica nada".
Requião explicou que esse conglomerado, responsável por 80% da circulação na mídia televisiva e impressa do Paraná, é o responsável pelos escândalos que acabam com as finanças públicas. Como exemplo do silêncio dessa imprensa, ele contou que os próprios universitários do estado desconhecem que a empresa de água e esgotos do Paraná foi vendida a um grupo francês.
O senador também denunciou que os jornais do estado acabam de publicar um balanço fraudado do governo, apresentando um superávit que foi conseguido da seguinte forma: "utilizou-se recursos de empréstimo para o saneamento do Banco do Estado do Paraná, que foram retidos no fim do ano e repassados para o Banco Central posteriormente, simplesmente para fins de maquiagem do balanço".
Mas Requião ressalvou que suas críticas não se dirigem a toda a imprensa do Paraná. "Não me venha o Sindicato com essa conversa de que eu acusei toda a imprensa. Até porque nós temos uma multiplicidade de rádios, absolutamente independentes no interior do estado, que estabelecem o pluralismo democrático. E temos os pequenos jornais do interior, que não se acovardam e não se vendem", resumiu ele.

19/04/2000

Agência Senado


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