Rigotto diz que está imune a ataque
Rigotto diz que está imune a ataque
Acha que não perderá com ligação ao PMDB nacional ou ao governo porque eleitor cansou de críticas
Germano Rigotto, que concorre pela União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS) ao governo do Estado, afirmou ontem, durante caminhada na Rua dos Andradas, em Porto Alegre, que não está preocupado com eventuais críticas de adversários na reta final da campanha. Garantiu que manterá a linha de apresentar propostas, sem ataques pessoais aos demais candidatos ou administrações. Segundo ele, qualquer crítica não terá efeito perante o eleitor, que está comprovando que cansou desse tipo de campanha: 'Provocações que tentem me vincular ao PMDB nacional ou ao governo não vão surtir efeito contra mim'.
Acompanhado da esposa, Cláudia, do senador Pedro Simon e dos candidatos a vice Antonio Hohlfeldt e ao Senado Odacir Klein, Rigotto caminhou da Caldas Júnior até a Dr. Flores seguido por militantes. Simon argumentou, durante o trajeto, que não há tempo até as eleições para os adversários tentarem desgastar a imagem de Rigotto em função do seu crescimento nas pesquisas e da possibilidade de chegar ao 2O turno. Para Simon, a campanha do PMDB deverá se manter até o final sem ataques pessoais aos adversários porque esse foi um dos motivos que fizeram o candidato crescer. Segundo Rigotto, sua campanha está demonstrando que a polarização foi definitivamente superada nesta eleição: 'As pessoas sabem que existe alternativa para levar o Estado ao caminho do crescimento'.
Klein comentou que Rigotto tem vida pública limpa. 'Tem conduta e ética inatacáveis, não podendo ser ligado a denúncias', afirmou. Argumentou que tentar relacionar o candidato ao governo ao PMDB nacional não faz sentido porque todos os partidos gaúchos terão problemas se vinculados a outras lideranças: 'Assim mesmo, o PMDB gaúcho tem prática política sem desvirtuamento'. Ao parar na Esquina Democrática para discursar, Rigotto foi interrompido pela sirene de um carro da Brigada Militar. Os simpatizantes começaram a vaiar, mas ele pediu que parassem porque os policiais estavam trabalhando.
Tarso recebe mais apoios do PDT
Filiados alegam que têm história de lutas no campo popular e repudiam decisão da cúpula do partido
O candidato ao Palácio Piratini pela Frente Popular (PT-PCB-PC do B-PMN), Tarso Genro, recebeu ontem carta aberta de apoio do PDT. São 13 prefeitos, dez vice-prefeitos, 79 vereadores, além de líderes sindicais e filiados do partido. O encontro ocorreu no comitê da Frente Popular. Muitos presentes estavam com adesivos colados no peito dizendo 'Sou PDT, voto em Tarso'. No total, 489 pessoas de mais de cem municípios gaúchos justificaram seu voto, afirmando que permanecem no campo popular e repudiaram o apoio informal da cúpula do partido à candidatura da coligação Rio Grande em Primeiro Lugar. 'Temos história de lutas em favor da emancipação nacional e o neoliberalismo ergueu contra nossas conquistas seu programa de privatizações, demissões voluntárias, redução do Estado e favorecimento do grande capital, especialmente o internacional', disseram os pedetistas na carta. Tarso afirmou que o ato resgatou as lutas populares e progressistas. Acrescentou que quer governar com o PDT.
O governador Olívio Dutra afirmou que a adesão de filiados do PDT torna o projeto da Frente Popular mais vitorioso. O prefeito de Estrela, Geraldo Mânica, disse que a candidatura de Tarso representa a ideologia do trabalhismo gaúcho. A atenção dos governos anterior e atual às demandas dos municípios do Interior foi comparada pelo prefeito de Taquara, Délcio Hugentobler.
Tarso também comentou sobre a proposta de governo com o crescimento econômico baseado no mercado interno. 'Incluiremos a produtividade gaúcha no processo global, com respeito à soberania e preservando o espaço da participação popular no destino das verbas', ressaltou.
Ex-membros do diretório estadual do PPS de Alegrete também enviaram manifesto de apoio à Frente Popular. O grupo, integrado pelo ex-presidente do partido no município, Fernando Quiroga, disse que encontrou afinidades para a expressão dos ideais socialistas.
Agenda dos candidatos
HOJE
11 Celso Bernardi (PPB)
8h: Sindilojas e Câmara dos Dirigentes Lojistas. 17h: reunião com prefeitos. 21h: Clube Farrapos.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
14h: Vacaria. 17h: Sananduva. 19h30min: Erechim.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
8h: Caxias do Sul. 10h30min: Farroupilha. 15h30min: Associação dos Procuradores do Estado, em Porto Alegre. 17h: gravação programas rádio e TV. 20h: Viamão.
16 Júlio Flores (PSTU)
MANHÃ: Centro de Saúde Santa Marta. Tarde: Escola Estadual Emilio Massot. Noite: Escola Estadual Landell de Moura.
22 Aroldo Medina (PL-PSD)
11h30min: Cachoeirinha. 20h30min: Santa Maria do Herval.
23 Antônio Britto (PPS-PFL-PT do B-PSL)
MANHÃ: Guaíba. Tarde: Esteio, Sapucaia do Sul e Canoas.
40 Caleb de Oliveira (PSB)
10h: gravação programas rádio e TV. 19h: reunião com coordenação campanha.
Bernardi promete valorizar defensor
Celso Bernardi, que concorre pelo PPB ao Palácio Piratini, afirmou ontem que é fundamental que o Estado prestigie o trabalho dos defensores públicos. A declaração foi feita em encontro com a associação da categoria. Bernardi ressaltou a necessidade de ampliar o quadro de funcionários, aumentar o número de municípios atendidos, realizar concurso público e garantir as promoções. 'É vital valorizar o seu trabalho, assegurando assistência jurídica, que é muito importante para a população de baixa renda', enfatizou. Ele prometeu também que a escolha do defensor público geral será feita através de lista pela própria defensoria, que será então submetida ao governador do Estado.
Emília comemora mudança de centro
A senadora Emília Fernandes, que concorre à reeleição pelo PT, comemorou ontem o processo de mudança da Unidade Regional Sul de Pesquisas Espaciais para a sede em Santa Maria. A busca pela troca de prédio começou em 1996, quando Emília conseguiu aprovar na Comissão de Infra-Estrutura do Senado recursos que garantissem a instalação, no total de R$ 11.623.427,00, incluindo valores a serem liberados no próximo ano. A obra, segundo a senadora, é fundamental para a segurança nacional, com o rastreamento e controle dos satélites, e pode contribuir com a produção primária agrícola através de informações climáticas e meteorológicas.
Ciro: 'Haverá um país para governar'
O candidato da Frente Trabalhista à Presidência da República, Ciro Gomes, alertou ontem, durante campanha em São Paulo, para que os eleitores não protestem contra o governo de Fernando Henrique Cardoso, em 6 de outubro, tendo como opção o presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. 'Eu entendo que o voto seja de revolta, mas, no dia seguinte, haverá um país para governar', afirmou, em cima de um carro de som.
Ciro acrescentou ainda que Lula é um homem 'honesto, bem-intencionado, mas inexperiente para administrar o país'. O fato de o candidato do PT não ter diploma foi minimizado pelo candidato da Frente. Ele voltou a criticar o governo FHC e a proposta do candidato José Serra, da aliança PSDB-PMDB, quanto à criação de 8 milhões de empregos. 'Essa é uma fala de quem não conhece a humilhação, a privação e o sofrimento dos desempregados que não arrumam colocação', acusou.
Garotinho quer desenvolver o Sul
Anthony Garotinho, presidenciável do PSB, prometeu ontem, em Santana do Livramento, dar injeção de crédito para industrializar a Metade Sul do Estado. Disse que entre suas metas está a adoção de políticas para reduzir as taxas de juros e conceder crédito e incentivos à reabertura dos frigoríficos da região que estão desativados deixando milhares de desempregados. Ele chegou ao município com pelo menos duas horas de atraso porque seguia de Pelotas num vôo fretado e precisou retornar a Porto Alegre, de onde foi comunicado a Rivera o plano de vôo visando à autorização para pouso e decolagem no Uruguai. Garotinho atribuiu o incidente à crise do Mercosul, que chamou de 'nadasul'.
Junto ao obelisco do Parque Internacional, prinicipal ponto de divisa dos dois países, Garotinho destacou que através de convênios buscará meios para resolver a situação de milhares de pessoas que trabalham em um ou em outro lado da fronteira e não conseguem se aposentar. Reafirmou que esta eleição será decidida no 2º turno por duas propostas de oposição: a de Luiz Inácio Lula da Silva e a sua. Disse que tem mais experiência do que o candidato do PT. Garantiu estar preparado para ser presidente, afirmando que não vai decepcionar.
De Livramento, Garotinho seguiu para Santa Maria, onde criticou o péssimo estado das estradas federais. Disse que o ensino público das universidades vem sendo sucateado, além de lamentar a 'desestruturação' das Forças Armadas. Provocou ainda os adversários, dizendo que 'não adianta colocar artistas na televisão para vender imagem'. Reafirmou que fez um bom governo no Rio de Janeiro, já que sua mulher, Rosinha Matheus, lidera as pesquisas no estado. Prometeu que, se eleito, diminuirá o juro e aumentará o crédito para promover desenvolvimento e gerar empregos.
José Otávio defende as reformas
As reformas tributária e partidária são consideradas pelo ex-deputado estadual José Otávio Germano, candidato à Câmara pelo PPB, como temas obrigatórios e prioritários do Congresso Nacional na próxima legislatura. Ele pretende, se eleito, esforçar-se para que as duas matérias sejam votadas na Câmara dos Deputados e no Senado. A reforma tributária, em especial, conforme José Otávio, precisa ser feita para acabar com a penalização da sociedade, especialmente a classe média, que sofre com o acúmulo de tributos.
O candidato também pretende aproveitar a sua experiência de dois mandatos na Assembléia Legislativa, dos quais dois anos como presidente, e a sua passagem pelo Executivo como secretário estadual dos Transportes e ministro adjunto do Esporte e Turismo. 'Eu serei um deputado de todos e não de um segmento', afirmou.
José Otávio acredita que o PPB fará excelente bancada federal e irá ampliar o número de deputados estaduais pelo desempenho do candidato ao governo Celso Bernardi. Na opinião de José Otávio, o PPB surpreenderá nestas eleições, especialmente na majoritária, credenciando-se a disputar o 2º turno para o governo do Estado.
Datafolha aponta Alckmin com 31% e Maluf com 29%
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, candidato à reeleição, subiu seis pontos e ultrapassou Paulo Maluf, do PPB, segundo pesquisa do Datafolha divulgada ontem. Alckmin tem 31%, enquanto Maluf caiu seis pontos e está com 29%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, estão empatados tecnicamente. José Genoino, do PT, ficou com 22%. Os indecisos somaram 7%. A pesquisa foi feita dia 20 deste mês com 1.479 entrevistas em 79 municípios.
Ibope dá vitória ao PFL da Bahia já no 1º turno
O candidato do PFL ao governo da Bahia, Paulo Souto, está com 53% das intenções de voto, segundo a pesquisa do Ibope divulgada ontem. Ele venceria no 1º turno. Jaques Wagner, do PT, obteve 18%; Prisco Viana, do PMDB, 4%; e Antônio Eduardo, do PCO, 2%. Rogério da Luz, do PSB, e Ricardo Grey, do PTC, não pontuaram. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. O Ibope ouviu 2 mil pessoas entre os dias 19 e 22 deste mês.
Jobim ironiza críticas por beneficiar presidenciável
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Nelson Jobim, ironizou ontem os ataques que tem recebido dos candidatos à Presidência Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, e Anthony Garotinho, do PSB. Amigo do candidato José Serra, do PSDB, Jobim disse que agora passará a ser criticado porque trocou o tucano pelo presidente nacional do PT, José Dirceu, numa referência ao direito de resposta concedido domingo a Luiz Inácio Lula da Silva no programa de Serra.
Leal condena baixo nível da campanha no RS
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, condenou ontem o baixo nível da campanha ao governo do Estado e pediu mais respeito aos eleitores gaúchos. 'Os partidos ocupam espaço para atingir a honra pessoal em vez de apresentarem solução aos problemas', protestou Leal. Preveniu que o autor nunca ganha com a estratégia. 'Quem pode se beneficiar é o ofendido ou um terceiro', indicou. Leal lembrou que na disputa presidencial o candidato que está na frente e mais cresce, Luiz Inácio Lula da Silva, é o que menos ataca. Ele sugeriu debate 'mais ácido e duro', mas sobre idéias. Alguns ataques, exemplificou, adotam insinuações de mentiras e meias verdades. A manifestação de Leal ocorreu durante a sessão do Pleno.
A avalanche de pedidos provocou guerra paralela à das ruas entre a Frente Popular e o Rio Grande em Primeiro Lugar. Das 84 ações registradas até as 19h de ontem, 61 são originárias de ataques no rádio e na televisão entre as duas coligações. O corregedor eleitoral, Alfredo Guilherme Englert, disse que os candidatos perdem mais tempo no tribunal do que no debate de propostas. 'Um alega que o outro começou as provocações', afirmou o corregedor, afastando qualquer medida censora para restringir o volume de processos.
O desembargador Danúbio Franco, coordenador da propaganda, observou que os partidos mudaram abordagens para escapar do direito de resposta. A Frente é campeã das ações desde a estréia do horário em 21 de agosto. Entrou com 37 dos 84 pedidos registrados até ontem e virou o maior alvo: 31 ações buscaram espaço nos programas de Tarso. A coligação de Antônio Britto é a segunda colocada: ajuizou 24 pedidos, 21 contra a Frente. A União pelo Rio Grande, de Germano Rigotto, entrou com um pedido e foi acionada em dois. Os desembargadores limitam a concessão de recursos antes do julgamento do mérito. Segundo Franco, só concedem liminar em casos de ofensa mais grave. Os advogados das candidaturas admitem que os partidos driblam a proibição de uma peça com outra. Cogitam até avaliação jurídica antes de o material ir ao ar para prevenir ação adversária. Leal disse que, se preciso, vai alongar as sessões para zerar as ações até o 1º turno.
Lula não vai pedir votos em Alagoas
O presidente do diretório regional do PT em Maceió, deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, disse ontem que o candidato do partido à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não fará campanha no estado. 'A prioridade são os que têm mais densidade eleitoral, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais', justificou. Paulão negou que Lula esteja fugindo de Alagoas para evitar envolvimento com as brigas internas do partido, agravadas pelo fato de uma ala não ter aceitado a coligação com o PL. Com o objetivo de aparar as arestas ainda existentes entre os dois partidos, o senador José Alencar, candidato à vice-presidência na chapa de Lula, passou o domingo fazendo campanha em Maceió. 'As diferenças devem ficar de lado', disse.
Partidos integram a votação paralela
O desembargador Danúbio Edon Franco, que preside a Comissão de Apoio à Votação Paralela, disse ontem a representantes de partidos que deverão verificar no dia 6 de outubro a confiabilidade das urnas eletrônicas. Previsto em lei, o método será aplicado em duas urnas por estado. Na véspera da eleição, ocorrerá o sorteio das que serão retiradas, substituídas em suas zonas de origem, e levadas para o Tribunal Regional Eleitoral, onde haverá a votação, s imultânea à verdadeira. A cota de cédulas de cada partido será entregue na véspera. Haverá a digitação dos votos em papel e todo o procedimento será filmado.
Rita acha que Lula não ficaria no cargo
Rita Camata, candidata à vice-presidência na chapa de José Serra, afirmou ontem, em Maceió, que Luiz Inácio Lula da Silva, se eleito, não passará dos oito meses de governo. Segundo ela, Lula não cumprirá o mandato e os empresários irão deixar o país se chegar à Presidência. A declaração foi feita em encontro reservado com lideranças do PSDB de Alagoas. A candidata também participou de seminário sobre a presença da mulher na política.
Sucessor poderá viajar com FHC para o exterior
O presidente Fernando Henrique Cardoso poderá convidar seu sucessor para acompanhá-lo em viagens internacionais. A informação foi confirmada ontem pelo seu porta-voz, Alexandre Parola, que disse que, 'se for julgado de proveito e o presidente eleito esteja de acordo, não haveria razão para que isso não ocorresse'. As viagens de Fernando Henrique previstas para depois das eleições são giro pela Europa e participação na Cumbre Ibero-Americana, em Santo Domingo.
Artigos
A célula benigna
Túlio de Oliveira Martins
A mais terrível e freqüente das doenças degenerativas do ser humano é o câncer. Ensinam os médicos que as células entram em processo de alteração e reprodução desordenadas a partir de uma, maligna. O evocativo da doença ou da ferida (chaga, dor, ferimento, nervo exposto) se incorporou de forma intensa a nosso modo de falar, já que amparado em metáforas poderosas e de fácil compreensão. Contudo, o reverso não ocorre, se muito falamos da célula maligna, que dá início a um processo de destruição, esquecemo-nos da célula benigna, que restaura e constrói. Ao longo das próximas semanas teremos a rara chance de optar entre uma das duas, votando de forma lúcida e ponderada.
O tecido político se constrói e reconstrói tal como o corpo humano, e nossa participação singular atinge uma dimensão que, às vezes, não percebemos com clareza. Aliás, todas as campanhas oficiais da Justiça Eleitoral, feitas com muita competência, mostram exatamente o valor social deste instante, do momento de votar e ser votado. Frente à urna eletrônica, são idênticos os poderes do governante e do governado, do presidente da República e do adolescente, do governador do Estado e da professora, do senador e do motorista. Então, e somente então, a verdade absoluta se instala e a vontade popular emerge cristalina ao final de um processo em que fomos agentes efetivos.
Dos milhões de votos que teremos neste Brasil gigantesco, importa mesmo um, que é fundamental: o seu. E acredite, amigo, em todos os partidos, ideologias, correntes de pensamento, alianças, frentes, coligações, existe uma nominata de políticos que buscam a eleição e na qual você encontrará com certeza pessoas honestas, competentes e merecedoras de sua confiança. É somente assim, sendo a célula benigna, sem ilusões ou desistências, que veremos o Brasil escrever seu próprio destino e determinar seu rumo. Afinal, nenhum vento é favorável para quem não sabe para onde navega.
Colunistas
PANORAMA POLÍTICO - A. Burd
SEM LENTES COR-DE-ROSA
Luiz Inácio Lula da Silva se adianta dizendo que 'ninguém deve esperar milagres no primeiro ano', num eventual governo seu. Osiris Lopes Filho, que foi secretário da Receita Federal e rompeu com o presidente Fernando Henrique Cardoso, vai adiante. Em artigo publicado ontem pela Tribuna da Imprensa, do Rio, afirma: 'Uma das dificuldades que o futuro governo federal enfrentará é o agravamento da escassez de recursos para atender aos seus compromissos. A pressão tributária, vale dizer, o peso dos tributos alcançou o limite superior de tolerabilidade dos contribuintes. Estimativas estão prevendo que nossa carga tributária global chegará aos 36% do Produto Interno Bruto'. Osiris conhece como poucos e não costuma ser alarmista.
EM BUSCA
Aberta temporada de caça a deputados do PDT. Dirigentes de outras coligações sonham com apoio de dois inconformados com os rumos desde que José Fortunati abandonou a disputa ao governo.
NO CONTRAPÉ
O comando estadual do PDT reuniu-se ontem para tratar das fugas para outras candidaturas. A Comissão de Ética está a postos, mas Brizola anda envolvido com sua campanha ao Senado pelo Rio.
BAIXA O NÍVEL
1) Oportuna a manifestação do presidente do TRE, desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, na página 2 desta edição, ao condenar o baixo nível da campanha ao governo do Estado. Está mais para arena romana. 2) Carlos de Oliveira e Silva tem 24 anos e concorre a deputado federal pelo Paraná. Seria mais um se não tivesse esta identificação: é filho do presidente nacional do PT, José Dirceu. Aí muda de figura.
IMAGINAÇÃO VOA
Há cinco centros e institutos de pesquisa fazendo e publicando levantamentos registrados no TRE sobre tendências do eleitorado para o governo do Estado. Correm, porém, no mínimo mais de cinco resultados diários que nada têm com a realidade. Fazem apenas com que os boatos circulem e permitam a candidatos e assessores darem asas à imaginação. Nada mais do que isso.
PREVISÃO
Antônio Hohlfeldt, candidato a vice-governador, revela-se especialista em números. Ontem, entusiasmado na caminhada pela Rua dos Andradas, anunciou a plenos pulmões: 'No dia 27 o 15 alcança o 23'.
DEFESA DO ELEITOR
Não está na hora de ser redigido um código de defesa do eleitor? Um artigo poderia prever: satisfação com o mandato ou o voto de volta.
NINHO NERVOSO
Quem acompanha sessões plenárias na Câmara Municipal, há mais de 20 anos, já viu fortes ataques entre integrantes de partidos diferentes. Nenhum igual ao de Paulo Brum contra o deputado Jorge Gobbi, do mesmo partido. Brum ofendeu alegando invasão no seu eleitorado, já que os dois concorrem à Assembléia. Coisa muito feia. Gobbi pediu imediatamente que Brum seja submetido à Comissão de Ética.
FOGUETEIROS
Difícil no PT está sendo conter os que querem invadir o depósito de foguetes para fazer alguns testes. O comando da campanha se mune de paciência toda vez que os apressadinhos falam em vitória imediata.
DESAUTORIZADO
Esta coluna não autoriza o uso de suas notas em propaganda eleitoral. Foi lastimável o ocorrido ontem.
APARTES
Para desfazer imagem de machista, Ciro pede que todas as mulheres de sua família entrem na campanha.
Anda assim: notícias de política invadem as páginas de economia.
Jornal The Independent on Sunday anuncia: ex-ministra Tatcher visitará ilhas Malvinas em novembro. Só a Argentina acha que é provocação.
Últimos cartuchos: candidatos queimam pneus pelas estradas.
Cada vez mais violenta briga entre Garotinho e Benedita. Até pouco tempo atiravam beijos um para o outro.
Em meio ao recesso branco, tramita projeto para criar o senador vitalício. Gostam de uma mordomia...
Memória das Eleições, às 10h57min, 16h27min e 23h57min, segundas a sextas, na Rádio Guaíba.
Deu no jornal: 'Lula e FHC conversam sobre tom da campanha eleitoral'. Que anda desafinado.
Outra do jornal: 'Na reta final, os candidatos azeitam a estratégia'. Só tomam cuidado para não escorregar.
Editorial
A LUTA CONTRA O TRÁFICO
O êxito da operação desencadeada pelo governo do estado do Rio de Janeiro para prender Elias Maluco não deve obscurecer o fato de que o referido traficante é apenas um elo numa extensa cadeia que envolve desde o consumidor, o traficante e seus asseclas até, principalmente, grandes figuras que aparecem como cidadãos r espeitáveis aos olhos da sociedade. Recentemente, o general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, declarou que os traficantes reconhecidos como Elias Maluco e Fernandinho Beira-Mar são apenas intermediários no mundo do tráfico, sendo que os verdadeiros beneficiários, os que efetuam a lavagem do dinheiro ilícito, são, no mais das vezes, desconhecidos e permanecem impunes. A eles deve também dirigir-se a repressão estatal.
Não resta a menor dúvida de que o fato de o bandido Elias Maluco, assim como Beira-Mar, ter sido atingido pelo braço comprido da lei é uma vitória de toda a sociedade contra o crime. Sua prisão era questão de honra para a Polícia carioca, que contou com o apoio do governo federal, e serviu de exemplo de que as autoridades merecem a confiança da população, além de desestimular aqueles que tenham optado pela senda do crime. Contudo, há que se ter a preocupação de entender os reais motivos que levam a que haja o crime organizado se fortalecido, de modo a que possamos pensar políticas que possam nos levar a atacar suas causas, agindo preventivamente, para que não sejamos compelidos a mais tarde travar um combate na defensiva contra seus efeitos. Os investimentos sociais precisam ser cada vez mais aplicados na área social, de modo a proporcionar aos nossos jovens saúde, educação, segurança, lazer, trabalho, um norte de vida, enfim.
Todos sabemos que existe uma correlação entre carência social e criminalidade. Com isso, não se quer justificar o crime pela pobreza, até porque a maioria da nossa população, não obstante sua exclusão social, é honrada e honesta. Entretanto, não se pode negar que a falta de oportunidades para todos pode gerar indivíduos desajustados perante uma sociedade de consumo, prontos a obter por qualquer meio aquilo que lhes parece necessário. Assim, lutar contra o tráfico exige um Estado de bem-estar social, de modo a evitar que se reproduza um sistema que gera traficantes cooptando adolescentes despreparados.
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09/24/2002
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