Roberto Amaral quer maior investimento privado em ciência e tecnologia



A pequena participação da iniciativa privada nos investimentos nacionais em pesquisa tecnológica foi um dos temas abordados pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, em audiência pública na Comissão de Educação (CE) nesta terça-feira (3). O ministro apresentou dados que indicam uma forte predominância estatal nos investimentos do setor, além da dificuldade da iniciativa privada em absorver a mão-de-obra oriunda das universidades.

- Precisamos trazer a empresa privada para o investimento em ciência e tecnologia. No Brasil, 80 % dos investimentos derivam só do estado. Nos Estados Unidos, por exemplo, entre 80% e 87% das pesquisas são feitas nas empresas. A indústria privada absorve menos de 10 % dos doutores que formamos. Precisamos aumentar a produção de cientistas, mas o mercado precisa absorvê-los - lamentou.

O ministro anunciou dois programas que começam a ser implementados pelo governo. O primeiro pretende estimular a universidade a agregar valor aos principais itens da pauta de exportações brasileira. A idéia é que os insumos que agregariam valor aos produtos nacionais sejam produzidos no país, a partir de tecnologia nacional.

O outro programa destina-se a localizar avanços tecnológicos já conseguidos em todo o país e que estão inviabilizados por falta de condições de produtividade. A intenção é a de transformá-los em projetos econômicos e introduzi-los no processo econômico.

- Pretendemos incentivar a criação de mil pequenas empresas de base tecnológica - anunciou o ministro.

Mudanças

Roberto Amaral apresentou também as principais mudanças que pretende ver efetivadas até final do atual governo. A primeira, afirmou, diz respeito à definição da função da ciência e tecnologia para o desenvolvimento do país. A partir daí, será possível promover, nas palavras do ministro, um salto da exclusão para a inclusão tecnológica e da concentração para a desconcentração.

- Um grupo pequeno da população tem acesso ao ensino de primeira qualidade, aos benefícios da ciência e tecnologia decorrentes dos investimentos públicos e à Internet, enquanto a grande maioria não tem acesso a informação, o que hoje é um dos mais importantes direitos civis. Nós queremos fazer a descentralização para que os investimentos estejam à disposição, pelo menos do ponto de vista teórico, aos jovens do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas também do Norte, do Nordeste e do Centro Oeste - disse o ministro, acrescentando que é intenção do governo criar pólos de excelência em pesquisa nestas regiões.




03/06/2003

Agência Senado


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